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O secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, disse nesta quarta-feira (5) que só vai se manifestar sobre sua suposta ligação com Li Kwok Kwen, conhecido como Paulo Li e apontado pela Polícia Federal como o chefe da máfia chinesa em São Paulo, após ter informações sobre a investigação do órgão.

Gravações telefônicas e e-mails interceptados pela Polícia Federal, durante investigação sobre contrabando, apontam ligação entre Tuma Júnior e Paulo Li, segundo reportagem publicada nesta quarta pelo jornal "O Estado de S.Paulo". Li foi denunciado pelo Ministério Público Federal no fim do ano passado por formação de quadrilha e descaminho e está preso.

"Não tive acesso nenhum a essa investigação, portanto é impossível falar sobre ela. Fica um compromisso meu a vocês de falar sobre isso tão logo eu saiba", disse Tuma Júnior no final da tarde a jornalistas que esperavam há mais de três horas por seu pronunciamento no Ministério da Justiça.

Antes do pronunciamento, o secretário se reuniu com o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto. No final da tarde, Barreto foi para o Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória do governo, para uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O encontro não estava na agenda oficial da Presidência. Segundo a assessoria do ministério, a reunião foi convocada por Lula.

Investigações

A suposta ligação entre Tuma Júnior e o chinês teria sido identificada em gravações telefônicas durante as investigações da Operação Wei Jin, em setembro do ano passado. Segundo reportagem publicada nesta quarta pelo jornal "O Estado de S.Paulo", ao ser preso sob suspeita de comandar uma quadrilha de contrabando, Paulo Li teria telefonado para Romeu Tuma Júnior na frente dos agentes federais que cumpriam o mandado.

Dias após a prisão, Tuma Júnior teria ligado para a Superintendência da PF em São Paulo, onde corria a investigação, e pediu para ser ouvido. O depoimento teria ocorrido em um sábado e o secretário alegou, segundo o jornal, que não sabia de atividades ilegais de Li.

As gravações revelariam, segundo a reportagem do jornal, que o secretário de Justiça era cliente do suposto esquema de contrabando. Paulo Li, apontado como chefe da quadrilha, está preso desde setembro.

A denúncia, que não cita Tuma Júnior, foi oferecida pelo Ministério Público Federal em outubro e recebida pela Justiça Federal no mesmo mês. Paulo Li e outras pessoas foram acusadas de formação de quadrilha e descaminho. Nesta sexta-feira (7), serão realizadas audiências das testemunhas de defesa.

O advogado Alberto Zacharias Toron, que defende Paulo Li, afirmou que desconhece uma suposta ligação entre seu cliente e o secretário de Justiça. "Ele nunca comentou qualquer relação com uma ou outra pessoa", disse.

Informações privilegiadas

Além da suposta ligação entre Paulo Li e Tuma Júnior, as investigações também indicam que um dos réus no processo, Lee Men Tak, tinha informações privilegiadas sobre as operações da Polícia Federal.

"A defesa de Lee Men Tak (...) manifestou-se aduzindo ser imprescindível a verificação, na portaria da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, de quantas visitas fez o acusado àquele órgão, e em quais repartições se dirigiu, já que não há dados, nos autos, de que o corréu visitava constantemente aquele órgão. Justifica seu pedido alegando que, apesar da afirmação de que o corréu teria amigos e contatos dentro da Polícia Federal, nenhuma pessoa foi indicada como sendo o seu contato. Além disso, aduz não ter sido indicado sequer uma informação sigilosa a respeito de operações realizadas pela Polícia Federal. Afirma que, com o deferimento do pleito, será possível verificar se de fato o réu visitou aquele órgão, a fim de que se possa contrapor a sua palavra frente à de seus interlocutores, registradas na interceptação telefônica", diz um trecho do processo em andamento na 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo.

A defesa de Paulo Li diz também desconhecer que ele recebesse informações privilegiadas da PF.

O G1 procurou as superintendências da PF de São Paulo e em Brasília, mas ambas não se pronunciaram sobre as investigações. A PF de Brasília não confirmou se há uma investigação em andamento relacionada ao secretário de Justiça.

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