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“Se algum partido aceitar ele (Carli Filho), eu vou sair às ruas em protesto.”Cristiane Yared, mãe de Gilmar Rafael Yared | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
“Se algum partido aceitar ele (Carli Filho), eu vou sair às ruas em protesto.”Cristiane Yared, mãe de Gilmar Rafael Yared| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

O retorno de Fernando Ribas Carli Filho ao cenário político, cogitado pelo pai dele, Fernando Ribas Carli – prefeito de Guarapuava –, em entrevista na terça-feira, deve se complicar nos próximos dias. O presidente estadual do PSB, Severino Araújo, afirmou ontem que vai assinar na semana que vem o documento com a expulsão formal do ex-deputado, apontado como o responsável por um acidente de trânsito que matou Gilmar Rafael Yared, 26 anos, e Carlos Murilo de Andrade, 20, no dia 7 de maio. Carli estaria em alta velocidade e dirigindo embriagado, além de estar com a habilitação suspensa.

Araújo confirma que Fernando Ribas Carli Filho pediu sua desfiliação do PSB, legenda pela qual foi eleito deputado estadual em 2007, no dia 29 de maio. O documento foi enviado ao diretório municipal do partido em Guarapuava, na região central do estado, onde ele estava inscrito. O presidente do partido, no entanto, afirma que o fax mandado não tinha nada que comprovasse a autenticidade do texto. O processo de expulsão do partido prosseguiu, segundo Araújo.

Depois do recebimento desse texto, Araújo diz ter mandado nova notificação sobre o processo de expulsão, dando a oportunidade de Carli argumentar por mais alguns dias. O prazo para ele se manifestar ao Conselho de Ética do partido expirou no dia 19 deste mês. "Só não assino hoje (ontem) porque estou em viagem. Ele está expulso", afirmou. O site pessoal de Carli ainda exibia a logomarca do PSB na noite de ontem.

No mesmo dia em que pediu para sair do PSB, Carli renunciou ao cargo de deputado para evitar o processo de cassação, o que poderia impedi-lo de se candidatar por algum tempo. Foi a primeira renúncia de um parlamentar na história da Assembleia Legislativa do Paraná.

Declaração

A declaração do pai de Carli sobre a possibilidade do ex-deputado voltar ao cenário político, durante uma entrevista coletiva dada na terça-feira, irritou a família de Gilmar Rafael Yared. Os familiares prometeram fazer um campanha contra a volta de Carli à política, caso ela realmente se concretize.

O advogado Elias Mattar Assad, que representa a família, convocou uma entrevista ontem para comentar as declarações do pai do ex-parlamentar. Um dos pedidos, feitos pelos pais de Gilmar, é que nenhum partido aceite a filiação de Carli Filho, impedindo dessa forma que ele dispute eleições no futuro. "Se algum partido aceitar ele, eu vou sair as ruas em protesto", disse Cristiane Yared, mãe de Gilmar.

A família Yared também repudiou o fato de Fernando Ribas Carli ter definido o caso como "apenas um acidente". O advogado reforçou a tese de que as fitas do posto de combustíveis que registraram a colisão teriam sido adulteradas. Na entrevista, o prefeito negou que possa ter havido adulteração. "Essa é um prova pericial, não é minha. Ele vai ter que discutir isso com o perito", afirmou o advogado.

O acidente

O acidente envolvendo Carli ocorreu na madrugada de 7 de maio. O deputado dirigia um Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit. Após a colisão, os carros foram parar em uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi, no bairro Mossunguê, em Curitiba. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros. Os dois ocupantes do Honda, morreram no local.

O acidente ganhou repercussão nacional após a Gazeta do Povo revelar que Carli Filho tinha 130 pontos na carteira de habilitação e do exame do Instituto Médico-Legal informar que ele conduzia o veículo em estado de embriaguez.

O carro de Fernando Ribas Carli Filho "decolou" pelo menos dez metros antes de se chocar com o carro de Gilmar Rafael Yared. A conclusão é dos peritos que fizeram, na segunda-feira, as medições no local, durante a reconstituição do acidente que deixou dois jovens mortos. O trabalho foi feito durante duas horas e meia e envolveu cerca de 50 policiais, entre militares, civis e técnicos.

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