Secretário é preso suspeito de vender ovos de programa social

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Suspeito de vender ovos de um programa de auxílio ao produtor e ficar com o dinheiro, Ademir Severino Alves, secretário de Agricultura de Laranjeiras do Sul, no Centro-Sul do Paraná, foi preso em flagrante na tarde desta quarta-feira (3). Policiais e representantes do Ministério Público encontraram na sede da secretaria um estoque de ovos prontos para a comercialização. Alves foi encaminhado à delegacia. A princípio, ele deve ser indiciado pelo crime de peculato (desvio de dinheiro público).

O secretário pediu exoneração do cargo na tarde desta quinta-feira, informou a prefeitura do município em nota. O afastamento seria para esclarecer os fatos com a Justiça e a sociedade "de forma exclusiva". A nota diz que ele vai tentar provar a sua inocência, mas não dá maiores justificativas para as suas ações.

O delegado chefe de Laranjeiras do Sul, Adriano Chohfi, conta que a Polícia Civil deu apoio ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) no caso e que a prisão ocorreu no fim da tarde. Conforme o delegado, o programa do município fornece galinhas para produtores rurais, e parte do dinheiro dos ovos deveria retornar aos cofres públicos. Mas, segundo o resultado inicial da investigação, o repasse não era feito, já que o secretário estaria vendendo os ovos e embolsando o dinheiro.

"Ele foi preso sob acusação de peculato, que é o crime de se apropriar de dinheiro público, como se fosse um furto de um funcionário público. A pena é alta, de dois a 12 anos de prisão, e não pode ser arbitrada fiança pelo delegado, apenas pelo juiz. Por isso, ele está aqui na Delegacia de Laranjeiras do Sul à disposição da Justiça."

Chohfi conta que o secretário não admitiu à polícia que ficava com o dinheiro dos ovos, mas confirmou que comercializava o produto. "A prática da venda eu já entendo que é ilegal. O município não pode vender ovo. E, mesmo que fosse feita [a venda] pela Prefeitura, deveria ser feita com uma guia de recolhimento para ser paga no banco, para que o dinheiro caia direto na conta do poder público. Não é permitido que se faça o pagamento a um funcionário."

O delegado disse que ainda não tem uma estimativa de há quanto tempo a irregularidade acontecia e do montante que teria sido desviado. Ele informou que documentos foram apreendidos na secretaria e que a polícia aguarda uma análise minuciosa do caso.

O Ministério Público informou, via assessoria de imprensa, que a promotoria responsável pelo caso trabalha nesta quinta-feira (3) para esclarecer os detalhes do caso. O órgão deve se pronunciar em nota sobre o assunto até o fim do dia.

Outro lado

A Prefeitura de Laranjeiras do Sul disse, em nota, que ainda não teve acesso aos autos de acusação e nem aos "detalhes que levaram à prisão" do secretário. A nota diz ainda que o fato, isolado, "não condiz com as práticas mantidas pela administração desde janeiro de 2013, que prezam pela legalidade das ações que a Lei determina no tocante à transparência e aplicação correta com o dinheiro público."

A reportagem tentou localizar o advogado que defende Ademir Severino Alves, mas não obteve sucesso.