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Após acompanhar a realização de oito simulações do acidente com o Airbus A320 da TAM, o deputado Marco Maia (PT-RS), relator da CPI da Crise Aérea, afirmou que os pilotos do vôo JJ 3054 não conseguiriam evitar o acidente após a aterrissagem. As simulações ocorreram na tarde desta sexta-feira (14) na South America Flight Training, em Guarulhos, na Grande São Paulo.

Em uma das simulações baseadas nos dados recolhidos das caixas-pretas, os dois pilotos que realizavam os testes também não conseguiram frear a aeronave e evitar a colisão com o prédio da empresa. O vôo virtual foi acompanhado pelo coronel Antônio Junqueira, que já trabalhou no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e foi contratado pela Câmara dos Deputados para acompanhar as investigações.

O coronel, que ainda trabalha como piloto, descreveu como "atordoante" a simulação em que o avião colidiu. "A gente sente nitidamente o desespero, eu fiquei bastante emocionado como piloto", disse o coronel, que até sugeriu que a simulação fosse interrompida antes da colisão.

Junqueira explicou que, nesta simulação que terminou em uma colisão, o manete da turbina esquerda foi colocado em posição reverso - o correto durante o pouso - e o manete da direita em climb, que é o primeiro estágio de aceleração, uma posição acima da idle (ponto morto). "A violência com que a aeronave se comportou extrapola qualquer previsão dos fabricantes", disse Junqueira.

As simulações mostraram que não haveria tempo para frear a aeronave mesmo que os pilotos percebessem um eventual esquecimento do manete em uma posição errada, de aceleração. "Mesmo que eles desligassem ou tentassem algum tipo de procedimento para desacelerar a aeronave, não seria suficiente naquelas condições", disse o coronel.

Posição dos manetes

O deputado afirma que ainda há dúvidas sobre o que levou os manetes a ficarem na posição que estavam no momento do acidente (um em reverso e outro em leve aceleração), informação que constava na caixa-preta da aeronave.

O próximo passo da investigação, segundo o relator, é "aprofundar a situação mecânica dos manetes". O objetivo é descobrir se houve uma falha humana ou do computador de bordo da aeronave. "Eu já em um momento anterior tive uma convicção maior de que não havia falhas dos pilotos. Com as simulações que nós fizemos aqui, eu diria que esta possibilidade ainda é presente", analisou o deputado.

O deputado afirmou que vai analisar as simulações e outros dados entregues para a CPI para fechar seu relatório até a próxima quinta-feira (27). Apesar das dúvidas, Maia garantiu que os testes com base nas caixas-pretas mostraram que os pilotos não poderiam reagir depois do pouso. "Depois que o avião colocou as rodas no chão, eles não tinham mais nada o que pudessem fazer para evitar o acidente. Testamos todas hipóteses", afirmou o deputado.

Para o deputado, apenas uma área de escape "sobre o prédio da TAM Express" poderia ter evitado o acidente, já que o Airbus virou à esquerda antes do fim da pista. Para o coronel, dificilmente a redução de 150 metros nas cabeceiras das pistas no Aeroporto de Congonhas para a criação de uma área de escape teria evitado o acidente. "Pela violência com que a aeronave se comportou, acredito que [a área de escape] teria uma eficiência limitada", disse.

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