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O processo sobre o mensalão tucano -- também chamado de mensalão mineiro e valerioduto tucano -- que abriga a maioria dos políticos e publicitários envolvidos deverá se arrastar por todo o ano de 2014 na Justiça de Minas com depoimentos de testemunhas e dos dez réus acusados. Somente em 2015 o processo poderá ter chances de ser julgado, afirma o promotor João Medeiros, do Ministério Público de Minas Gerais. Ainda precisam ser ouvidas de 25 a 30 testemunhas de quatro réus.

Além desse processo, outros dois tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) e não têm data para serem julgados. São os processos dos dois únicos políticos com foro privilegiado: o deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e o senador Clésio Andrade (PMDB-MG).

O crime ocorreu em 1998 e somente nesta semana foi condenado pela Justiça Federal em Minas um ex-diretor do Banco Rural, instituição recentemente liquidada pelo Banco Central e supostamente envolvida no esquema de desvio de R$ 3,5 milhões de empresas públicas.

O dinheiro teria ido para a campanha eleitoral do PSDB em Minas, segundo a acusação da Procuradoria-Geral da República. O candidato a governador era Azeredo, que tentava se reeleger. Clésio era o candidato a vice.

A demora no julgamento beneficiou o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia. Por ter completado 70 anos no ano passado, os crimes, que ele nega ter praticado, prescreveram para ele. Na ocasião, Mares Guia era vice-governador.

O esquema teve como operador o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. O esquema montado para o PSDB-MG em 1998, segundo a Justiça, foi o embrião do que ele organizou para o PT cinco anos depois.Nos dois esquemas, as agências publicitárias de Valério foram usadas como forma de tentar esconder os recursos desviados, conforme as investigações. Todos os réus negam participação.

Outro lado

Advogado dos denunciados do Banco Rural, Maurício Campos disse à reportagem hoje que somente uma das 24 pessoas inicialmente denunciadas da instituição foi condenada. Nélio Brant Magalhães foi condenado a nove anos e nove meses de reclusão.

Os outros foram absolvidos ou tiveram os processos extintos. Dois foram denunciados após já mortos. "O entendimento [da defesa] é que a solução para o Nélio é a mesma dos demais. Ele deve ser absolvido. Por isso vamos recorrer dessa decisão", disse.

Magalhães foi condenado por gestão temerária e gestão fraudulenta de instituição financeira. Na época dos empréstimos financeiros, segundo a denúncia, ele comandava o setor. "Embora ele fosse diretor à época, o processo evidencia que ele não participou diretamente nem do crédito e muito menos da liquidação do crédito à agência DNA. Toda prova é no sentido oposto, ele não participou disso. Estava na denúncia, inclusive, o José Augusto Dumont, que era quem conduzia esses temas na época", afirmou.

Dumont, que foi diretor do banco, já morreu. No mensalão do PT, a defesa dos dirigentes do Rural também alegou que o diretor morto era a pessoa da instituição responsável pelos contatos políticos do banco. Isso agora se repete.

No STF, contudo, a então presidente do Rural, Kátia Rabello, e dois diretores também foram condenados a cumprir pena em regime fechado.

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