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Brasília (AE) – Faltando um ano e seis meses para o fim do governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva escalou, para ir com ele até o fim do seu mandato, "um time" que mais parece, de acordo com aliados e oposicionistas, os tradicionais ministérios de final de governo. Em virtude das várias recusas que recebeu ao tentar montar uma nova equipe e da necessidade de abrir mais espaço para partidos aliados, no intuito de tentar garantir sustentatibilidade no Congresso justamente no momento em que enfrenta a sua pior crise política, o presidente Lula acabou se vendo obrigado a ocupar o primeiro escalão com vários secretários-executivos e outros nomes considerados sem muita expressão.

O próprio presidente Lula ajudou a desmerecer o seu "novo" ministério ao reconhecer, em mais um discurso de improviso, na sexta-feira (22), na Refinaria de Duque de Caxias (RJ), a fragilidade de seu novo ministério e o fato de não poder contar com as melhores pessoas para auxiliá-lo. "As melhores pessoas irão concorrer a algum cargo", comentou Lula.

As críticas vieram de todo lado. "A idéia de concorrer é uma desculpa", atacou o ex-petista deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). "Ele diminuiu a importância do PT e fez uma aliança mais estreita com Severino (Cavalcanti, presidente da Câmara dos Deputados e padrinho de Márcio Fortes, novo ministro das Cidades), atraindo para o governo, o partido mais acusado e alvo das denúncias de receber o mensalão", desabafou.

O deputado José Eduardo Cardoso (PT-SP) tentou defender o governo dizendo que escolher secretários-executivos para assumir o primeiro escalão "foi uma decisão correta". Segundo Cardoso, Lula "está buscando um perfil mais técnico, com readequação das forças políticas que lhe darão sustentação, permitindo ao presidente buscar governabilidade".

O também petista Paulo Delgado (MG), no entanto, não concorda com a "tese" do presidente Lula de que o novo ministério ajudará na sustentabilidade. "É uma ilusão achar que vai aumentar sua base de sustentação com este Ministério, porque muitos dos deputados desses partidos não são mais donos do próprio voto, pois poderão ser cassados", desabafou Delgado.

O deputado petista também condena o fato de muitos deixarem o Ministério para saírem em busca de uma eleição. "Se alguém coloca a sua carreira político-eleitoral na frente dos interesses do país, do povo, talvez tenha mandato que não deveria ser renovado", desabafou Delgado.

O senador oposicionista Jefferson Peres (PDT-AM) declarou que "este é um Ministério sem força, sem expressão e, mais ainda, sem sustentação política, um Ministério improvisado pela crise". Para ele, "se, por um lado, teve a vantagem de ‘despetizar’ o governo, as indicações partidárias não asseguram a maioria no Congresso". E, ao nomear secretários-executivos para o primeiro escalão, observou, "parece remendo".

Já o líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), depois de lembrar que "os nomes de valor não se dispõem mais a ingressar em um governo que está ruindo", declarou-se convencido de que o fenômeno do fim de governo tomou conta da administração Lula, chegando à fase do "nomeia-se quem é possível".

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