A entrega do projeto de iniciativa popular contra a candidatura dos fichas-sujas ocorre em um momento em que a Câmara dos Deputados tem se dedicado a aprovar temas ligados a interesses econômicos setoriais. Nas últimas semanas, a Casa aprovou duas propostas polêmicas: uma sobre bingos (na Comissão de Constituição e Justiça), e outra sobre a criação de mais vagas para vereadores. Ambas envolvem grupos de pressão que atuaram por meses no trabalho de corpo a corpo com os parlamentares.
"A Câmara passa por um fenômeno estranho só leva à votação o que é consenso, mas nem sempre esse consenso representa o que a maioria da população brasileira pensa", diz o diretor da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco. Segundo ele, a votação que criou mais 7,2 mil vagas de vereadores em todo o país é o principal exemplo disso. "Todas as pesquisas mostram que o cidadão era radicalmente contra, mas só 29 deputados (entre 513) rejeitaram a PEC (proposta de emenda constitucional)."
Mobilização
O secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Carlos Moura, garante que a mobilização a favor do projeto contra os fichas-sujas não vai diminuir. "Temos mais de uma centena de comitês espalhados pelo país; é algo que não tem mais volta", afirma Moura. Segundo ele, no entanto, a maior vitória foi ter conseguido envolver a população com o tema ao longo da coleta de 1,3 milhão de assinaturas. "Agora é só dar sequência."
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