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Serra, Alckmin e Aécio: protagonistas de momentos de tensão inéditos dentro do PSDB | Maurício Lima/AFP
Serra, Alckmin e Aécio: protagonistas de momentos de tensão inéditos dentro do PSDB| Foto: Maurício Lima/AFP
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Entrevista

Senador Alvaro Dias, líder do PSDB no Senado e único paranaense na Executiva Nacional do partido

De que forma o racha que existe hoje no partido pode influenciar na candidatura presidencial de 2014?

Não se pode admitir que transformem o partido em propriedade de alguém, numa divisão entre duas correntes, porque seria menosprezar as demais lideranças. Minha expectativa é que, até o momento da convenção, ocorra um consenso em relação à ocupação das posições na estrutura administrativa da legenda. Mas divergências devem ser consideradas normais, afinal um partido político é espaço para isso. Se bem administradas, essas divergências podem revitalizar o PSDB.

Em que sentido?

No sentido de que busquemos uma organização de maneira mais eficiente, definindo especialmente o modelo de escolha para a candidatura a presidente da República. Assim, não haverá relação exclusiva com os nomes em disputa. Além de promovermos a valorização da militância do partido como partícipe do processo de escolha. Isso estimulará a todos a trabalharem a organização partidária.

O senhor concorda que o PSDB está sem um projeto alternativo ao país hoje, sem um discurso consolidado?

Não. Na verdade, está faltando gente com mandato para discursar. Discurso há até demais, que nos é fornecido pelo governo, com seus erros e equívocos. Dizem que o PSDB não tem propostas, mas se esquecem de dizer que praticam nossas propostas no governo, oriundas da gestão tucana na Presidência. Valem-se das nossas propostas e afirmam que não as temos.

Mas a falta de tucanos com mandato não é uma prova de que falta um discurso sólido ao PSDB, que convença o eleitorado?

Esse é um fenômeno mundial. Desde os municípios até a União, tornou-se mais confortável viver à sombra do poder. O poder exerce uma atração fatal sobre os políticos, e isso deixou a oposição reduzida. No confronto, acabamos sendo poucos e temos dificuldade em fazer um volume que chegue à população, já que o governo usa uma máquina monumental de publicidade.

O senhor acha que o PSDB demorou a aprender como se faz oposição?

Não. Fomos aguerridos, presentes e veementes nos oito anos de governo Lula. Mas nossa falha fatal foi deixar passar batido o mensalão, sem pedir o impeachment do presidente Lula.

Sem projeto, partido está em situação "desanimadora"

Claramente rachado internamente, sem um discurso sólido e sem um projeto alternativo de país capaz de atrair o eleitorado. A situação em que o PSDB nacional chega à sua convenção nacional hoje é desanimadora e preocupante, na visão de especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo. Para eles, os tucanos precisam deixar de se enfrentar como se fossem adversários e definir de maneira clara seu território de atuação. Eleitores para esse reerguimento do partido não são o maior problema, afirmam.

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Desde a sua fundação, em 1988, o PSDB não vive momentos de tanta efervescência interna e é nesse clima de forte tensão entre suas principais lideranças que os tucanos realizam hoje a convenção nacional para reeleger o deputado Sérgio Guerra (PE) presidente da le­­­genda. O senador e ex-governador mineiro Aécio Neves e o ex-governador paulista e candidato derrotado à Presidência por duas ocasiões, José Serra, disputam palmo a palmo a influência que terão no partido até 2014, data da próxima eleição para o Palácio do Planalto.

Para o líder do PSDB no Senado, o paranaense Alvaro Dias, parte dessa disputa interna se explica porque há colegas que querem antecipar a disputa pela indicação do candidato do partido à Presidência em 2014. "Não é bom definir candidatos agora", ponderou. Alvaro é defensor da criação do instrumento das prévias partidárias para definir os candidatos e chegou a apresentar no Senado um projeto que regulamenta as disputas internas dos partidos.

