Eduardo e Ricardo Stuckert posam em frente ao Palácio do Planalto: pai e filho foram os únicos que conseguiram arrancar um sorriso de presidentes na foto oficial, distribuída a todas as repartições públicas.| Foto:

Regra dos fotógrafos é não ver, ouvir ou falar

Roberto Stuckert passou três ensinamentos ao filho Ricardo. O fotógrafo presidencial não pode ouvir, ver ou falar. "Nosso manual é o mesmo daqueles macaquinhos", brinca Stuckão.

Tirar histórias de bastidores da boca de ambos é praticamente impossível. Perguntado, por exemplo, sobre o temperamento de Lula durante a crise do mensalão, Stuckinha desconversa. "Nunca vi o presidente passar nervosismo para os subordinados."

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Como diria o Figueiredo:
O ex-presidente Figueiredo, quando ainda estava no Planalto, se exercitando, em foto de Roberto Stuckert que virou capa da revista Manchete.
Na foto, o ex-presidente João Baptista Figueiredo.
O futuro presidente Costa e Silva, em visita à Câmara dos Deputados, foi flagrado no plenário vazio por Roberto Stuckert. A revista Veja colocaria a foto numa capa de dezembro de 1968, que coincidiu com a decretação do AI-5 e o fechamento do Congresso. Parte da edição foi apreendida.
FHC, o pai do Real: pitacos garantidos.
Marca da família: fotos oficiais de João Figueiredo e Lula, com sorriso estampado no rosto.
O presidente discursa para multidão de operários da fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo, São Paulo, em junho de 2003.
Lula cumprimenta populares durante visita ao município de Lauro de Freitas, na Bahia, para inauguração de residências do projeto Habitar Brasil, em janeiro de 2003.
Muitas mãos para apertar: Lula em visita à cidade mineira de Montes Claros, em janeiro de 2003.
Momento de descontração: presidente brinca com sua cadela de estimação, Michele, em setembro de 2003.
Criança da cidade de Lauro de Freitas, na Bahia, se emociona ao encontrar Lula, em janeiro de 2003.
Presidente Lula visita o assentamento Terra Livre no município de Castilho, em São Paulo.
Lula no pôr-do-sol de Maputo, no Moçambique.
Presidente Lula e primeira dama Marisa Letícia
Presidente Lula saúda populares em Rio Branco
Lula:
Lula chutando bola com a camisa do Corinthians, seu time do coração
Presidente Lula e os ministros Dilma Rousseff e Edison Lobão, durante produção do primeiro óleo da camada pré-sal no Campo de Jubarte, Espirito Santo
Presidente Lula participa do batismo da Plataforma P-51. A cerimônia foi realizada no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis, e teve como madrinha a primeira-dama Marisa Letícia
Presidente Lula ajuda na colheita da mamona destinada à produção de biodiesel no município de Eliseu Martin, no Piauí
O brinde à rainha Sofia da Espanha, durante jantar de gala no palácio real da Espanha. Do outro lado brindam Marisa Letícia da Silva e o Rei Juan Carlos
Entrega simbólica do cheque de 50 mil euros a Kofi Anan, ex-secretário geral da ONU, para o Fundo Mundial de Combate à Fome e à Miséria
Flagrante da visita ao Museu do Comitê Olímpico Internacional de Genebra, Suíça
A bordo do Boeing presidencial, Lula observa um Mirage da FAB
Lula em discurso na escola do balé Bolshoi de Joinville, em Santa Catarina
Presidente Lula durante cerimônia de conclusão da obra de conversão da Plataforma P-47 no Porto do Rio de Janeiro
Presidente Lula a bordo do avião presidencial
Presidente Lula e oficiais do Exército exibem sucuri durante visita a Tabatinga (AM)
Presidente Lula chegando ao Palácio da Alvorada.
Presidente Lula é recebido com honras militares ao chegar a Botsuana para visita oficial
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As trajetórias do último militar e do primeiro operário na Presidência do Brasil cruzam-se em um sobrenome. Roberto Stuckert foi o fotógrafo oficial do ex-presidente João Figueiredo e Ricardo Stuckert é o responsável pelas imagens de Lula. Símbolos de uma família que soma outros 31 colegas de profissão, pai e filho conhecem como poucos os corredores do Palácio do Planalto.

