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Evandro Roman: repasses vão direto para escolas | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Evandro Roman: repasses vão direto para escolas| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

No Paraná, o programa Se­­gundo Tempo tem problemas de outra ordem: embora não haja denúncias de desvio de dinheiro, há demora para que os alunos sejam atendidos. Desde o início do ano, a atual gestão da Secretaria de Estado do Esporte paralisou o projeto. E embora o relançamento oficial tenha sido feito em agosto, ainda não há previsão de quando a operação do programa voltará ao normal.

O secretário Evandro Roman afirma que a decisão de paralisar o programa foi tomada para "botar a casa em ordem". "Só havia prestação de contas para o Ministério do Esporte dos últimos seis meses de atividade. Queríamos primeiro regularizar isso", alega. O próprio Roman, porém, afirma que não há qualquer suspeita de irregularidade ou denúncia contra a gestão anterior do programa.

De acordo com o secretário, desde agosto está tudo pronto para que o programa volte a funcionar. O site do governo federal, inclusive, informa que já foram repassados R$ 4,7 milhões para a secretaria. Por isso, o relançamento foi feito em agosto com direito à presença de Roman e do vice-governador Flávio Arns (PSDB). No entanto, uma troca de equipe no ministério estaria atrapalhando a retomada.

Roman diz não saber uma data para que o programa, que oferece alimentação e contraturno escolar em 208 escolas do estado, volte a operar. No entanto, como o ano letivo está próximo do fim, existe a possibilidade de a regularização ocorrer apenas em 2012.

Quando voltar a funcionar, o programa atenderá uma quantidade menor de crianças. Até o ano passado, eram atendidas 200 alunos por colégio, num total de 41,6 mil beneficiados. Agora, a previsão é de 100 estudantes por colégio, com 20,8 mil alunos sendo atendidos. A ideia, segundo Roman, é poder atender melhor os alunos e manter mais controle sobre o programa.

Gestor do Segundo Tempo durante a maior parte do governo Roberto Requião (PMDB), Ricardo Gomyde (PCdoB), atualmente integrante da Secretaria Nacional do Futebol, no Ministério do Esporte, nega que houvesse qualquer motivo para interrupção das atividades. "Nosso trabalho nunca foi contestado", afirma.

Governo estadual evita contratar ONGs

Os gestores do programa Segundo Tempo no Paraná concordam que o governo estadual acertou ao não contratar organizações não governamentais para participar da operação do projeto. Aqui, o programa é feito por meio do repasse direto de verba do governo para escolas estaduais, sem a necessidade de intermediários.

"Acredito que o nosso sistema é modelo", afirma Ricardo Gomyde (PCdoB), que foi presidente da Paraná Esporte no governo de Roberto Requião (PMDB). "A fiscalização do Estado é feita por várias instituições, é mais fácil de ter controle. Acho que o ideal para esse programa é usar a quadra da própria escola pública", diz.

Secretário do Esporte desde o início da gestão de Beto Richa (PSDB), Evandro Roman diz que o governo continua sem intenção de contratar ONGs. Segundo ele, o modelo de repasses feitos diretamente para as escolas públicas deve ser mantido no atual governo.

Para o professor de Ciência Política Ricardo Costa de Oliveira, da UFPR, enquanto o poder público continuar repassando dinheiro para ONGs continuarão aparecendo denúncias de desvios de recursos. Não que as entidades sejam piores que instituições governamentais, mas porque a fiscalização sobre elas é menor.

Segundo o professor, quando o terceiro setor surgiu com mais força no país, houve uma mitificação, afirmando que as ONGs eram uma solução ideal para vários problemas do Estado: além de ser mais flexíveis, teriam imunidade maior à corrupção. "Com o tempo, esse mito foi caindo. Viu-se que elas podem apresentar os mesmos problemas que o Estado", diz.

Isso explicaria, em parte, o grande número de problemas ligados a ONGs no país em tempos recentes. Neste ano, por exemplo, a troca do ministro do Turismo, Pedro Novais, teve relação direta com o repasse de verbas para ONGs. Prefeituras como a de Londrina e a de Curitiba também tiveram denúncias ligadas a ONGs.

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