O secretário de Fazenda de Londrina, Lindomar Mota dos Santos, deixou ontem o cargo, sem revelar os motivos. A exoneração ocorreu dois dias depois de Santos prestar esclarecimentos na Operação Antissepsia, que investiga corrupção de agentes públicos na terceirização de serviços municipais de saúde.

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Santos foi convocado a depor depois de ter sido citado no depoimento do presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), André Nadai. No dia 19, o Ministério Público apreendeu documentos e computadores na presidência da companhia. Documentos e R$ 29 mil em dinheiro também foram apreendidos na casa de Nadai. Esse dinheiro, segundo ele, teria sido emprestado por Santos.

Naquele dia, o promotor Cláudio Esteves afirmou que essa era uma nova vertente da investigação. "Um agente público e um representante de Oscip [Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, um tipo de entidade particular com fins públicos] teriam se aliado para comprar uma empresa da área ambiental para que ela prestasse serviços à CMTU", explicou.

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Em entrevista coletiva, o prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT), afirmou que o ex-secretário teria comentado sobre empréstimos feitos a Nadai e disse que os secretários têm que "se acertar com o Fisco". O prefeito disse que não vê relação entre o suposto empréstimo com o pedido de exoneração: "Há pressão, tem que ser muito forte para sobreviver a essas pressões". Pro­­­curado pela reportagem, San­­­tos não confirmou o empréstimo. "O que eu tinha para dizer sobre isso, já foi dito aos promotores", afirmou ele.

Depoimentos

Entre os ouvidos ontem pelo Grupo de Ações Especiais Contra o Crime Organizado (Gaeco), estavam o secretário municipal de Gestão Pública, Marco Cito, e o ex-secretário de Saúde Agajan Der Bredossian. Em entrevista coletiva, ambos disseram que defendiam a contratação da HUTec e da Santa Casa para prestar os serviços de saúde para os quais acabaram sendo contratados as Oscips. Segundo eles, a administração municipal achou que as contratações defendidas por eles não seriam viáveis.

Entre os ouvidos pela promotoria, já passaram cinco membros do primeiro escalão da prefeitura, além do próprio prefeito. O nome de Barbosa Neto não foi apontado por nenhum dos investigados. No entanto, a primeira-dama, Ana Laura Lino, foi acusada de pressionar os conselheiros municipais de Saúde a aprovarem a contratação do Instituto Atlântico (uma das Oscips) para prestar serviços de saúde em Londrina. Como o prazo para a conclusão do inquérito vence na segunda-feira, os últimos depoimentos devem ser realizados hoje.

A Operação Antissepsia foi deflagrada em 10 maio, depois de o Ministério Público receber denúncias de um suposto esquema de desvio de recursos da área da saúde. Foram presas 21 pessoas, das quais seis continuam detidas. Outros dois suspeitos estão foragidos.

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