O deputado Ciro Gomes tem um sonho e uma certeza. Se eleito presidente da República teria no centro de sua coalizão de governo os principais adversários do país: PT e PSDB.
"Eu vou governar com os dois", apostou o pré-candidato nesta quarta-feira. "Nós estamos prontos para fazer a estabilidade da política brasileira."
A tese dessa improvável aliança não é nova. Em 1994, foi Ciro, à época filiado ao PSDB, quem fez o convite a Luiz Inácio Lula da Silva. Oferecia uma chapa do tucano Tasso Jereissati (PSDB-CE) com o petista, naquela mesma hora rejeitada pelo hoje presidente.
Na ocasião, o PT apostou na crítica ao Plano Real e chamava a política de estabilização de "truque" para vencer as eleições". Oito anos mais tarde, Lula assumia o Executivo federal mantendo todos os pilares econômicos de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
"Isso já é uma realidade em vários Estados", argumentou o parlamentar, citando a experiência de Minas Gerais. Lá, os dois partidos se juntaram para eleger Márcio Lacerda, do PSB de Ciro, prefeito da capital. O pacto foi abençoado por Lula à época.
Pré-candidato à sucessão nacional --mas ainda sem o apoio de sua legenda-- Ciro Gomes tenta viabilizar-se. Apesar de gostar dele, Lula não o quer na disputa. Teme que sua presença no pleito tire votos da ministra Dilma Rousseff (PT).
"Na medida em que o PSB não confirmou minha candidatura, todas as possibilidades permanecem", reconheceu. "Só quem me tira da disputa é o PSB e minha mãe."
O recado é claro. Embora verbalize constantemente lealdade ao presidente da República --de quem já foi um fiel ministro--, deixa claro que sua definição não está, necessariamente, a reboque de um apelo de Lula.
Ele não é o único pré-candidato a defender essa união. A senadora Marina Silva (PV-AC) chegou a afirmar recentemente que PT e PSDB cometeram nos últimos 16 anos um erro histórico ao não pactuarem juntos a governabilidade do país.
A lógica de Ciro e Marina é diminuir a dependência de partidos que hoje constituem as maiores forças do país, caso do PMDB --legenda constantemente acusada de fisiologismo, inclusive por Ciro Gomes.
- Lula diz que "embates" não podem afetar programas sociais
-
Censura clandestina praticada pelo TSE, se confirmada, é motivo para impeachment
-
“Ações censórias e abusivas da Suprema Corte devem chegar ao conhecimento da sociedade”, defendem especialistas
-
“Para Lula, indígena só serve se estiver segregado e isolado”, dispara deputada Silvia Waiãpi
-
Comandante do Exército pede fé nos princípios democráticos e na solidariedade do povo