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Eventos são protocolares

Mesmo com as explicações de que, tanto a viagem do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), quanto a do governador Roberto Requião (PMDB) podem trazer alguns benefícios para a cidade e o estado, a falta de transparência e a demora nas prestações oficiais de contas significam, para o doutor em Ciências Sociais, professor de Direito e cientista politico da Pontifícia Universidade Católica (PUC), César Bueno, uma relação patrimonialista dos que estão no poder.

"Não haveria, por exemplo, nesses tipos de viagens, a necessidade de uma comitiva. E não há a necessidade de se ficar tanto tempo nos lugares", disse o professor. Ele afirma que há outros mecanismos de cooperação entre estados e países. "Os detentores do poder deveriam ter uma relação mais transparente com a sociedade. Não se vê nem divulgação completa do que é feito nessas viagens. Quais são os resultados práticos. Na verdade, tudo fica mais no protocolo do que nos benefícios", disse Bueno. (CCL)

Assim como o prefeito Beto Richa (PSDB), o governador Roberto Requião (PMDB) também viajou para o exterior em maio. Acompanhado de uma comitiva de 20 pessoas, da qual participaram deputados estaduais, prefeitos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TC), secretários de estado, a primeira-dama do Paraná e empresários, o peemedebista esteve em Paris (França) e Tóquio (Japão). Foram quatro dias em território francês e oito em terras japonesas, de 16 a 31 de maio.

Segundo o secretário estadual de Indústria e Comércio, Virgílio Moreira, a viagem foi proveitosa porque, no Japão, além da realização de rodadas de negócio entre empresários paranaenses e japoneses, o governo do estado visitou seis do maiores grupos industriais daquele país. Ainda foi feito o convite para que o governo japonês participe da comemoração dos 100 anos da Imigração Japonesa no Paraná. "Estivemos com a direção da fábrica de pneus Yokohama, que pode se instalar no Paraná, e apresentamos incentivos, inclusive fiscais, à Toyota, que terá uma segunda fábrica no Brasil", disse Moreira.

Para os empresários, segundo ele, o governo funciona como um "facilitador", abrindo portas, especialmente com o governo do Japão. Na França, o governo assinou onze convênios em segmentos diferentes, entre eles os industriais e com universidades.

De acordo com o secretário de Indústria e Comércio do Paraná, cada autoridade do governo do estado gastou, em média, R$ 12 mil com a viagem. Tiveram suas idas custeadas pelo estado o governador, o secretário e a primeira-dama, Maristela Requião. Não houve explicações de quem pagou as despesas do jornalista César Setti, que foi a trabalho na viagem, registrando todos os eventos. A reportagem tentou contato com Setti, para saber se ele pagou do próprio bolso, mas não conseguiu falar com ele.

No site www.gestaodinheiropublico.gov.br, no qual, segundo a Casa Civil, estará publicada a prestação de contas da viagem, aparecem duas liberações de verbas para o governador, para "despesas com ajuda de custo para viagens". As duas datadas de 14 de maio. Uma liberando R$ 14 mil e a outra R$ 10,6 mil.

Os demais participantes pagaram suas contas, como o TC, que arcou com os custos da viagem do conselheiro Hermas Brandão e a Assembléia Legislativa com a dos quatro deputados. Cada parlamentar gastou, segundo o primeiro-secretário da Casa, Alexandre Curi (PMDB), R$ 9,5 mil, sendo R$ 3,5 mil de passagens.

Segundo empresas de turismo consultadas, um pacote básico para uma viagem como essa ficaria em torno de R$ 9,6 mil, com passagens e hospedagem em Paris por seis dias, e R$ 2,8 mil por oito dias em Tóquio. (CCL)

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