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Dos 356 vôos programados em todo o país entre a 0h e as 8h30 deste sábado (23), 109 tiveram atraso de mais de uma hora, segundo boletim da Infraero, a estatal que administra os aeroportos. O número corresponde a 30,6% do total. Outros 23 vôos foram cancelados (6,4%).

O terminal que registrou maior percentual de atrasos foi o de Fortaleza (CE). Doze das 19 decolagens previstas nesse período ocorreram fora do horário marcado (63,1% do total). Em Brasília, mais da metade das partidas atrasaram. Das 13 operações previstas, sete tiveram atraso (53,8%).

Os cancelamentos foram registrados em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, em Goiânia, em Guarulhos (SP), no Recife (PE) e em Salvador (BA).

Movimento intenso

O sábado começou com movimento intenso nos principais terminais aéreos do país. No Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, os passageiros começaram a se aglomerar logo cedo nos guichês das companhias aéreas. A Infraero informou que aumentou para 20 minutos o espaçamento dos vôos que partem desse terminal para a Região Nordeste. O intervalo normal é de cinco minutos.

Apesar do grande número de passageiros nas filas, não há registro de tumultos. Segundo a Infraero, em Guarulhos, um em cada cinco vôos previstos até as 8h30 atrasaram mais de uma hora. Das 41 decolagens, oito ocorreram fora do horário previsto (19,5).

Em Congonhas, na Zona Sul da Capital paulista, a Infraero informa que dois vôos atrasaram mais de uma hora.

No Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, dez dos 27 vôos atrasaram mais de uma hora (37% do total). Em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, três dos 13 vôos tiveram o mesmo problema (23,8%).

Crise aérea

A crise aérea do país já dura nove meses. O novo capítulo começou na tarde de terça-feira (19), com uma suposta operação-padrão dos controladores de vôo do centro de controle de tráfego aéreo de Brasília, o Cindacta-1. Eles teriam feito um protesto contra a decisão da Aeronáutica de prorrogar as investigações do motim realizado em 30 de março, quando todas as decolagens do país foram suspensas.

O clima de tensão entre controladores e governo piorou depois que foi anunciada prisão administrativa do presidente da Federação Brasileira das Associações de Controladores de Tráfego Aéreo (Febracta), Carlos Henrique Trifilio Moreira da Silva, na noite de quarta-feira (20). Ele foi punido pela Aeronáutica por declarações dadas em uma entrevista. Na sexta-feira (22), foi decretada a detenção de Moisés Gomes de Almeida, vice-presidente da Febracta, por uma entrevista concedida à Rádio CBN.

Segundo o advogado Tadeu Correia, a decisão de afastar líderes do movimento dos controladores de vôo do Cindacta-1, em Brasília, pode ser o estopim para a deflagração de nova operação-padrão da categoria, como a que ocorreu no dia 30 de março. Ele defende Trifilio. "Ninguém esperava uma atitude impensada como essa", afirmou o advogado.

Jogo duro

Para o governo, os controladores de vôo são o problema. Depois de receber do presidente Lula a ordem para jogar duro com a categoria, o comandante da Aeronáutica afastou 14 sargentos controladores do Cindacta-1, de Brasília, a quem chamou de "lideranças negativas".

Eles teriam se recusado a trabalhar, alegando problemas técnicos não encontrados nos equipamentos. Para enfrentar uma possível reação da categoria, a Aeronáutica montou um esquema de emergência.

Controladores de defesa aérea, que atuam exclusivamente na interceptação de aeronaves, podem ser convocados para controlar vôos comerciais. Nos trechos mais congestionados, vão ser criados corredores especiais de tráfego, como a ponte aérea Rio-São Paulo. Previsão de caos

Apesar das medida anunciadas, a própria Aeronáutica já admite que, nos primeiros dias úteis da próxima semana, o movimento intenso de vôos remarcados deve complicar a vida de quem tenta viajar.

O presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, confirmou que o clima encontrado na sexta-feira nos aeroportos se repetirá no fim de semana, mesmo com a habitual diminuição do tráfego aéreo. Já o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, ressaltou o que os passageiros já sabem há muito tempo: "O momento é de extrema gravidade". Reação dos passageiros

Enquando o governo procura soluções para a crise, os passageiros sofrem nos aeroportos. Muitas pessoas dormiram nos aeroportos duranta a semana, enquanto esperavam pelo embarque. Outras decidiram remarcar a viagem.

Um dos casos mais críticos foi da menina Maria Luisa, de 2 anos, que foi operada da coluna na quarta-feira (20), em São Paulo, e esperou pelo embarque para Aracaju (SE)pelo menos dois dias. Mãe e filha tiveram que passar a madrugada de sexta-feira dormindo em um banco do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Maria Luisa descansou em uma maca improvisada.

Já no Rio de Janeiro, uma aposentada precisou de atendimento médico. Após ficar cerca de quatro horas esperando pelo vôo sem água, comida e dividindo uma pequena sala com outras pessoas e até um cachorro, Ilka Maria Machado, de 71 anos, que visitava o Rio para se tratar de um acidente vascular cerebral, passou mal na sala de espera. "A gente estava voltando para casa. Ela acabou de sair do hospital. O avião já está no solo, mas não há qualquer previsão. A empresa nos disse que não é responsabilidade dela nos dar lanche. Só depois de quatro horas de espera", reclamou a filha de Ilka, Ilcemara. A aposentada foi levada por uma ambulância para o hospital.

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