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A gerente financeira da agência SMP&B, Simone Vasconcelos, fez à CPI dos Correios, nesta quarta-feira, um depoimento de 12 horas que pouco acrescentou às investigações dos parlamentares. A funcionária de Marcos Valério confirmou os empréstimos feitos pelo patrão para o PT e admitiu que sacava grandes quantidades de dinheiro, repassadas para as pessoas que o chefe indicava. Simone, porém, deu poucas explicações. Ela disse que não sabia de mensalão e que não perguntava sobre o destino dos milhões de reais que distribuiu.

- Nunca contei dinheiro, nem dentro de bancos, nem dentro de hotéis - garantiu, negando informações de Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Valério, que contara à CPI ter ouvido de Simone que ela se dizia cansada de contar notas e carregar malas de dinheiro.

- Na minha mala eu só carrego roupas. E ela tem rodinhas, eu não fico cansada não, deputado - ironizou, usando tom ríspido com um dos deputados que lhe interrogaram.

A ironia esteve presente muitas vezes na argumentação de Simone Vasconcelos. Indagada sobre a movimentação contábil da empresa da qual era diretora financeira, chegou a dizer:

- O meu forte não são números.

A postura, considerada arrogante por parlamentares em alguns momentos, irritou o relator da CPI, Osmar Serraglio. Simone não soube informar o valor do faturamento da SMP&B no ano passado.

- Vossa Senhoria sabia que iria prestar informações à CPI, com esse universo todo de pessoas, o Brasil inteiro, e veio aqui sem saber faturamento? É impressionante. Quero concluir que Vossa Senhoria não quer esclarecer - disse Serraglio, sem disfarçar a irritação.

Em outro momento, o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) destacou crimes dos quais Simone poderá ser acusada (enriquecimento ilícito, formação de quadrilha, receptação, possível concorrência para o crime) e alertou:

- A senhora precisa coloborar, não apenas fazer o jogo do Marcos Valério - disse o pefelista.

Sobre a afirmação de outro deputado, Murilo Zauith (PFL-MS), que a chamou de "econômica" nas palavras e nas informações, Simone voltou a recorrer à ironia:

- Publicitários têm o dom da palavra. Os políticos também têm. Sou administradora, sou direta, sem rodeios.

A diretora da agência SMP&B reforçou que se sentia pressionada e desconfortável na posição em que estava diante da CPI, mas não lamentava a situação.

- Lamento por muitas coisas que aconteceram no nosso país, inclusive o que está acontecendo com a agência (SMP&B), que vai gerar muitos desempregos - atacou.

Simone fez questão de destacar as bases de seu trabalho: a confiabilidade e o sigilo. Dizendo-se uma pessoa muito discreta, ela alegou não ter declarado antes na Polícia Federal os nomes dos sacadores das contas de Valério porque se tratavam de informações confidenciais:

- Fico mais confortável em dizer depois que Marcos Valério já comentou, que já saiu nos jornais.

Disse ainda que o patrão, com o tempo, passou a confiar nela e a lhe delegar funções que antes eram dele:

- Fui assumindo, com o tempo, procedimentos rotineiros que eram realizados por Marcos Valério. Ele foi confiando no meu trabalho e ficando solto...

- Para? - perguntou o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP).

- Para isso tudo que a gente está vendo aí - respondeu Simone.

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