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Uma das testemunhas da queda do helicóptero que transportava turistas do autódromo de Interlagos para o prédio do World Trade Center, no Brooklin, disse que a porta esquerda da aeronave se abrir em pleno vôo, pouco antes do acidente. Em depoimento à polícia, o segurança Wilson da Rocha Meneses, que estava na escada do heliponto onde a aeronave deveria pousar, contou que a partir daí o piloto perdeu o controle e a aeronave rodopiou.

- Wilson é funcionário da Embrase, uma empresa de segurança contratada pelo World Trade Center. Ele foi designado para acompanhar a chegada daquele vôo. Não pôde subir no heliponto, onde estavam um bombeiro e um funcionário de operação, mas avistou da escada a aeronave chegando, por volta das 17h50m. Ele estava no local desde às 17h20m esperando o helicóptero - disse o delegado Antônio Carlos Meneses Barbosa, do 96º Distrito Policial, onde o caso foi registrado.

A polícia vai abrir um inquérito para saber se o piloto, Guilherme Ferraz, foi imprudente, segundo o delegado. Também vai investigar a possibilidade de falha mecânica. O pai do piloto, Carlos Ferraz, disse que Guilherme está habilitado há três anos para dirigir helicópteros. Uma das hipóteses para o acidente é um problema no rotor de calda. Os destroços da aeronave foram retirados nesta segunda-feira do local. A aeronave caiu pouco antes das 18h deste domingo com seis pessoas à bordo. Dos passageiros, três são sul-africanos.

A polícia também ouviu nesta segunda-feira Raimundo Gricório de Andrade, vigia de uma obra em frente ao local onde o helicóptero caiu. O depoimento do carioca Aroldo Antonio Oliveira, de 45 anos, um dos passageiros, está marcado para acontecer ainda nesta segunda-feira, depois dos exames médicos no Hospital Sírio Libanês, onde ele está internado junto com as outras vítimas. Ele será o primeiro das vítimas a contar como foi o acidente.

Aroldo Antonio de Oliveira falou nesta segunda-feira sobre os momentos de desespero que passou durante a queda da aeronave. Oliveira estava junto com seu filho de 13 anos. Os dois estão internados no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde realizam exames. O piloto do aparelho e um passageiro sul-africano terão de ser submetidos a cirurgia da coluna, segundo boletim médico.

- Imagina estar com meu filho e saber que a vida dele corre perigo. Não pensei em mim. Era uma situação desesperadora, mas não perdi a esperança - contou Oliveira, que está internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, e deve passar três dias no hospital.

Ele viajou do Rio de Janeiro para São Paulo para ver a corrida por causa do filho, que, segundo ele, é fanático por automobilismo. Os dois chegaram na sexta-feira, junto com amigos.

Oliveira contou que percebeu que algo estava errado quando a aeronave passou direto pelo heliponto e ficou entre dois prédios.

- Em seguida, o helicóptero deu um tranco e começou a girar, num movimento estranho, mas ainda estava na posição normal. Achei que ele conseguiria chegar até o chão assim, mas bateu no prédio com a cauda e caiu em queda livre. A batida no chão foi muito forte e um dos passageiros foi lançado para fora - afirmou, acrescentando que a aeronave estava na altura do 12 andar do prédio.

- Consegui colocar ele a alguns metros do helicóptero e tentei voltar para ajudar os outros, mas me senti mal. Achei que ia desmaiar.

Segundo ele, os primeiros a chegar para socorrer foram operários da obra onde caiu o helicóptero. A ambulância do Samu, afirmou, chegou rapidamente.

- Meu filho e eu estávamos com muitas dores.

Na avaliação dele, o piloto foi habilidoso, teve tranqüilidade e pensou na vida dos passageiros e na dele própria.

- Contamos com a ajuda dele e com a de Deus.

Oliveira disse que ainda não sabe o que fará em relação ao acidente.

- Quero saber se a aeronave recebia manutenção periódica. Temos que ir atrás do responsável pela operação. A única coisa que quero é que seja apurado, para evitar este tipo de acidente - afirmou.

Rosane Mendonça, mulher de Oliveira, afirmou que o filho contou a ela que sentiu muito medo.

- Ele pensou que ia morrer e teve muito medo. Aquela sensação que temos quando sabemos que podemos morrer. Está muito assustado - afirmou.

Segundo ela, o menino foi submetido a uma ressonância magnética e aguarda o resultado do exame para obter alta e voltar para o Rio. O marido, no entanto, deve ficar pelo menos três dias internado.

Rosane contou que ficou sabendo do acidente em doses homeopáticas, pois o marido ligou do hospital para saber se o menino tinha algum tipo de alergia. Ao telefone, Oliveira contou que houve um pouso forçado, não uma queda da aeronave.

- Só me tranqüilizei quando ouvi a voz dele.

Mas Rosane percebeu a gravidade do acidente quando viu a foto do helicóptero pela internet. Ela conta que teve uma crise de tremedeira, pegou um avião e veio para São Paulo.

- Aparentemente ele estava bem, mas eu queria detalhes para ficar tranqüila - contou.

Carlos Ferraz, pai do piloto, disse que seu filho é piloto profissional há três anos. Preocupado com a saúde do filho, que será submetido a cirurgia, ele não quis comentar o acidente.

Leia mais: O Globo Online

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