• Carregando...

Os aeroportos de Salvador (BA) e Fortaleza (CE) registram os maiores percentuais de atrasos neste sábado (23), de acordo com boletim divulgado pela Infraero, a estatal que administra os aeoportos. Dos 51 vôos programados até as 14h30 na Capital baiana, 31 tiveram atrasos de mais de uma hora - o que corresponde a 60,7% do total. Já o terminal cearense teve atrasos em 14 das 29 decolagens marcadas (48,2%).

Em todo o país, os atrasos de mais de uma hora atingem 266 dos 914 vôos programados da 0h até as 14h30 - ou seja, 29,1% do total. Outros 44 vôos foram cancelados (4,8%).

A Infraero informa que, entre os 13 principais aeroportos do país, o que apresenta situação mais tranqüila é o de Congonhas, na Zona Sul da Capital paulista. Das 125 partidas previstas até o início da tarde, nove atrasaram (7,2% do total) e nenhuma foi cancelada. Em Porto Alegre (RS), quatro dos 31 vôos atrasaram (12,9%) e nenhum foi cancelado.

Movimento intenso

O sábado começou com movimento intenso nos principais terminais aéreos do país, mas não há registro de tumultos e a situação é considerada mais tranqüila do que nos últimos dias. As filas começaram a diminuir por volta das 11h.

Até as 8h30, a Infraero registrou atrasos de mais de uma hora em 30,6% dos vôos. O percentual caiu e, às 11h30, o índice foi de 28,2%

Diante desse cenário, o Comando da Aeronáutica informou que a situação nos aeroportos deve se normalizar no fim de semana se o espaçamento entre os vôos for mantido entre cinco e dez minutos. A declaração foi feita por meio de uma nota, um dia depois que a própria Aeronáutica e a Infraero afirmaram que o caos nos terminais aéreos deveria continuar neste sábado e no domingo (23). Crise aérea

A crise aérea do país já dura nove meses. O novo capítulo começou na tarde de terça-feira (19), com uma suposta operação-padrão dos controladores de vôo do centro de controle de tráfego aéreo de Brasília, o Cindacta-1. Eles teriam feito um protesto contra a decisão da Aeronáutica de prorrogar as investigações do motim realizado em 30 de março, quando todas as decolagens do país foram suspensas.

O clima de tensão entre controladores e governo piorou depois que foi anunciada prisão administrativa do presidente da Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta), Carlos Henrique Trifilio Moreira da Silva, na noite de quarta-feira (20). Ele foi punido pela Aeronáutica por declarações dadas a uma revista. Na sexta-feira (22), foi decretada a detenção de Moisés Gomes de Almeida, vice-presidente da Febracta, por uma entrevista concedida à Rádio CBN.

'Jogo duro'

Para o governo, os controladores de vôo são o problema. Depois de receber do presidente Lula a ordem para jogar duro com a categoria, o comandante da Aeronáutica afastou 14 sargentos controladores do Cindacta-1, de Brasília, a quem chamou de "lideranças negativas".

Eles teriam se recusado a trabalhar, alegando problemas técnicos não encontrados nos equipamentos. Para enfrentar uma possível reação da categoria, a Aeronáutica montou um esquema de emergência.

Controladores de defesa aérea, que atuam exclusivamente na interceptação de aeronaves, podem ser convocados para controlar vôos comerciais. Nos trechos mais congestionados, vão ser criados corredores especiais de tráfego, como a ponte aérea Rio-São Paulo.

Segundo o advogado Tadeu Correia, que defende Trifilo, presidente da federação dos controladores, a decisão de afastar líderes do movimento dos operadores do Cindacta-1, em Brasília, pode ser o estopim para a deflagração de nova operação-padrão da categoria, como a que ocorreu no dia 30 de março. "Ninguém esperava uma atitude impensada como essa", afirmou o advogado.

Uma das medidas previstas no "pacote" anunciado pela Aeronáutica para evitar o caos aéreo já foi colocada em prática. Os controladores de vôo que trabalharam no turno das 22h de sexta-feira às 7h de sábado foram convocados a permanecerem no Cindacta-1, cumprindo novo turno de trabalho. Eles só seriam liberados no início da tarde. Para os controladores, a medida coloca a segurança de vôo em risco. A Aeronáutica nega. Reação dos passageiros

Enquando o governo procura soluções para a crise, os passageiros sofrem nos aeroportos. Muitas pessoas dormiram nos terminais duranta a semana, enquanto esperavam pelo embarque. Outras decidiram remarcar a viagem.

Um dos casos mais críticos foi da menina Maria Luisa, de 2 anos, que foi operada da coluna na quarta-feira (20), em São Paulo, e esperou pelo embarque para Aracaju (SE) pelo menos dois dias. Mãe e filha tiveram que passar a madrugada de sexta-feira dormindo em um banco do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Maria Luisa descansou em uma maca improvisada.

Já no Rio de Janeiro, uma aposentada precisou de atendimento médico. Após ficar cerca de quatro horas esperando pelo vôo sem água, comida e dividindo uma pequena sala com outras pessoas e até um cachorro, Ilka Maria Machado, de 71 anos, que visitava o Rio para se tratar de um acidente vascular cerebral, passou mal na sala de espera. "A gente estava voltando para casa. Ela acabou de sair do hospital. O avião já está no solo, mas não há qualquer previsão. A empresa nos disse que não é responsabilidade dela nos dar lanche. Só depois de quatro horas de espera", reclamou a filha de Ilka, Ilcemara. A aposentada foi levada por uma ambulância para o hospital.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]