Ronivon nega ter vendido voto para aprovar reeleição

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O deputado Ronivon Santiago (PP-AC) negou nesta terça-feira, em depoimento na CPI do Mensalão, que tenha recebido qualquer quantia para votar a favor da emenda da reeleição, em 1997. Interrogado pelo relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), Ronivon disse que a fita divulgada pelo jornal "Folha de S. Paulo" em que afirma ter recebido R$ 200 mil para votar a favor da emenda "é uma montagem muito bem feita" do teor das gravações executadas.

O deputado também negou a veracidade das declarações que aparecem na fita envolvendo os então deputados Chicão Brígido, João Maia, Osmir Lima e Zila Bezerra e os então governadores Amazonino Mendes (Amazonas) e Orleir Cameli (Acre).

Supondo que as fitas tinham sido gravadas a partir de conversas telefônicas, Abi-Ackel fez várias perguntas sobre a existência desses telefonemas. Mas na verdade as gravações foram feitas por uma pessoa que estava próxima do deputado, e não por meio de grampos telefônicos, como revelou a matéria da "Folha".

Ronivon afirmou que houve várias gravações, algumas em momentos de descontração. De acordo com o deputado, trechos dessas gravações foram colados e montados para formar os diálogos que aparecem na fita que foi periciada.

- A própria perícia admite que há trechos com interrupções - disse o deputado, acrescentando que as fitas teriam sido gravadas porque na época ele tinha 81% das intenções de votos para o governo do Acre.

- Até hoje a Polícia Federal e o Ministério Público não encontraram provas para me incriminar, e nenhuma ação penal foi proposta.

O advogado Paulo Goyaz, que representa Ronivon, explicou que a perícia atestou que a fita inclui gravações feitas ao longo de cinco meses após a aprovação da emenda da reeleição. De acordo com o advogado, só aparecem as falas do próprio Ronivon, já que a voz do "Senhor X", que é a pessoa que teria feito as gravações, foi cortada, para não revelar sua identidade.

Goyaz disse ainda que, por suas características, a fita é produto de montagem:

- A frase "Eu não recebi R$ 200 mil para votar a favor da Emenda da Reeleição", com a exclusão da palavra 'não', se torna "Eu recebi R$ 200 mil". Foi isso o que aconteceu.

Ronivon também sustentou a versão do PP para os R$ 700 mil sacados pelo chefe de gabinete da liderança do PP, João Cláudio Genu, das contas do empresário Marcos Valério. Segundo o deputado, o dinheiro do PT nacional foi destinado ao pagamento de honorários de Paulo Goyaz, que o defende em 36 processos judiciais movidos pelo PT do Acre.

- Não soube de onde era o dinheiro. Se soubesse, eu não teria aceito. Preferiria perder o mandato - disse.

O deputado Luiz Couto (PT-PB) lembrou ao depoente que a fita em que ele conta ter recebido dinheiro para votar a favor da emenda foi periciada, e sua veracidade foi atestada.

- Eu nunca neguei que a voz na fita era minha - respondeu Ronivon, ressaltando, no entanto, que é preciso analisar o contexto das declarações, já que ele pode ter falado uma coisa no começo e outra no fim da gravação, e que só se pode alcançar a verdade depois da análise integral de tudo o que foi dito.

Ronivon afirmou ainda que renunciou ao seu mandato na época não por ter culpa, mas porque seria cassado por motivos meramente políticos.

- Esta Casa é complicada e quando quer detonar alguém, detona. E o deputado Ronivon seria detonado - disse.

O deputado ainda declarou que foi reeleito nas últimas eleições por ampla margem de votos, ficando atrás apenas da deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC). Esse fato, segundo ele, é prova de que o povo o absolveu.

- Eu não merecia ter sido vítima das acusações de ter vendido meu voto para favorecer o então presidente Fernando Henrique Cardoso - disse.

Ronivon colocou à disposição da CPI os seus sigilos bancário e fiscal, mas adiantou que os dados têm sido vasculhados desde 2000, quando eles foram quebrados em ação cautelar:

- Até hoje, não entraram com a ação principal, porque não havia nada de irregular nas minhas movimentações.