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Osmar Serraglio: desistência na véspera da eleição para manter unidade do partido | José Cruz/ABr
Osmar Serraglio: desistência na véspera da eleição para manter unidade do partido| Foto: José Cruz/ABr

O deputado federal Osmar Serraglio (PMDB) desistiu ontem de disputar à presidência da Câmara dos Deputados. Ele esteve reunido com o líder do PMDB na Casa, Henrique Alves (RN), e o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, durante a tarde e o início da noite de ontem. Com o abandono, Serraglio vai apoiar seu colega de partido, Michel Temer, o candidato do "blocão" (PMDB, PT, PSDB, DEM, PR, PDT, PTB, PV, PPS, PSC, PHS, PTdoB, PTC e PRTB).

Segundo Serraglio, o motivo da desistência foi para manter a unidade partidária. "A ideia foi evitar dissidências. O PMDB saiu forte demais das eleições e não poderia correr o risco de perder a presidência da Câmara." Serraglio disse que deve assumir a segunda vice-liderança do PMDB no Legislativo federal. Sondagens de intenção de voto também podem ter pesado na decisão do peemedebista, já que indicavam que ele poderia ter uma votação inexpressiva.

O domingo foi atípico em Brasília. Lideranças partidárias estiveram reunidas em busca de votos e para evitar eventuais traições de aliados. Em entrevista à Gazeta do Povo, Michel Temer confirmou que o PMDB estava tentando convencer Serraglio a se retirar da disputa. Antes do paranaense anunciar a desistência, Temer disse à reportagem que a candidatura de Serraglio não atrapalharia a sua. "Ele é uma boa figura e pode ainda reconsiderar."

Articulador

Para um dos principais articuladores da candidatura de Michel Temer, deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), a tentativa de convencer Serraglio a retirar o nome da disputa reflete positivamente na candidatura do bloco. "Ele é uma reserva moral do Paraná e do Brasil. Um dos parlamentares mais respeitados em Brasília. O seu gesto de alinhamento com a bancada é muito bem visto."

Na avaliação do deputado federal André Vargas (PT-PR), a decisão de Serraglio foi correta, já que se estimava que o peemedebista não faria mais de 20 votos. Para Vargas, mais que tirar votos de Temer, a candidatura de Serraglio enfraqueceria a relação partidária. Segundo o petista, Temer deve ter cerca de 300 votos na eleição de hoje. Para se eleger, o presidente precisa ter a maioria simples de votos (50% mais 1 dos presentes).

O deputado federal Gustavo Fruet (PSDB-PR), que já havia anunciado seu voto em Serraglio, afirmou que a candidatura avulsa do colega estava esvaziada e dificilmente iria interferir de maneira decisiva na eleição. "Raramente temos alguém do Paraná com projeção nacional. E quando isso ocorre, há uma tentativa de desqualificar." Com a desistência de Serraglio, Fruet vai votar em Temer.

Na avaliação do deputado Ricardo Barros (PP-PI), o fato de Serraglio apresentar candidatura foi relevante porque ele tem uma conduta diferente dentro PMDB.

Como tem o apoio de um bloco de 14 partidos, Temer apresenta-se como o candidato favorito. O peemedebista disse não acreditar que possa ocorrer um segundo turno, já que levantamento de aliados o colocam com ampla vantagem sobre os demais concorrentes – Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI). A votação é secreta e Temer pode perder votos de parlamentares das legendas que declararam apoio ao seu nome. Petistas teriam ameaçado boicotar o peemedebista em retaliação ao lançamento de José Sarney (PMDB-AC) à presidência do Senado. Decisão da legenda teria rompido acordo entre o PT e PMDB para se revezarem no comando das duas Casas.

Antecipação

A eleição da Mesa Executiva da Câmara foi antecipada para as 10 horas de hoje – mesmo horário em que ocorrerá a disputa pela presidência do Senado. A decisão desagradou os adversários de Temer – Rebelo e Nogueira. Os concorrentes acham que a mudança no horário vai favorecer o peemedebista e livrá-lo de eventuais traições de legendas aliadas caso Sarney vença a disputa no Senado. PP e PSol – que faz parte do bloquinho (PCdoB, PSB, PMN e PRB) – ameaçam ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a antecipação da eleição. "Isso é uma demonstração clara de que eles estão com receio, com medo", disse Aldo Rebelo.

Os parlamentares elegem hoje, além dos novos presidentes, os integrantes das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado – em disputas que, em alguns casos, são mais acirradas que na corrida pela própria presidência.

Além do presidente, as Mesas Diretoras são compostas pelo primeiro vice-presidente, segundo vice-presidente, primeiro-secretário, segundo-secretário, terceiro-secretário e quarto-secretário – além de quatro cargos de suplentes das secretarias. No total, haverá a disputa por 11 cargos das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado.

Pauta trancada

O vencedor da eleição de hoje na Câmara encontrará a pauta trancada pela medida provisória (MP) que autoriza o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal a comprar ações de instituições financeiras. Como teve modificações no Senado, a medida voltou à Câmara. O presidente também terá de resolver um impasse regimental relacionado a outra MP, que dá benefícios tributários a instituições filantrópicas. A medida foi devolvida ao governo pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN). A secretaria-geral da Câmara avalia que a ação foi política e não tem efeito prático, por isso, a MP continua em tramitação no Congresso.

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