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Ao tomar posse nesta sexta-feira, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou que manterá diálogo com o setor agropecuário, além dos parlamentares. O nome do deputado federal foi uma indicação do PMDB e teve o apoio do governador do Paraná, Roberto Requião:

- Eles podem ter certeza de que terão um ministro com muito diálogo, com muito entendimento, que vai procurar ouvir a todos e aí tomar as decisões que terão que ser tomadas - disse Stephanes.

Questionado se, no discurso de posse dos novos ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um recado indireto para que não ceda à bancada ruralista, respondeu:

- Eu prefiro entender que o recado do presidente não foi esse. O recado foi no sentido de olhar em relação àqueles que mais precisam de apoio para poder entrar na economia de mercado.

Com o olho no futuro

No discurso, Lula defendeu que Stephanes não deve ouvir somente os que "gritam mais alto". O presidente lembrou que o novo ministro foi filiado à Arena e ao PDS e ocupou ministérios no governo militar e no de seus antecessores Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. Ao defender a indicação, o presidente disse que faz política com o olho no futuro e afirmou que Stephanes é exemplo de bom administrador e de homem público.

- Eu não faço política olhando apenas o que as pessoas foram ontem. Eu faço política olhando o que as pessoas vão ser amanhã. E mesmo olhando o ontem, a sua passagem por todos os cargos públicos brasileiros foi uma passagem da maior responsabilidade, da maior competência administrativa, porque me parece que você encarnou desde cedo o espírito público - disse Lula, sendo aplaudido pelos presentes à solenidade.

O ministro disse ainda que a resistência da bancada ruralista à sua indicação para a pasta é "um assunto que passou".

- Não foi toda a bancada ruralista. Alguns membros que tinham suas razões, eu vou respeitá-las. Já estou mantendo contatos com todos - disse.

O nome de Stephanes realmente não é uma unanimidade no setor agropecuário. O vice-presidente de Finanças da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Ágide Meneguette, elogiou a escolha de Lula:

- Na nossa avaliação, o presidente da República fez uma boa escolha. Reinhold Stephanes é um excelente técnico e tem experiência em agricultura. Ele foi secretário de Agricultura, diretor do Incra, secretário executivo do Mapa, passou pelo Ministério da Previdência Social. É um homem que conhece o setor e que tem experiência em administração pública - destacou.

Pontos preocupantes

O vice-presidente da CNA também enumerou pontos importantes com os quais o novo ministro terá de se preocupar.

- Esperamos que ele ajude a desenvolver o setor e que resolva grandes problemas da agricultura brasileira, como a questão de sanidade animal e vegetal, o seguro rural, os gargalos de infra-estrutura e a biotecnologia.

A Sociedade Rural Brasileira (SRB), reunião de grandes produtores do agronegócio brasileiro, divulgou nota considerando positiva a nomeação de Stephanes. Segundo a SRB, o perfil de gestor do peemedebista é um "diferencial importante" no comando da pasta. O deputado tomou posse nesta manhã. Mas a organização não poupou críticas ao que chamou de pouco conhecimento do novo ministro sobre as liderenças rurais e a bancada ruralista do Congresso.

"Este distanciamento exigirá um forte esforço de aproximação do novo ministro com o setor privado rural e o legislativo para a construção de uma agenda em comum de desenvolvimento para a agricultura", afirmou no texto o presidente da SRB, Cesário Ramalho.

A nota argumenta também que Stephanes "terá que ter força política para pleitear junto à equipe econômica recursos orçamentários justos para as demandas da agricultura, bem como medidas e políticas públicas que favoreçam o crescimento do setor, com destaque para questões relacionadas a juros, tributação, câmbio e investimentos em infra-estrutura logística".

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