Thomaz Bastos: relação com Cachoeira estaria desgastada| Foto: Elton Damásio/ Gazeta do Povo

O ministro da Justiça do governo Lula, Márcio Thomaz Bastos, "mito" da advocacia penal que defendia o contraventor Carlinhos Cachoeira, renunciou à causa. Seguiu Thomaz Bastos toda a equipe que o assessorava, inclusive os criminalistas Augusto Botelho e Dora Cavalcanti.

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"Eu saio por razões que nada têm a ver com o mérito da causa", declarou ontem Thomaz Bastos. A conhecidos, o ex-ministro disse que deixava o cliente devido ao "desgaste natural da relação [com o cliente]".

Havia pelo menos um mês que o criminalista amadurecia a ideia de abandonar a demanda.A gota d´água teria sido a denúncia de que a mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, tentou chantagear o juiz responsável pelo processo da Operação Monte Carlo.

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Amigos de Thomaz Bastos dizem que o incomodava o desgaste que o caso provocava em sua biografia. O ex-ministro nunca confirmou, mas também jamais desmentiu, os R$ 15 milhões que lhe teriam sido oferecidos por Cachoeira.

Cifra tão elevada logo despertou a atenção de um procurador da República do Rio Grande do Sul, que pediu investigação por suposta prática de lavagem de dinheiro do contraventor. Ao que consta, porém, Cachoeira deu calote e nada pagou ao ex-ministro

Fiança

Andressa depositou ontem a fiança no valor de R$ 100 mil determinada em medida cautelar expedida pelo juiz federal Mark Yshida. O pagamento de fiança foi determinado na segunda-feira, depois que Andressa foi denunciada por tentar chantagear o juiz federal Alderico Rocha Santos, que cuida do processo contra Cahoeira, com a intenção de que o marido fosse beneficiado na ação penal.

Segundo a denúncia feita pelo próprio juiz, Andressa anotou em uma papel três nomes e afirmou ter um dossiê relacionado a essas pessoas, com "informações desfavoráveis" a ele. Ainda de acordo com o juiz, Andressa teria dito que as denúncias seriam divulgadas pelo "repórter Policarpo na revista Veja" caso não fosse concedida liberdade a Cachoeira.

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Ontem, Rocha Santos afir­­­mou não ter relação com os nomes que, segundo ele, Andressa anotou em um papel. A mulher de Cachoeira teria escrito: Marcelo Miranda, "Maranhense" e "Luiz". O primeiro seria o ex-governador de Tocantins, do PMDB; o segundo, um fazendeiro na região do Tocantins e Pará, e o último, um amigo de infância do juiz.

Santos diz avaliar que o suposto dossiê seja uma invenção de Andressa. "Não há porque ter dossiê, não tenho relação com esse pessoal", disse.