O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) questionou a dificuldade do Conselho de Ética do Senado de escolher um relator para o processo contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusado de ter despesas pessoais pagas pelo lobista de uma construtora.

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Titular do conselho, Suplicy disse não ter sido consultado pelo presidente do órgão, Sibá Machado (PT-AC), que vem alegando receber recusas dos senadores convidados para assumir a tarefa. "Ninguém me consultou", afirmou.

O senador nega que esteja se oferecendo para o cargo, mas acha estranho não ter sido sondado entre os 15 integrantes do conselho e diz que está à disposição de Sibá.

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Suplicy, porém, tem, por enquanto, pouca possibilidade de ser escolhido. Isso porque Sibá já sinalizou que o relator deve ser um aliado de Renan. O senador paulista tem defendido uma investigação profunda do caso. Foi o primeiro a pedir que o presidente do Senado fosse depor no conselho.

As chances de Suplicy podem aumentar se Sibá decidir, em vez de um, nomear uma comissão de três senadores para a relatoria. Sem solução, Sibá avisou que a escolha pode ficar para o próximo domingo.

A falta de um novo nome, por exemplo, foi usada por Sibá como argumento para adiar o encontro do Conselho de Ética desta quinta. Ele nega que esteja adotando medidas protelatórias a pedido dos aliados de Renan, preocupados com o desgaste dele no Conselho de Ética.

"Não há medidas protelatórias. Não posso reunir sem relator", disse. "A partir do relator, vamos definir o cronograma de trabalho", explicou.

"São duas opções: um relator ou três. Estamos tentando resolver e espero ter isso até domingo", disse. "Não posso obrigar ninguém a nada", afirmou Sibá sobre a recusa de alguns senadores em assumir a tarefa.

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Ele resiste a entregar a relatoria para um senador da oposição, embora não tenha encontrado até agora um nome dentro da base do governo.

"Pelo regimento, tem que ser da base (bloco PT, PSB e PTB) ou do PMDB. Tenho que respeitar a coalizão", disse.

A coalizão (aliança política), no entanto, não tem efeito regimental. A oposição diz que o bloco PSDB-Democratas é maior que o PMDB e poderia ficar com a relatoria já que nenhum governista, por enquanto, aceitou o cargo.

Pressionado a escolher um nome aliado de Renan, o presidente do Conselho de Ética mantém o impasse enquanto procura um senador disposto a topar a missão.

Sibá confirmou que Renan deve receber por escrito perguntas do Conselho de Ética antes de seu depoimento, com data ainda indefinida. "Isso está no regimento. Ninguém pode obrigar alguém a comparecer. Essa defesa pode ser por escrito", disse.

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