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O juiz Gaspar Luiz Mattos de Araújo Filho, da comarca de Campo Largo, não pôde ouvir ontem sete testemunhas de acusação no caso do investigador da Polícia Civil Délcio Augusto Rasera porque o policial não compareceu à audiência. Rasera, que atuava na Casa Civil e se apresentava como assessor do governador Roberto Requião, foi preso no dia 5 de setembro acusado de fazer escultas telefônicas ilegais. A nova data para os depoimentos foi marcada para a próxima quarta-feira pela manhã.

Seriam ouvidas ontem seis vítimas de "grampos" telefônicos e um técnico em telefonia que analisou o procedimento executado por Rasera e faria, ao juiz, esclarecimentos da atuação do policial. Duas testemunhas não compareceram porque o oficial de Justiça não as encontrou para entregar as intimações.

A ausência do policial foi entendida pelos membros da Promotoria de Investigação Criminal (PIC), que apresentou a denúncia à Justiça, uma manobra da defesa de Rasera. Hoje terminaria o prazo para a conclusão do procedimento judicial e com isso, a defesa pode ganhar força no pedido para que ele responda ao processo em liberdade.

O advogado de Rasera, Luiz Fernando Comegno, confirmou que entrará com o pedido. "O prazo de 81 dias chegou ao fim. Vou requerer que meu cliente responda ao processo em liberdade", afirmou Comegno, que também está indiciado no caso.

A Polícia Civil alegou que não levou Rasera ao fórum de Campo Largo porque o investigador está com problemas de saúde. A delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, onde o policial está detido, confirmou que o investigador está com dores renais e diarréia e revelou ainda que ele prestou depoimento, no próprio local, à Corregedoria da Polícia Civil. O advogado dele confirmou a notícia, porém, disse que o assunto não tem relação com o caso dos "grampos telefônicos".

Comegno diz que até agora não teve acesso às provas materiais, gravações telefônicas ilegais para que houvesse uma perícia independente.

Os membros da PIC, responsáveis pela prisão do policial e pelas investigações, não concordam que Rasera pode vir a ser solto a partir de agora. O código penal estipula o prazo de 81 dias para que haja o julgamento final. "Mas essa é uma lei elaborada em 1941 e isso ocorre em processos normais. Esse caso, no entanto, é complexo, devido ao grande número de provas e de testemunhas. E o prazo pode ser prorrogado. Na minha opinião, o policial Rasera não deverá ser solto. Mas essa é uma decisão do juiz", disse o promotor João Milton Salles.

No dia 30 de novembro, os promotores entregam novas gravações que chegaram à PIC. João Milton acredita que o processo chegue ao fim no início de 2007.

A Secretaria Estadual de Segurança Pública foi procurada para comentar o motivo do depoimento de Rasera à Corregedoria da Polícia Civil, mas preferiu não se pronunciar em relação aos assunto. Durante a audiência, quem também esteve presente foi o diretor-presidente da Imprensa Oficial, João Formighieri, acusado de ter solicitado uma das interceptações telefônicas. Ele não seria ouvido, mas foi convocado a estar presente.

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