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Passeata em 8 de junho de 2010: mais de 30 mil pessoas nas ruas de Curitiba pedem ética na política | Antonio More/Gazeta do Povo
Passeata em 8 de junho de 2010: mais de 30 mil pessoas nas ruas de Curitiba pedem ética na política| Foto: Antonio More/Gazeta do Povo

Balanço

Um ano depois, veja como ficou a situação da Assembleia Legislativa:

O que aconteceu:

• A Lei da Transparência foi aprovada.

• Diretores e deputados foram acusados pelo Ministério Público.

• A nova Mesa Executiva da Assembleia tomou medidas moralizadoras, como a revisão de contratos.

• A contenção de gastos permitiu à nova gestão devolver R$ 10 milhões aos cofres públicos após três meses.

O que ainda falta acontecer:

• Revisão da estrutura de cargos da Assembleia.

• Mudança no mandato dos diretores-gerais da Casa.

• Devolução do dinheiro desviado da Assembleia aos cofres públicos.

• Proibição de cargos comissionados na estrutura administrativa da casa.

Situação era "insustentável"

Os avanços por que a Assembleia Legislativa do Paraná vem passando são fruto de um reconhecimento, por parte da classe política do estado, de que a situação anterior era insustentável. Essa é a opinião do cientista político Emerson Cervi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Para ele, embora sejam importantes, as mudanças feitas pela nova administração não são transformações de grande porte.

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Um ano depois de terem saído às ruas em várias cidades do estado, os paranaenses já podem ver mudanças na política local, embora ainda haja problemas importantes a ser resolvidos. De acordo com pessoas envolvidas no movimento ?O Paraná que Queremos?, que culminou com os protestos realizados em 8 de junho do ano passado, há pelo menos um avanço concreto obtido: a Lei da Transparência. Outros pontos, porém, como a mudança de rumos na gestão do Legislativo estadual, também são vistos como relevantes. VÍDEO: Veja comentário sobre o assunto O movimento cívico, que pedia mais ética na política paranaense, surgiu como reação às denúncias envolvendo a Assembleia Legis­­lativa do Paraná. A série de reportagens Diários Secretos, da Gazeta do Povo e da RPC TV, mostrou que o Legislativo mantinha práticas ilícitas como a contratação de funcionários fantasmas, o pagamento de supersalários e o desvio de dinheiro público. A adesão ao movimento foi inédita: mais de 600 entidades, 1,5 mil empresas e 90 mil pessoas aderiram formalmente ao manifesto. Dos cinco pontos concretos exigidos pelo movimento, apenas um já foi atendido. A Lei de Transparência estadual, sancionada em outubro passado, prevê que os gastos de todos os órgãos públicos paranaenses precisam ser publicados no Diário Oficial do governo do estado (acabando com a possibilidade de diários secretos do Legislativo, por exemplo), além da exibição dos dados em portais na internet. ?Isso permite que o cidadão tenha contato direto com os gastos do poder público?, comenta o presidente da seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), José Lúcio Glomb. Além disso, uma lei similar, válida para os municípios paranaenses, também foi aprovada na Assembleia e aguarda sanção do governador. Outro fato positivo foi a atuação do Ministério Público (MP), que denunciou o ex-diretor-geral da Casa Abib Miguel, o Bibinho, por formação de quadrilha, peculato (desvio de dinheiro público por funcionários públicos), lavagem de dinheiro e falsificação de documentos, com outros seis funcionários. Bibinho também foi indiciado por improbidade administrativa, com três deputados estaduais (Nelson Justus, Alexandre Curi e Nereu Moura) e dois ex-deputados (Hermas Brandão e Geraldo Cartário), além de outras cinco pessoas. Apesar disso, muitas das reivindicações ainda não foram cumpridas. O movimento pedia a contratação de uma empresa para reformular a estrutura dos cargos, o que não aconteceu. O fim da reeleição da Mesa Exe­­cutiva, assim como a criação de uma norma para preenchimento de cargos administrativos por meio de concurso, também nunca foi discutida. A quinta exigência do movimento também não foi atendida: os deputados que dirigiam a Casa foram mantidos em seus postos até o fim do mandato, apesar do pedido para que fossem afastados. Entretanto, o presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Edson Ramon, avalia que a nova direção da Casa está no caminho certo. ?A nova direção dá passos na direção de atender à demanda da sociedade por transparência. São passos lentos, mas muito importantes?, comenta. Glomb também acredita que a Assembleia passa por um processo de mudança. ?Houve uma mudança no perfil da gestão, atacando equívocos da administração passada?, afirma. Mobilização Em 8 de junho de 2010, milhares de pessoas em Curitiba e em 12 outras cidades do Paraná tomaram as ruas para se manifestar contra a corrupção na As­­sem­­bleia. Para Glomb, em toda a história do Paraná, os únicos eventos comparáveis aos protestos do ano passado foram o movimento Diretas Já, em 1984, e os protestos pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. ?Isso é uma expressão da força e do inconformismo do curitibano com a corrupção na Assembleia?, comenta. Interatividade As mudanças feitas na Assembleia até o momento são suficientes? O que ainda falta fazer? Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor

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