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Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da CPMI dos Correios,: “Não dá para apagar o passado” | Wenderson Araújo/Gazeta do Povo
Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da CPMI dos Correios,: “Não dá para apagar o passado”| Foto: Wenderson Araújo/Gazeta do Povo

Começou nos Correios

Relembre a ligação entre a CPMI dos Correios e o mensalão

Corrupção em vídeo

A CPMI dos Correios foi criada em 2005, com foco em um vídeo que mostra o ex-funcionário da estatal Maurício Marinho negociando propina. Na filmagem, ele fala que tem o aval do então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

Denúncias de Jefferson

Acuado, Jefferson dá uma entrevista na qual revela um esquema de pagamento de "mesada" feito pelo governo Lula a congressistas em troca de apoio. Nasce o termo mensalão.

Relatório

O material coletado pela CPMI dos Correios serve como base para a denúncia feita pelo Ministério Público Federal ao STF em 2007. Nela, o então procurador-geral Antonio Fernando de Souza descreve o mensalão em núcleos.

Núcleo principal

Era encabeçado, segundo a denúncia, por José Dirceu. Tinha a intenção de garantir a permanência do PT no poder. Desviava recursos públicos de estatais para a compra de apoio dos congressistas e financiamento de campanhas.

Núcleo Publicitário

Conseguia vantagens do governo federal para contratos com órgãos e empresas públicas. Tinha como cabeça Marcos Valério.

Núcleo Financeiro

Responsável pelo esquema de lavagem de dinheiro. Era encabeçado por Kátia Rabello e José Roberto Salgado (diretores do Banco Rural).

Núcleo Parlamentar

Incluía o denunciante Roberto Jefferson e outros 17 deputados.

"Mensalão não foi ilusão coletiva", diz Serraglio

Mesmo no cargo de vice-líder do governo Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, o deputado federal paranaense Osmar Serraglio (PMDB) promete se dedicar a defender a existência do mensalão até o julgamento do caso pelo Supremo Tribunal Federal (STF), previsto para ocorrer entre junho e julho deste ano. "Não estamos tratando de uma ilusão coletiva, de algo que pode ser simplesmente apagado da memória dos brasileiros", diz o parlamentar, que foi relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios.

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No mês de instauração da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira e às vésperas do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a aprovação do relatório da CPMI dos Correios acaba de completar seis anos. As investigações que levaram ao indiciamento de 36 envolvidos no maior escândalo do governo Lula, porém, estão longe de ser página virada no Congresso Nacional. Protagonistas do episódio travam uma batalha de versões e dividem-se entre os que lutam para que o caso não seja esquecido e os que defendem que o esquema de pagamento a políticos por apoio legislativo nunca aconteceu.

A polêmica começou dentro do PT, quando o presidente nacional do partido, Rui Falcão, ligou as atuais denúncias relacionadas ao bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, ao episódio de 2005. "A bancada do PT na Câmara e no Senado defende uma CPI para apurar esse escândalo dos autores da farsa do mensalão", disse o petista em um vídeo publicado em seu site. Na filmagem feita há duas semanas, ele diz que havia uma suposta "operação-abafa" para impedir as investigações das relações de Cachoeira com políticos como o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).

As declarações de Falcão dividiram até os petistas. "Não estamos com esse espírito do Rui Falcão. Nossa meta é investigar o que se passou com o Cachoeira, o que é uma situação bem diferente daquela [do mensalão]", diz o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR). O paranaense é um dos poucos remanescentes da CPMI dos Correios agora escalado para a CPMI do Cachoeira.

Rosinha foi um dos parlamentares petistas que caí­ram no choro em agosto de 2005 após a confissão do publicitário Duda Mendonça de ter recebido R$ 10 milhões em uma conta nas Bahamas via Marcos Valério, denunciado no STF como operador do mensalão. Hoje, no entanto, Rosinha não acredita no esquema.

"Não houve mensalão. Alguém acha que os deputados do PT recebiam para votar a favor do governo do próprio partido? O que existia era prática de caixa dois, que começou com o PSDB de Minas Gerais", afirma.

Também integrante das duas CPMIs, o deputado gaúcho Onyx Lorenzoni (DEM) diz que há um ar de "vendeta" (vingança) entre os petistas. "O que a CPMI dos Correios fez foi trazer uma luz sobre a metodologia de construção de maioria e o projeto de perpetuação de poder do governo Lula. Foi algo de efeito devastador e que eles não admitem", diz o parlamentar.

Já o relator da CPMI dos Correios, o paranaense Osmar Serraglio (PMDB), avalia que há um movimento para tentar fazer das investigações de Cachoeira um escândalo de proporções maiores às do mensalão. "Tem gente que segue a ideia de que um escândalo só sai da cabeça das pessoas quando aparece outro pior ainda. O problema é que não dá para apagar o passado", diz o peemedebista.

Para ele, o fim do ciclo será o julgamento do mensalão no STF, que deve ocorrer entre junho e julho, de acordo com o novo presidente do Supremo, Carlos Ayres Britto. "Tenho fé que o julgamento vai sair. Se isso não acontecer, será a quebra de um elo democrático importantíssimo: o Congresso investigou, o Ministério Público denunciou e agora só falta o STF cumprir o seu papel".

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