Ex-secretário desafia governo a apresentar provas

O ex-secretário estadual Padre Roque Zimmermann disse que está sendo vítima de uma "campanha sórdida" de adversários políticos e desafia o governo a apresentar provas de irregularidades durante sua gestão na pasta. Em ofício enviado ontem ao governador Roberto Requião (PMDB) e aos deputados estaduais do PT, Padre Roque pediu a criação de uma CPI na Assembléia Legislativa.

Em linguagem cifrada, sem citar nomes, Padre Roque também levanta suspeitas sobre a origem das denúncias contra ele. "Não tenha dúvida, senhor governador, os recursos manejados por esta secretaria, sua capilaridade e acesso à população fazem crescer os olhos de pessoas que se movem por outros interesses, que não o de servir à população, mas servir-se dela. O senhor sabe de quem estamos falando e, como pessoa sempre muito bem informada, sabe do passado e do presente de cada uma delas.

Não estranho o interesse dessas pessoas em afastar, agora, meus antigos colaboradores, para colocar ali gente que possa implementar uma outra prática, em nada diferente daquela que já era implementada antes e que o senhor confiou em mim a mudança", consta no documento.

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O líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa, Élton Welter, está defendendo o afastamento do partido do ex-secretário estadual do Emprego e Promoção Social do Paraná, Padre Roque Zimmermann até que sejam esclarecidas as denúncias de irregularidades envolvendo o petista durante sua gestão na secretaria, de 2003 a 2006. A decisão foi tomada ontem, durante reunião entre os deputados estaduais, o presidente do PT do Paraná, André Vargas e Padre Roque.

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Segundo Welter, como o ex-secretário entrou no governo sem a indicação do partido e por uma escolha pessoal do governador Roberto Requião (PMDB), seria importante o desligamento dele do PT enquanto a investigação estiver em andamento.

Padre Roque adiantou aos deputados que pretende deixar o partido definitivamente por questões pessoais e reafirmou ontem que não considera que cometeu nenhuma irregularidade ao dividir os salários dos funcionários que ocupavam cargos de confiança na secretaria.

O ex-secretário confirmou que parte do dinheiro dos comissionados que ganhavam mais era repassada para quem recebia menos. Ele assegurou que o rateio era feito diretamente entre os comissionados e negou que o dinheiro abastecia um caixa 2 para a campanha eleitoral.

O PT, segundo Élton Welter, defende uma investigação mais detalhada sobre o caso. "O próprio Padre Roque diz que não tem medo e está querendo que apurem tudo", afirmou.

O ex-secretário protocolou ontem um ofício ao governador Roberto Requião, pedindo empenho da bancada do governo para aprovação de uma CPI para apurar denúncias consideradas "infundadas" contra ele. O mesmo pedido foi feito oficialmente à bancada do PT na Assembléia Legislativa.

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Para o presidente do PT, deputado federal André Vargas, o partido não vai tomar nenhuma atitude mais drástica, como a expulsão, porque não se pode condenar previamente o filiado. "Roque fez algo irregular e ilegal, mas disse que ajudava os funcionários e não houve má fe", justificou. "Confiamos que ele vá provar sua inocência no processo porque estamos vendo muita futrica e especulação barata dentro do governo."

Vargas sugere que o governo estenda para todos os órgãos com suspeitas de irregularidades a mesma investigação que está sendo feita no Ceasa, onde há suposto desvio de recursos e formação de caixa dois.

Além da divisão de salários, o Tribunal de Contas do Estado está investigando desde dezembro de 2006 a liberação de R$ 5.122,662,11 milhões que foram repassados aos municípios sem apresentação de certidão liberatória.

Os recursos foram distribuidos através de 436 transferências realizadas entre janeiro a abril de 2005. O parecer foi feito pela tomada de contas extraordinária no processo aberto por determinação do relator, conselheiro Caio Marcio Nogueira Soares.

A medida foi tomada depois que a inspetoria de controle externo do TCE divulgou um relatório apontando irregularidades na liberação do dinheiro. O órgão fiscalizador entendeu que na prestação de contas da Secretaria do Trabalho, referente aos exercícios financeiros de 2005 e 2006, não constam o número dos repasses, a data do pagamento e o nome do ordenador das despesas. O tribunal pediu um novo relatório mais detalhado sobre os pagamentos efetuados pela secretaria.

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