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Veja dados do Relatório da Assembleia sobre os roubos e furtos dos veículos da Casa |
Veja dados do Relatório da Assembleia sobre os roubos e furtos dos veículos da Casa| Foto:

Registros

Meia-noite e dez da manhã: horários com mais roubos

Apesar de cedidos para a atividade parlamentar dos deputados, os automóveis da Assembleia Legislativa também eram usados para fins particulares. Os boletins de ocorrência de furtos e roubos dos carros da Casa mostram que os horários de alguns crimes são incompatíveis com os trabalhos referentes ao mandato parlamentar. Dos 48 registros citados no relatório, 29 aconteceram fora do horário de expediente – de 8 às 18 horas.

O horário com mais registro de roubos e furtos da frota da Assembleia é meia-noite – cinco no total. O relatório mostra ainda que um dos crimes aconteceu às 4 horas do dia 10 de janeiro de 1999, em frente ao Hospital Evangélico, no bairro Bigorrilho. Além disso, 23 roubos/furtos foram praticados entre 18 horas e meia-noite.

De acordo com os próprios parlamentares, não havia restrição quanto ao uso que os deputados faziam dos dois carros a que cada um tinha direito durante o mandato. Também não era necessário apresentar relatório a respeito dos automóveis. (ELG e KK)

O relatório preliminar da Assembleia Legislativa do Paraná a respeito da frota de carros mantida pela Casa traz um dado inusitado. Enquanto a média de roubos e furtos de veículos na cidade de Curitiba foi de 0,62% da frota, entre 2007 e 2010, o índice de automóveis furtados e roubados do Le­­­gislativo paranaense foi de 32,6% nos anos de 1994 a 2003 – taxa 52 vezes maior que a da capital. Somente em 1996, mostra o relatório, nove carros oficiais da Casa foram roubados ou furtados – quase um veículo por mês. A maioria dos crimes aconteceu na região central de Curitiba e alguns, em horários incompatíveis com o trabalho parlamentar. A Gazeta do Povo solicitou à Secretaria da Segurança Pública (Sesp) os dados referentes aos roubos e furtos de veículos na capital entre 1994 a 2003, mas não obteve retorno.

De acordo com o relatório, elaborado pelo segundo-secretário da Assembleia, deputado Reni Pereira (PSB), os registros informam que a Casa possuía 55 carros oficiais. Desses, 48 foram roubados ou furtados e apenas seis estão sendo usados atualmente – além disso, um veículo, modelo Monza fabricado em 1992, permanece desaparecido. As informações foram obtidas por meio de ofícios encaminhados à Receita Estadual, Sesp e ao Depar­­tamento de Trânsito do Paraná (Detran).

Hermas Brandão

Até o início dos anos 2000, a Assembleia mantinha uma frota de aproximadamente 150 carros – dois para cada deputado, além dos destinados à presidência e às secretarias. Em 2004, o então presidente do Legislativo, Hermas Brandão, anunciou que iria leiloar os automóveis para moralizar a Casa. Com essa medida, a frota de veículos passou a ser, de acordo com o setor de patrimônio da Casa, de 55 automóveis. No entanto, o relatório apresentando por Reni mostra que apenas seis carros continuavam sendo usados pelo Legislativo. O restante, 49 veículos, estava desaparecido. Ou seja, um terço da frota original havia sido roubada ou furtada.

Analisando todos os boletins de ocorrência registrados por representantes da As­­sembleia na Polícia Civil, é pos­­sível constatar que a maioria dos roubos e furtos aconteceu em três bairros centrais de Curitiba: Bigorrilho, Centro Cívico (bairro onde está localizada a sede do Legislativo estadual) e Centro.

Familiares

Outro dado que chama a atenção é que 11 automóveis roubados ou furtados estavam, no momento dos crimes, sob a responsabilidade de deputados ou de familiares de parlamentares. Entre eles, estão os nomes do atual secretário estadual do Trabalho e deputado licenciado, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), do também peemedebista Ademir Bier e do líder do governo, Ademar Traiano (PSDB).

Por telefone, Romanelli disse se lembrar do roubo. "Estava numa reunião do diretório do PMDB e, quando saí, vi que o carro tinha sido levado", conta. No relatório, consta que o veículo sob a responsabilidade de Romanelli, um Santana 2000, foi roubado às 21h20 do dia 28 de fevereiro de 1997, no bairro Batel.

O filho do ex-deputado Dobrandino da Silva (PMDB), Sâmis da Silva, também aparece nos registros da polícia num roubo de um Santana ocorrido no bairro Juvevê, em 23 de outubro de 1995.

Já um funcionário do ex-deputado Antônio Belinati (PP) teve dois automóveis da Assembleia roubados ou furtados quando era o responsável pelos veículos. Os dois crimes aconteceram no bairro Bigorrilho num intervalo de seis meses: um no dia 2 de fevereiro de 2001 e o outro em 9 de agosto.

Seguro

De acordo com a atual direção da Assembleia, a Casa foi ressarcida por empresas de seguro pelo roubo dos 48 veículos. No entanto, o relatório de Reni Pereira afirma que o levantamento dessa informação ainda não foi concluído.

Anteontem, o ex-diretor-geral da Casa Abib Miguel, o Bibinho, disse em entrevista à Rádio CBN que o prejuízo foi de fato ressarcido. "Eu não sou policial. Qualquer outra dúvida, dirija-se à delegacia de polícia, à de furtos de automóveis. Eles darão as explicações lá; eles têm o registro", respondeu Bibinho, que trabalhou na Casa entre 1991 e 2010, quando questionado sobre o alto índice de crimes envolvendo a frota de carros da Assembleia.

Procurados, Reni Pereira e Valdir Rossoni (PSDB), presidente da Assembleia, não foram encontrados para co­­mentar o assunto.

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