Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
contas federais

Tudo sobre as pedaladas fiscais e as dificuldades de Dilma no TCU

Manobras fiscais para maquiar o déficit público serão julgadas agora em agosto pelo TCU. E podem dar motivo para a oposição pedir o impeachment de Dilma Rousseff

Dilma passeia de bicicleta para relaxar: pedaladas fiscais, ao contrário, são motivo de preocupação. | Ed Ferreira/Folhapress
Dilma passeia de bicicleta para relaxar: pedaladas fiscais, ao contrário, são motivo de preocupação. (Foto: Ed Ferreira/Folhapress)

Se o primeiro semestre do governo Dilma Rousseff foi marcado por polêmicas e dificuldades de gestão política, a partir de agosto o Planalto vai enfrentar outra grande preocupação: o julgamento dos gastos de 2014 do Executivo pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O órgão vai recomendar ao Congresso a aprovação ou desaprovação das contas. Uma possível desaprovação das contas, por causa das chamadas pedaladas fiscais (manobras fiscais para maquiar o déficit orçamentário), pode levar até a um processo de impeachment contra a petista, por crime de responsabilidade.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que acabou de romper laços com o governo federal, enfatizou que, apesar de a decisão do TCU sobre a manobra ser técnica, a aprovação ou rejeição das contas é política. Deputado ligado a Cunha, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, Arthur Lira (PP-AL), chegou a pedir um levantamento à equipe técnica da Câmara para traçar como seria a tramitação interna de um eventual processo de impeachment contra Dilma em função das pedaladas.

O governo federal, porém, sustenta que as chamadas pedaladas fiscais fazem parte da gestão administrativa e que foram praticadas também por outros governos. Além disso, como ressaltou o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, o governo estaria disposto a acatar apontamentos feitos pelo TCU e alterações no futuro. “Infelizmente esse debate, ao contrário de outros anos, adquiriu contornos políticos”, disse Adams no último dia 16.

Análise

Especialistas da área econômica e do Direito consultados pela reportagem ressaltam, como argumenta o governo, que há jurisprudência no TCU que permite a manobra. Mas eles avaliam que a frequência e o montante de atrasos nos repasses tendem a levar à recomendação de desaprovação das contas. “Dá a impressão que foi uma coisa planejada, não esporádica. Aparentemente o governo utilizou disso para gerar um superávit primário maior do que ocorreu”, diz o especialista em finanças públicas Mansueto Almeida.

Também especialista da área, Raul Velloso avalia que o peso do ano eleitoral, em 2014, foi decisivo para a ocorrência frequente do uso das pedaladas fiscais. “O governo quis esconder que o déficit estava aumentando em ano eleitoral. Ele sabia que teria que mudar a meta [de superávit], mas isso teria um impacto político muito grande”, diz. Apesar disso, Velloso diz que a decisão do Congresso sobre as contas não levará em conta o impacto econômico das manobras, mas sim o aspecto político.

O advogado Rodrigo Kanayama, professor de Direito Público da UFPR , diz que a situação política ruim que vive a presidente colaborou para que a incerteza sobre a aprovação das contas. Mas ele avalia como positiva a atitude mais rigorosa do TCU. “Todos os governos acabam escorregando de alguma maneira na Lei de Responsabilidade Fiscal, mas ela está sendo aplicada de maneira correta”, aponta.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.