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Ortigara: escolha foi elogiada pela Federação da Agricultura e por trabalhadores | Hugo Harada/ Gazeta do Povo
Ortigara: escolha foi elogiada pela Federação da Agricultura e por trabalhadores| Foto: Hugo Harada/ Gazeta do Povo

Gastos

Secretários terão de cortar 15% do custeio

Sandro Moser, especial para a Gazeta do Povo

Em meio ao processo de formação do secretariado, Beto Richa disse ontem que quer reduzir as despesas de custeio de todas as secretarias em 15%. Os novos secretários deverão assinar documento se comprometendo com essa meta. "Vamos começar reduzindo gastos para recuperar a capacidade de investimento do Paraná", afirmou.

O governador eleito disse que o aumento da parcela do orçamento estadual que poderá ser remanejada livremente não resolve o problema da "falta de recursos" que a próxima gestão teme enfrentar. Deputados ligados a Beto Richa conseguiram negociar na Assembleia que a fatia de recursos que podem ser usados livremente pelo governador, sem consulta ao Legislativo, passe de 5% para 7% do bolo orçamentário no ano que vem. Isso lhe daria mais poder de decisão sobre o destino de R$ 1,75 bilhão do orçamento que está sendo aprovado neste ano pelos deputados, de R$ 25 bilhões.

"Isso não tem muito a ver [com o total de recursos para investimento disponíveis]", disse. "O importante é recuperar as finanças, melhorar a receita do estado, cortar desperdícios, melhorar o gato público", defendeu. Em sua avaliação, se as despesas não forem cortadas, não haverá verbas suficientes para execução dos projetos dentro da margem de recursos de uso livre.

Depois de ampla consulta às lideranças do agronegócio, o governador eleito Beto Richa (PSDB) confirmou ontem, sob aplausos, o pecuarista e especialista em economia rural Norberto Ortigara como secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Pelos discursos dos representantes dos agropecuaristas e pelas palmas dos 4,5 mil produtores e técnicos que estavam no encontro de empreendedores rurais em que a decisão foi divulgada, em Curitiba, Ortigara tem grande apoio dos produtores e encurta a distância entre o governo tucano e o setor rural.

"O novo secretário tem bom trânsito em todas as áreas e em todos os partidos. O governador foi muito feliz em sua escolha", disse o presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Mene­­guette. "Ele tem experiência e sensibilidade para os problemas da agricultura familiar e vai montar uma excelente equipe", avaliou o presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Paraná (Fetaep), Ademir Mueller.

Beto Richa disse aos agricultores que nem Ortigara, secretário de Abastecimento sob seu comando na prefeitura de Curitiba, sabia de sua definição. Chamado ao palco, ele mostrou que estava pronto para aceitar o convite com um aperto de mão, dispensando microfones.

Criado na roça

O novo secretário disse que foi "criado na roça" e tem amplo conhecimento do meio rural. Gaúcho de Frederico Westphalen, norte do Rio Grande do Sul, contou ter 12 irmãos e que sua mãe, aos 88 anos, continua trabalhando com produção de gado leiteiro. Técnico agrícola graduado em economia, Ortigara cria 150 cabeças de gado numa propriedade de 66 hectares na Lapa, a 75 quilômetros de Curitiba. Uma parte da área é arrendada para produção de grãos e outra, coberta de florestas preservadas, relata.

"Tenho uma vida dedicada à agricultura, esse é o meu chão. Se vou me dar bem ou não como secretário é outro problema. Mas, por falta de conhecimento certamente isso não vai ocorrer", disse. No Paraná desde 1974, ele ingressou no serviço público quatro anos depois. Foi diretor do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura por três vezes a partir de 1989. Atuou como diretor da secretaria por duas vezes, a última entre 1999 e 2002. Depois disso, seguiu no serviço público como secretário de Abastecimento de Beto Richa. "Mantive contato próximo com o meio rural comprando alimentos da agricultura familiar para os programas da prefeitura", relata.

Ortigara disse estar acostumado a trabalhar 17 horas por dia, chegando às 7 horas e voltando para casa no "horário que for necessário". Não filiado a partidos políticos, argumentou preservar suas convicções. Disse que esse foi um dos motivos pelos quais deixou o governo do ex-governador Roberto Requião (PMDB) e foi trabalhar na prefeitura. "Gosto que as pessoas que trabalham comigo se desenvolvam. Não sou plantação de pínus, onde nada se cria embaixo. Esse não é muito o estilo dele [Requião] não. Minha porta como gestor público fica sempre aberta."

Em sua avaliação, a agropecuária será prioridade no governo de Beto Richa. "Está assinado no plano de governo, do qual sou um dos autores", disse.

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