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Zagueiro João Leonardo entra no lugar de Danilo, que está suspenso. Jancarlos também é desafalque | Albari Rosa / Gazeta do Povo
Zagueiro João Leonardo entra no lugar de Danilo, que está suspenso. Jancarlos também é desafalque| Foto: Albari Rosa / Gazeta do Povo

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi constrangido pelos colegas em plenário nesta terça-feira (3). Senadores da oposição e da base do governo fizeram na sessão desta terça apelos para que ele deixe o cargo durante o processo sobre as acusações de que recebeu ajuda de um lobista para pagar despesas pessoais.

Renan ouviu, por cerca de duas horas, pelo menos 15 senadores pedindo seu afastamento do cargo, entre eles dois do PMDB, Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), e dois da base do governo: Eduardo Suplicy (PT-SP), e Renato Casagrande (PSB-ES).

"O que me preocupa é a rua. A rua o condenou e passou a nos cobrar", disse o líder do Democratas, José Agripino (RN).

"Estando na presidência, o senhor causa influência no Conselho de Ética. Essa posição interfere", disse Casagrande. Apenas dois o defenderam: o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), e Almeida Lima (PMDB-PI).

Sentado na cadeira de presidente, Renan avisou que não deixará o cargo. "Sucumbir à sedução de um pseudo clamor é incompatível com a coragem e honradez que tenho me pautado. Com serenidade, entendo que devo permanencer na presidência, mesmo que, com isso, contrarie apetites políticos de ocasião", disse Renan. "Quero saber qual é acusação", questionou.

O presidente do Senado se manifestou após discurso feito na tribuna pelo líder do PSDB, Arthur Virgilio (AM), para anunciar a posição oficial do partido de defender seu afastamento do cargo.

"O PSDB entende que, neste momento, com esse gesto, Vossa Excelência teria o direito a ampla defesa", disse. "Não é com prazer que PSDB sugere esse caminho. Mas esse julgamento precisa ter dois pressupostos: amplo direito de defesa e ampla investigação sobre os fatos", disse Virgilio.

Logo depois das falas de Virgilio e Renan, foi a vez de o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), reafirmar a posição tucana. Renan ainda teve que ouvir o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) fazer o mesmo apelo.

"Reafirmo que, em nome da Casa que o senhor jurou defendê-la, entendo que é melhor para o Senado que esse processo seja feito com outra pessoa no seu lugar provisoriamente", afirmou.

Desgaste

A decisão da Mesa Diretora do Senado de devolver nesta terça ao Conselho de Ética o processo contra Renan aumentou o desgaste contra ele entre os colegas. No Senado, o clima nesta tarde é de que Renan se enfraqueceu politicamente depois da tentativa frustrada de arquivar o processo por meio da Mesa Diretora.

O presidente do Senado chegou a pedir para que a Mesa solicitasse o aval do plenário sobre o futuro de seu processo. Preocupado com uma derrota, que politicamente o enfraqueceria ainda mais, Renan recuou. Sem maioria na Mesa, não quis enfrentar os colegas em plenário e teve que aceitar o retorno da investigação ao Conselho, onde seus aliados são minoria.

A postura oficial do PSDB e do PDT de pedir nesta terça seu afastamento imediato do cargo deixou Renan apenas com o apoio da ala governista do PMDB e de alguns senadores da base do governo.

Dentro da base, aliás, Renan já perdeu aliados como Renato Casagrande, Eduardo Suplicy, Augusto Botelho (PT-RR) e Aloizio Mercadante (PT-SP), que defendem uma investigação profunda sobre o caso. "É a imagem da instituição em jogo", diz José Agripino.

Da tropa de choque de Renan, poucos aparecem para defendê-lo publicamente. A tarefa tem sido comandada pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), principal interlocutor de Renan durante a crise. Já José Sarney (PMDB-AP) tem sido um dos principais conselheiros, mas não se manifesta aos jornalistas. Nos últimos dias, o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), não faz mais a defesa de Renan como antes.

Já a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), chegou a liderar com Jucá o grupo pró-Renan, mas, pressionada pela bancada, recuou e agora passa a defender, pelo menos, a investigação. Ideli teve que ler em plenário uma nota aprovada pela bancada do PT em defesa da posição da Mesa Diretora de devolver o processo ao Conselho de Ética.

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