O caminho dos Stuckert rumo ao coração do poder brasileiro começou na Suíça. Após a Primeira Guerra Mundial, o bisavô de Ricardo, Eduardo Roberto Stuckert, embarcou de Lausanne em direção à América do Sul, sem destino definido. Na primeira parada, encantou-se com a Paraíba e por lá ficou. Além de fotógrafo, era pintor e tradutor. Passou o primeiro ofício aos filhos, depois aos netos.

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Roberto, neto do pioneiro Eduardo, foi um dos que herdou o dom da fotografia e, aos 16 anos, já cobria sua primeira campanha presidencial, entre o marechal Henrique Lott e Jânio Quadros, em 1960. "Mesmo eu sendo muito jovem, o Lott já havia me chamado para ser fotógrafo oficial dele. Só que ele perdeu e eu tive de esperar mais 20 anos", lembra Roberto.

Nas idas e vindas da corrida eleitoral, Roberto conheceu Brasília e acabou mudando-se para a capital. Em pouco tempo ganhou prestígio e abriu uma agência de fotografia, a Stuckert Press. O escritório empregava quase toda a família e enviava o material do Planalto para os grandes jornais do país.

Foi no início dos anos 70 que conheceu Figueiredo. O general queria que Roberto o ensinasse a captar boas imagens de cavalos – a paixão do futuro presidente pelos animais era tanta que ele chegou a dizer que preferia o cheiro deles ao do povo. "Eu me lembro de quando tinha 11 anos e ia com o meu pai à Granja do Torto, no sábado. Ele fotografava os bichos e eu brincava, sem saber qual seria o meu futuro", diz Ricardo, bisneto do pioneiro da família.

Três anos mais tarde, Ricardo começou a fotografar. Nascia o profissional Stuckinha, em contraponto ao pai, Stuckão. Duas décadas depois e vários veículos nacionais no currículo (como o jornal O Globo e as revistas Caras e Veja), Stuckinha cruzou com Lula durante a cobertura das eleições de 2002. Ele trabalhava na revista IstoÉ e tinha uma difícil missão – produzir ensaios com os principais candidatos, que incluíssem fotos da intimidade de cada um.

Convencer Anthony Garotinho, Ciro Gomes e José Serra foi fácil. O problema era o ressabiado Lula, que já havia perdido três disputas seguidas. Após semanas de negociação com os assessores, Stuckinha recorreu diretamente ao presidente e conseguiu passar uma hora no apartamento do petista, em São Bernardo do Campo (SP). Do ensaio, saiu a melhor foto da campanha, em que Lula rosnava para a cadela Michele. Depois disso, Stuckinha seguiu na cola do candidato e ganhou a confiança do futuro presidente.

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A admiração de Lula pelas fotos levaram ao convite para ser o fotógrafo oficial da Presidência. Antes de decidir se aceitava o cargo, Stuckinha recorreu ao pai. Stuckão falou do volume de trabalho e da falta de privacidade. "Você será o fotógrafo do presidente; vai ter de tomar cuidado com tudo o que faz na vida pessoal", aconselhou Roberto.

Ricardo aceitou, mas impôs uma condição: ele faria a foto oficial de Lula, remetida a todas as repartições públicas do país. Mais uma vez, a família conseguiu impor a sua marca e selou outra semelhança histórica entre dois homens tão opostos. Entre todos os presidentes brasileiros, apenas Lula e Figueiredo posaram para a foto oficial com um sorriso estampado no rosto.