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O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), afirmou nesta terça-feira que está analisando as provas contra o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF) em conjunto com o Ministério Público do Distrito Federal. Tuma explicou que também vai procurar esclarecer por que o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, deu prazo de 20 dias para Roriz apresentar sua defesa. Também nesta terça-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que quer despachar "o mais rapidamente possível" o caso.

- Temos que reunir a Mesa e despachar o mais rapidamente possível - disse Renan, que, por sua vez, é acusado de ter contas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior.

Roriz teve conversas com o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Tarcísio Franklin de Moura gravadas por uma operação da Polícia Federal. Nos diálogos, os dois discutem a divisão de R$ 2,2 milhões provenientes de um cheque sacado da conta, no BRB, do empresário Constantino Oliveira, dono da Gol. Segundo representação do PSOL contra Roriz, as empresas da família de Constantino possuem cerca de 30% das concessões de exploração do transporte público do DF.

Nesta segunda, o Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) informou, em nota, que não abrirá investigações internas sobre o suposto pagamento de propina a integrantes do tribunal no julgamento de uma ação contra Roriz, em outubro passado. A corte só agirá se for acionada pelo Ministério Público Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Segundo a revista "Veja", dois juízes do TRE-DF teriam recebido R$ 1,2 milhão para absolver o ex-governador, acusado pelo Ministério Público de usar a máquina pública na campanha. O senador é acusado de ter sido beneficiado com suposta propaganda institucional por parte da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) que, ao modificar seu número de telefone, deu destaque ao número do candidato. O PCdoB entrou com um recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que aguarda um parecer da Procurador Geral Eleitoral (PGE) sobre a representação.

O senador teria confessado a compra dos dois juízes numa conversa com o suplente Gim Argello, que foi internado no sábado no Hospital Brasília, mas recebeu alta domingo.

Na apresentação de mais um detalhe do caso, o Blog do Noblat informou que uma gravação feita pela Operação Aquarela mostra que os R$ 2,2 milhões sacados no BRB foram entregues a Valério Neves Campos, principal assessor de Roriz no Senado.

No documento divulgado pelo tribunal regional nesta segunda-feira, e assinado pelo presidente Otávio Augusto Barbosa, o TRE-DF não contestou o conteúdo das reportagens e informou que prestará as informações necessárias ao Ministério Público, que investiga o caso. O tribunal promete ainda tomar "as providências de rigor necessárias no caso de serem efetivamente verificados desvios de conduta" de seus integrantes.MP também investiga Roriz, que ganha prazo para defesa

A partir de segunda-feira, Roriz passou a ter um prazo de 20 dias para apresentar explicações ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, sobre as conversas gravadas pela Operação Aquarela. O procurador abriu procedimento administrativo contra o senador. Como Roriz tem foro privilegiado, depois deste prazo o procurador deverá pedir abertura de inquérito contra ele ou denunciá-lo ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Já no Congresso, a abertura de processo contra o senador por quebra de decoro deve ser solicitada pela Mesa do Senado ao Conselho de Ética ainda esta semana . A solicitação já teria sido acertada entre o vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), e o senador José Nery (PSOL-PA), autor do pedido de investigação.

Roriz pensa em renúncia coletiva com seus suplentes

Roriz tem consultado aliados sobre a possibilidade de renunciar ao mandato de senador até a próxima quinta-feira, quando a Mesa do Senado deve fazer sua próxima reunião, para escapar da cassação. Caso decida deixar o Senado, a renúncia seria coletiva, incluindo o primeiro suplente, Gim Argelo, que também estaria comprometido com gravações de escutas telefônicas. A renúncia coletiva seria idéia do segundo suplente de Roriz, o advogado Marcos de Almeida Castro, ex-presidente da Companhia de Água e Esgoto do DF. Com isso, haveria nova eleição para o Senado no DF, e Roriz poderia se candidatar. Ou, o que é mais provável, ele esperaria até 2010, quando duas cadeiras estarão em disputa.

Há consenso, entre os aliados, de que, do ponto de vista formal e legal, sua defesa é robusta, mas que, do ponto de vista político, sua situação é bastante frágil. A avaliação é que Roriz não conta com o apoio de seus pares na Casa.

- A renúncia faz parte do arsenal estratégico do senador. Mas só será adotada em última instância, para preservar seus direitos políticos e se for feita de forma coletiva pela chapa - disse o deputado Tadeu Filipelli (PMDB-DF).

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não gostaria que Roriz renunciasse ao mandato. Sua avaliação é de que isso se voltaria contra ele, com o aumento da pressão da sociedade para que todos os suspeitos sejam punidos.

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