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O presidente em exercício da CPI do Apagão Aéreo na Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse, nesta quinta-feira (9), que a análise feita pelo vice-presidente de Segurança de Vôo da Airbus, Yannick Malinge, sobre o acidente do vôo 3054 da TAM, apresenta "contradições".

Segundo Cunha, não é possível aceitar as conclusões trazidas pelo representante da Airbus, que presta depoimento neste momento na CPI da Câmara. "Eu não consigo aceitar todas as argumentações dele que isentem a possibilidade de falha de equipamento. Acho que é muito prematuro dizer que não houve falha de equipamento, assim como é prematuro dizer que não houve falha humana. É uma contradição. Querer isentar o equipamento e pedir para esperar o fim da investigação", avaliou ele.

Segundo o presidente em exercício da CPI, somente os dados das caixas-pretas poderão dizer que tipo de investigação precisará ser feita. "O Cenipa [órgão da Aeronáutica responsável pelo relatório do acidente do avião da TAM e pela segurança de vôo] praticamente não colabora e não irá colaborar. Eles mesmos nos sugeriram colocar um especialista e vamos fazer isso. Em função desse especialista, a CPI vai se pronunciar", disse ele.

Cunha avaliou ainda que há informações de que um dos manetes do avião da TAM teria continuado em posição de movimento, mas avaliou que esse dado também não permite tirar conclusões. "Isso não quer dizer que um manete tenha sido acionado e o outro não. Se o computador falhou na leitura, é uma coisa que esses dados não podem permitir que se conclua", disse.

Semelhanças com Taiwan e Filipinas

Anteriormente, no mesmo depoimento na Câmara, Malinge, da Airbus, havia confirmado que outros dois acidentes com aeronaves da empresa, um registrado nas Filipinas em 1998, e outro em Taiwan em 2004, apresentaram as mesmas características do vôo 3054 da TAM, que falhou ao pousar em Congonhas no dia 17 de julho, matando 199 pessoas.

"Nos dois acidentes [Taiwan e Filipinas], o reverso estava inibido e o manete estava em posição 'climb' [aceleração]. Nós difundimos essa informação", disse ele. Acrescentou que, após o acidente de Taiwan, chegou e enviar um comunicado relembrando a todos que a posição do manete deveria ficar em "idle" [ponto morto].

Ele não quis emitir opinião, porém, sobre a possibilidade de haver um elo de ligação entre os três acidentes. "Quanto a deduzir o que aconteceu [no vôo da TAM], eu gostaria de ficar em posição prudente e aguardar o fim das investigações. A responsabilidade é do Cenipa [órgão da Aeronáutica que investiga o acidente] em chegar à essa conclusão", disse Malinge.

O representante da Airbus disse ainda que o problema de "gestão de manetes" não é unicamente de aviões fabricados pela empresa. "Houve outros eventos similares com outros construtores. A autoridade de certificação deve refletir sobre esse assunto que afeta toda a indústria aeronáutica, e não só a Airbus", concluiu.

Airbus nega pane

Ao mesmo tempo em que atestou as semelhanças com outros acidentes, o representante da Airbus afirmou que o avião Airbus 320 da TAM estava funcionando normalmente e não apresentava pane mecânica ou falha no computador de bordo.

"Os freios manuais foram utilizados. Não houve funcionamento anormal dos freios", disse ele. Entretanto, acrescentou que o manete do motor 2 do Airbus 320, do vôo 3054 da TAM, estava acionado para aceleração. Isso impossibilitou, segundo ele, que os "spoilers" (equipamento que fica em cima das asas e que ajuda na frenagem) fossem acionados.

"O avião funcionou nomalmente. Os 'spoilers' têm objetivo de ajudar na desaceleração enquanto o avião está rolando na pista. Mas há limites ao seu funcionamento. É preciso evitar que eles funcionem de modo intempestivo ou indesejado quando, por exemplo, o avião ainda está em vôo. Isso poderia gerar consequências dramáticas. Por isso, usamos a posição dos manetes para ver se os 'spoilers' vão ou não sair", explicou.

Interpelado por deputados, Malinge afirmou ainda que a análise inicial das gravações do acidente do vôo 3054 "conforta" a equipe da Airbus."Pois não vimos nenhuma pane mecânica, ou falha do computador de bordo. Existe um certo número de parâmetros gravados e que apresentam uma boa coerência de sistemas. o regime do sistema estava de acordo com a posição do manete. Então, podemos excluir uma pane mecânica. Hoje, não vemos nenhuma pane", disse.

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