O presidente do PSDB em São Paulo, o deputado estadual Pedro Tobias, considera essa disputa precoce um "suicídio" para o partido. O dirigente é ligado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que já concorreu à Presidência em 2006 e, dependendo do cenário político em 2014, também pode se firmar como alternativa tucana.

Guerra tem a difícil tarefa de montar a Comissão Executiva do partido dando espaços a todos os grupos políticos. Mas a disputa pública das últimas semanas chegou a sair do seu controle e colocou a convenção tucana inclusive sob risco de judicialização, caso Sérgio Guerra não consiga encontrar espaços para atender todos os interessados. Um setor do partido questiona a legalidade da segunda reeleição do deputado no comando da legenda, sob alegação de que há um parecer jurídico e que pode ser usado para interromper a convenção. "Isso não vai acontecer", disse Alvaro.

Na semana passada, Guerra afirmou que não cederia às pressões para escolher membros da Executiva apenas para atender às vontades de grupos do partido. "Nossa chapa jamais vai configurar a colagem de grupos antagônicos. Não serão os grupos que vão formar a nova chapa. Serão as forças do partido e suas bases de maneira que nós possamos ter ao final uma Executiva de total unidade", disse. Guerra quer evitar o fracionamento do partido, algo não muito simples neste momento, justamente por causa das pretensões eleitorais dos principais envolvidos nas negociações.

Serra x Aécio

O mais descontente no partido é Serra, que no começo das negociações não se interessou em comandar o Instituto Teotônio Vilela (ITV), entidade de estudos e formação política do partido, e agora articula para comandá-lo. A articulação é tardia na avaliação dos senadores tucanos, que indicaram o ex-senador cearense Tasso Jereissa­­ti para o posto. Guerra avisa que o instituto "não é órgão político, é órgão técnico".

O que está em jogo?

Entenda melhor a disputa interna do PSDB nacional:

Origem da crise

O ex-presidenciável José Serra rompeu com o atual presidente, Sérgio Guerra, após as eleições, e tentou evitar sua recondução. Sem nome alternativo, os serristas viram a candidatura de Guerra ser encampada por Aécio Neves. Agora, a disputa é pelos outros cargos.

Os grupos

Paulistas e aliados

Embora tenham desavenças históricas, Geraldo Alckmin e Serra estãomomentaneamente jogando juntos neste grupo, que é composto por:

Fernando Henrique Cardoso, Aloysio Nunes Ferreira e Jutahy Júnior

Aecistas

A cúpula atual do PSDB está próxima do projeto presidencial de Aécio:

Veja quem estpa neste grupo: Sérgio Guerra, Tasso Jereissati e Rodrigo de Castro

O que quer cada grupo

Os paulistas desejam a presidência do Instituto

Teotônio Vilella para José Serra e a secretaria-geral para um indicado do grupo.

Sérgio Guerra e Aécio oferecem a 1ª vice-presidência e o Conselho Político para Serra.

Os números da convenção

Filiados: 1,3 milhão

Delegados na convenção: cerca de 600

Vagas no diretório: 213

Quem é quem no partido

Quem ocupa os cargos hoje:

Presidência: Sérgio Guerra (deputado federal, PE)

1ª vice-presidência: Marisa Serrano (senadora, MS)

Secretaria-geral: Rodrigo de Castro (deputado federal, MG)

Vice-presidência executiva: Eduardo Jorge Caldas Pereira (DF)

Secretaria Executiva: Sérgio Silva (assessor ligado a Guerra)

Presidente do ITV: Luís Paulo Veloso Lucas (ex-deputado federal, ES)

Quem deve ser eleito:

Presidência: Sérgio Guerra

1ª vice-presidência: Aloysio Nunes Ferreira (senador, SP)

Secretaria-geral: Rodrigo ­de Castro

Vice-presidência executiva: Eduardo Jorge

Secretaria Executiva: Sérgio Silva

Presidente do ITV: Cúpula quer o ex-senador Tasso Jereissatti (CE); Geraldo Alckmin lançou

José Serra

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