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Brasília (Folhapress) – O deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), relator da CPI da Compra de Votos, apresentou ontem um relatório de 19 páginas em que aponta o repasse de recursos ilícitos para partidos da base aliada, mas o deputado não concluiu que houve "mensalão". Afirmou, porém, que recursos foram usados para pagamentos de dívidas de campanha, o que configura caixa 2.

O documento de Abi-Ackel, no entanto, corria o risco de não ter validade. Isso porque a CPI teve sua extinção publicada pelo "Diário do Congresso", antes da apresentação do relatório.

Por meio de um acordo, governistas e oposicionistas tentavam até a meia noite de ontem conseguir 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado para prorrogar a comissão por mais 30 dias.

Até às 22 horas, haviam sido recolhidas 130 assinaturas na Câmara. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), chegou a assumir compromisso de que o governo apoiaria a prorrogação da CPI. No entanto, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), líder na Câmara, resistia a aceitar o acordo.

Desde quarta-feira, a oposição tentava convencer o governo a prorrogar a CPI, mas os deputados petistas condicionavam a iniciativa à leitura do relatório de Abi-Ackel.

"Como vou prorrogar uma coisa que não sei que é", disse o deputado Fernando Ferro (PT-PE).

Porém, mesmo depois da leitura do relatório, Chinaglia não aceitava o acordo. O presidente da CPI do Mensalão, senador Amir Lando (PMDB-RO), tentou convencê-lo pessoalmente.

Após o encontro, Lando demonstrou pessimismo. "Se me perguntarem se tenho certeza do que vai acontecer, digo que não. Se perguntarem se estou exultante, digo não. Entrego nas mãos de Deus", disse.

Nas palavras dos próprios integrantes da comissão, o clima era de "velório". "Sinto que nós esamos acompanhando um enterro", disse a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC)". "E todos nós somos os defuntos", completou o senador Amir Lando.

Escalada para buscar as assinaturas para o prorrogação, a deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) fez um desabafo durante a leitura a sessão. "Eu fui humilhada tentando colher assinaturas. Me sinto na posição de jogar a toalha. O PT tem medo", disse.

Os oposicionistas argumentavam que o término deveria ter sido apenas ontem ao avaliar que o prazo de funcionamento da comissão seria válido por 120 dias, a contar 24 horas depois de sua instalação.

A Secretaria-Geral da Mesa do Senado, porém, apontou que o prazo tem de ser contado a partir do dia da instalação. O deputado Raul Jungmann (PPS-PE) ameaçou recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o dia de hoje seja contado como válido.

No relatório apresentado, o deputado Abi-Abckel não listou nenhum congressista como culpado, apesar de apontar o recebimento de recursos ilícitos.

"Não é possível relacionar os parlamentares que perceberam vantagens financeiras ilícitas, em virtude da ausência de provas concretas", diz o texto.

O relator também não configurou a existência do "mensalão" propriamente dito. "Esse recebimento de recursos não caracteriza exatamente o que se denominou mensalão, ou seja, pagamentos mensais, sistemáticos", afirma o texto.

"Mas houve sem dúvida pagamentos de dinheiro em espécie", completa.

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