Antonio Anastasia é o relator do processo do impeachment no Senado.| Foto: Lula Marques/Agência PT

O relator do processo do impeachment no Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG), apresenta nesta terça-feira (2) seu relatório, com mais de 400 páginas, favorável ao impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.

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No parecer, Anastasia afirma que há provas, por ação direta ou omissão, nos crimes de responsabilidade nos dois casos em que é acusada: a abertura de créditos suplementares sem autorização do Congresso Nacional e as pedaladas fiscais, que são operações de crédito realizados com bancos públicos controlados pela União.

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“A gravidade dos fatos constatados não deixa dúvidas quanto à existência não de meras formalidades contábeis, mas de um autêntico atentado à Constituição”, afirma Anastasia no documento.

Para o tucano, os decretos analisados pela comissão especial e assinados por Dilma promoveram alterações na programação orçamentária incompatível com a obtenção da meta de resultado primário vigente à época. Para Anastasia, Dilma tinha “plena consciência” de que a meta de resultado não seria cumprida, “o que revela conduta irresponsável”.

Em relação às pedaladas, o relator diz que a omissão da presidente permitiu o financiamento de despesas primárias pelo Banco do Brasil por meio de operação de crédito, o que proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. De acordo com o relatório, o comportamento foi deliberado já que, para ele, os passivos do Tesouro Nacional com os bancos públicos impossíveis de serem saldados sem a participação direta de Dilma.

No início da reunião, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) pediu que a comissão pudesse marcar uma data para que o procurador do Ministério Público Federal no Distrito Federal, Ivan Cláudio Marx, fosse ouvido. Ele arquivou, em 8 de julho, um procedimento criminal que apurava o caso, argumentando que as pedaladas fiscais do governo não configuram crime.

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Para os aliados do petista, o fato ocorreu após o encerramento da fase de oitivas de testemunhas na comissão especial e, por isso, ainda seria possível chamá-lo a falar. Lindbergh também pediu que a questão das pedaladas fossem retiradas do relatório final. Os senadores ainda terão que votar este pedido de ordem.

Após a conclusão da leitura do relatório de Anastasia, o PT e e o PDT apresentarão um voto em separado em que culpam o presidente interino, Michel Temer, e o Tribunal de Contas da União pela abertura do processo. Eles também defendem a tese de que houve desvio de poder por parte do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que decidiu, segundo eles, dar início ao processo por vingança contra os petistas, que não quiseram o apoiar no Conselho de Ética da Casa.

A senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) também apresentará um outro voto, com o apoio do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) em que também defende a inocência de Dilma. De acordo com a congressista, o texto abordará principalmente o conteúdo exposto pelas testemunhas ao longo do processo.

Os três documentos serão discutidos nesta quarta (3) e votados pela comissão especial na quinta (4). Pela composição da comissão, que é majoritariamente favorável ao impeachment de Dilma, o parecer de Anastasia deverá ser aprovado.

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Assim, ele será votado pelo plenário do Senado em 9 de agosto. Para que o processo prossiga, é preciso que 41 dos 81 senadores, votem a favor do parecer do tucano.

Em seguida, a acusação tem 48 horas para apresentar um documento que resume os argumentos em prol da condenação da presidente afastada (chamado de libelo acusatório) e o rol de testemunhas que participarão da fase final do processo. Depois, a defesa também tem dois dias para apresentar seus argumentos e suas testemunhas.

De acordo com a legislação em vigor, Lewandowski tem que esperar dez dias para marcar a data do julgamento final do caso a expectativa é de que o julgamento final comece em 29 de agosto e dure cerca de cinco dias.