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Em audiência na 20.ª Vara Cível do Fórum João Mendes, em São Paulo, cinco testemunhas arroladas pela família do jornalista Luiz Eduardo Merlino relataram ontem atos de tortura a que ele foi submetido há 40 anos nas dependências do DOI-Codi – unidade do antigo II Exército – e atribuíram a violência ao coronel da reserva Carlos Alberto Brilhan­­­te Ustra, então major e comandante daquela unidade militar.

Paulo Vannuchi, ex-ministro de Direitos Humanos do governo Lula, declarou que em 1971 também foi capturado e encontrou Merlino agonizante. "Ele [Ustra] comandou todas as sessões de tortura", afirmou Vannuchi.

A praça do fórum recebeu ma­­­nifestantes que empunhavam cartazes, faixas e fotos de Merlino e de muitas dezenas de desaparecidos políticos.

Outra testemunha, Joel Ru­­­fino, professor de 70 anos, contou que foi preso um ano depois da morte de Merlino. "Ouvi do carcereiro Oberdan que ele tinha sido ‘barbarizado’. As pernas ficaram gangrenadas e a única forma de salvá-lo era a amputação".

Integrante do Partido Operá­­­rio Comunista (POC), Merlino foi preso em Santos, na noite de 15 de julho de 1971. No dia 19, seu corpo foi levado para o Instituto Médico-Legal. A versão oficial: tentou fugir de uma escolta e foi atropelado na estrada. A ação contra Ustra, de 78 anos, busca reparação por da­­­nos morais. Ele não foi ao fórum. Será ouvido em Brasília, onde mora. "Ustra nega tudo, diz que jamais participou de tortura", afirma o advogado Paulo Esteves.

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