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Fernando Collor, de dedo em riste, com Pedro Simon ao fundo: ex-presidente da República ameaçou revelar “podres” do senador gaúcho | Geraldo Magella/Agência Senado
Fernando Collor, de dedo em riste, com Pedro Simon ao fundo: ex-presidente da República ameaçou revelar “podres” do senador gaúcho| Foto: Geraldo Magella/Agência Senado

PMDB evita dar apoio oficial ao presidente do Senado

Folhapress

Brasília - O presidente licenciado do PMDB e presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP), evitou ontem declarar apoio da legenda ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Questionado se o PMDB apoia incondicionalmente a permanência de Sar­­ney no comando do Senado, Temer disse que essa questão precisa ser resolvida pelos senadores.

"O presidente do Senado está tomando as providências que entende conveniente no Senado. Seguramente, embora não possa dar palpite sobre isso, os senadores e os partidos que têm assento na Casa vão sentar e resolver esse impasse e eu espero que seja útil para a instituição", disse.

Negativa

Temer negou que o texto publicado anteontem no site oficial do partido, assinado por ele e pela presidente em exercício da legenda, Íris de Araújo (GO), foi uma nota de apoio a Sarney. O documento autoriza os dissidentes a deixar a legenda "o quan­­to antes" sem que corram o risco de perder o mandato. A declaração foi interpretada como um recado para os senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS), que pedem a renúncia de Sarney.

Lula desmarca visita que faria ao Maranhão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desmarcou ontem as viagens que faria nas próximas quinta e sexta-feira ao Ma­­ranhão e ao Piauí. No Maranhão, Lula pretendia prestigiar a governadora Roseana Sarney (PMDB) e o clã Sarney.

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Brasília - A crise política dominou ontem o primeiro dia de sessão no Senado após o fim do recesso legislativo. O presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), negou os rumores de que vai se afastar do comando do Senado. "Estou com um espírito muito bom. Nunca deixei de estar confiante. Isso (a renúncia) não existe", disse Sarney. Senadores contrários à permanência dele, como Pedro Simon (PMDB-RS), esperaram ele deixar o plenário para voltar a cobrar o afastamento do presidente do Senado. Isso irritou a tropa de choque de Sarney. O líder do PMDB no Se­­­­nado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e Fernando Collor (PTB-AL) bateram boca com Simon em plena sessão para defender o presidente da Casa.

Renan, que é um dos principais aliados do peemedebista, acusou Simon de ter como "esporte preferido nos últimos 35 anos" falar mal de Sarney. O senador alagoano deu a entender ainda que essa atitude de Simon seria inveja de Sarney. "Quando o PMDB indicou o presidente Sarney para ser vice do Tancredo Neves (em 1984), desde aquele momento, vossa excelência fala mal do Sarney, porque ele se­­ria o vice-presidente e vossa excelência não conseguiu isso naquele momento. Vossa excelência perdeu a indicação, queria que a chapa fosse puríssimo sangue", acusou Renan. Simon retrucou. Afirmou que Renan "inventava" acusações.

O líder do PMDB, por sua vez, dis­­­­se que Simon não tem autoridade para criticar Sarney porque, nos bastidores, fez um apelo para que ele disputasse o cargo. "Vossa excelência insistia para que o presidente Sarney saísse candidato à presidência do Senado. E tenho vários testemunhas", disse Renan.

Irritado com as críticas do líder peemedebista, Simon afirmou que recebia com "tranquilidade" as palavras de Renan, mas que con­­­si­­derava o senador uma "figura controvertida", que sempre esteve próximo do poder. "Na véspera do Collor ser cassado (como presidente), vossa excelência largou o Col­­­lor. Lá pelas tantas, apareceu como ministro da Justiça do Fernando Henrique. Lá pelas tantas, largou o FHC. Agora é o homem de confiança do Lula", afirmou Simon.

Irritado com as menções ao seu nome, Collor também partiu para o ataque contra Simon. "São palavras que não aceito sobre mim e minhas relações políticas. São palavras que eu quero que o senhor as engula e as digira como achar conveniente. As minhas relações com o senador Renan Calheiros são relações conhecidas, são relações das quais em nenhum momento eu me arrependi. Estivemos distantes em alguns momentos, estamos juntos em outros momentos", disse Collor.

O ex-presidente ameaçou Simon ao afirmar que, se o peemedebista continuasse mencionando o seu nome indevidamente, iria a público revelar informações que podem comprometer Simon. "Com todo o respeito que vossa excelência merecia, por gentileza evite pronunciar o meu nome nesta Casa. Porque a próxima vez que tiver que pronunciar o nome de vossa excelência nesta Casa provocada por alguma palavra mal colocada nesta tribuna, eu gostaria de relembrar alguns momentos extremamente incômodos para vossa excelência. Mas acho que seria de muito interesse da nação brasileira saber", afirmou Collor.

O ex-presidente disse ainda que está em "trincheiras opostas" a Simon. "Não aceito que o senhor fale dessa forma de um ex-presidente (Sarney) que governou o Brasil e cumpriu com grandeza e maestria todo o seu mandato", disse Collor, esquecendo-se de que se ele­­­geu presidente, em 1989, com um discurso fortemente anti-Sarney, a quem chamava de "corrupto". "(Sarney) está sendo vitimado por acusações de todas as naturezas. Sei o que é isso porque passei por isso em escala maior, e sei como tudo isso é forjado." Collor acusou ainda a mídia de orquestrar a derrubada de Sarney.

A favor e contra

Durante a sessão, outros senadores pediram o afastamento de Sarney ou defenderam sua permanência. Flávio Arns (PT-PR)reafirmou que os senadores pe­­­tistas sugerem a saída de Sarney. Eduardo Suplicy (PT-SP), Cristovam Buarque (PDT-SP), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Renato Casagrande (PSB-ES) seguiram a mesma linha e afirmaram que Sarney não tem mais condições políticas de comandar a Casa. Em contrapartida, Welling­­­ton Salgado (PMDB-MG) e Papaléo Paes (PSDB-AP) defenderam a permanência de Sarney.

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Interatividade

Fernando Collor, que se elegeu para a Presidência chamando Sarney de corrupto, tem moral para hoje defender o presidente do Senado?

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