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Cem pessoas morrem por ano vítimas de raios no Brasil. A maior parte dos casos (95%) acontece ao ar livre e um quarto deles envolve moradores de São Paulo, segundo o pesquisador Osmar Pinto Júnior, do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). "São Paulo é o estado mais populoso, por isso, tem mais acidentes", explica.

Alguns desses casos aconteceram em pleno carnaval. Entre os dias 16 e 19 de fevereiro, três pessoas morreram e três ficaram feridas após serem atingidas por raios. Dois índios morreram dentro de casa, quando se protegiam de uma tempestade, em Rondônia. A outra vítima fatal foi uma menina de 11 anos, que estava no quintal de casa, em São Paulo. Também no estado paulista, o pai dessa menina e dois pescadores foram atingidos por descargas elétricas, mas sobreviveram.

O Brasil é o país que concentra o maior número de descargas elétricas no mundo _são 60 milhões por ano. Nesse ranking, os Estados Unidos figuram em segundo lugar (com 30 milhões de raios no mesmo período) e o Sudão, em terceiro. "A incidência das descargas elétricas é maior na região tropical. Como nosso país é o maior nessa área, ele concentra os casos", diz Pinto Júnior.

O Mato Grosso do Sul é o estado que tem maior incidência de descargas elétricas. São 12 raios por quilômetro quadrado por ano. Já a região Nordeste é a que menos registra esses casos. Faíscas 'luminosas'

O pesquisador do Inpe explica que os raios se formam nas nuvens altas. As partículas úmidas que saem do solo nos dias mais quentes (evaporam) se transformam em pequenas pedras de gelo quando atingem uma certa altura. Essas partículas se chocam, ficam eletricamente carregadas e provocam descargas. Cerca de 70% das faíscas resultantes desse choque ficam nas nuvens e formam o clarão que todo mundo está acostumado a ver nos céus. Outras 30% atingem o solo.

A maior parte das descargas elétricas acontece por volta das 16h, logo depois do período que costuma ser o mais quente do dia (entre 13h e 14h).

Apesar da formação dos raios estar relacionada a fenômenos ambientais, a ação do homem pode influenciar no aumento dos casos de descargas elétricas. "Os grandes centros urbanos viram 'ilhas de calor' e provocam alteração no clima", afirma Pinto Júnior.

De acordo com o Centro de Previsão do Tempo e de Estudos Climáticos (Cptec, também do Inpe), nas ilhas de calor, a temperatura aumenta devido à grande quantidade de poluentes na atmosfera e à grande concentração de edifícios, que impedem a chegada da energia solar à superfície.

O Inpe monitora os raios que caem em todo o Brasil por meio de duas redes de sensores instalados no solo. Além disso, o instituto mantém uma parceria com a Nasa para usar imagens de satélite desde 1998. "Combinamos as informações de todos os equipamentos para ter um mapeamento completo do território brasileiro", diz Pinto Júnior.

Levantamento do Elat apontou que o setor elétrico é o que tem mais prejuízo por causa das descargas elétricas no Brasil. São cerca de R$ 600 milhões por ano, em média. As empresas de telecomunicação gastam cerca de R$ 100 milhões anuais com esse problema.

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