Sem previsão de alta, motorista tenta responder processo em liberdade

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O motorista Rosinei Ferrari, de 28 anos, não tem previsão de alta para sair do Hospital São José, em Maravilha, no Oeste de Santa Catarina. Nesta terça-feira (16) completa uma semana o acidente na BR-282, que causou a morte de 27 pessoas. A advogada do motorista, Solange da Silva Machado, vai entrar com um pedido de liberdade provisória nesta terça.

Ferrari dirigia o caminhão Mercedes-Benz 1935 que se chocou com carros de resgate que atendiam ao primeiro acidente ocorrido na BR-282, entre um ônibus e outro caminhão, no mesmo local. Na primeira batida sete pessoas morreram. O segundo acidente provocou a morte de outras 20 pessoa. Ao todo, foram mortas 27 pessoas e outras 100 feridas.

De acordo com a advogada Solange da Silva Machado, da transportadora Turatto & Turatto Ltda, empresa de Cascavel no Oeste do Paraná, para a qual Rosinei Ferrari trabalhava havia três meses, o motorista alegou que o caminhão ficou sem freios. Ferrari não conseguiu parar o caminhão e desviou do congestionamento que se formou em razão do primeiro acidente. Pela contramão, seguiu até se chocar com os carros de resgate.

Ferrari, que mora em Cascavel, foi preso em flagrante ainda no Hospital São José e assim que receber alta deverá ser transferido para a Cadeia Pública de Descanso. A advogada Solange esteve em Maravilha na última quinta-feira (11) e afirmou que o inquérito ainda não estava na delegacia de Descanso. Nesta terça (16), Solange vai viajar novamente para Maravilha e depois para Descanso, onde vai tentar entrar com um pedido de liberdade provisória para Ferrari, para que o motorista responda ao processo em liberdade.

"Ele preenche todos os requisitos. Não tem antecedentes criminais e tem residência fixa, por exemplo", explicou a advogada. O resultado do tacógrafo feito no caminhão de Ferrari mostrou que o motorista manteve uma média de 70 km/h e 80km/h durante toda a viagem. O motorista saiu de Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul, com destino a Caxias do Sul (RS).

De acordo com a advogada Solange, o exame de sangue feito em Ferrari não constatou nenhuma substância, como álcool ou estimulantes para não dormir (conhecidos como rebites). A advogada afirmou que o motorista estava descansado e havia dormido antes de fazer a viagem. O resultado da perícia feita no caminhão de Ferrari, que vai comprovar se houve problemas nos freios, ainda não ficou pronto e não há data prevista para isso acontecer.

Depoimentos

Nesta segunda-feira (15) o delegado de Descanso, Rudinei Charão Teixeira, ouviu 10 depoimentos de testemunhas do acidente. "Não há previsão de quando o inquérito será concluído, se precisar vou pedir mais prazo para as investigações", afirmou Teixeira. O prazo inicial era de 10 dias para termminar o inquérito.

Segundo o delegado, muitas testemunhas estão procurando a polícia por livre e espontânea vontade. Além de Descanso, os depoimentos estão sendo tomados em Maravilha e em São José do Cedro. Ferrari deve ser indiciado por homicídio com dolo eventual, aquele em que a pessoa assume os riscos por seus atos, pois mesmo com o problema nos freios continuou a viagem.

A pena para esse crime, caso seja condenado, varia de 12 a 30 anos de prisão. A advogada Solange afirmou que vai entrar com um pedido, caso o inquérito indicie Ferrari por homicídio com dolo eventual, para que o processo seja por homicídio culposo, aquele em que não há a intenção de matar. A pena neste caso é de 2 a 4 anos de prisão, mas pode ser revertida para punições alternativas.

Saúde

Segundo o Hospital São José, Rosinei Ferrari permanece internado e não há previsão de alta. O médico Evandro da Silva Nicola fez outros exames no motorista e constatou que a situação é mais grave do que o imaginado. Ferrari tem uma fratura na bacia e reclama de muitas dores. O motorista também teve traumatismo craniano.