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A cerca de seis meses das eleições, a disputa presidencial brasileira ainda não atraiu a atenção da imprensa estrangeira. Mas o país está no foco dos jornais internacionais por assuntos que devem estar na pauta da sucessão de Dilma Rousseff: problemas de infraestrutura e, principalmente, a Copa do Mundo.

Correspondente do jornal espanhol El País, o jornalista Juan Aires vê o terreno das eleições no Brasil como "escorregadio". "Hoje achamos mais importante noticiar problemas do dia a dia, como o nível de água da Represa de Cantareira, em São Paulo, do que trabalhar especulações", diz.

A primeira edição da revista inglesa The Economist deste ano trouxe uma reportagem que tratava da imprevisibilidade sobre o resultado das eleições. Jan Piotrowski, correspondente da revista no Brasil, acredita que pouca coisa mudou desde então. "Os protestos [de 2013] fizeram com que Dilma tivesse o seu favoritismo abalado, mas não temos um cenário sério e com grandes candidatos de oposição anunciados. Tudo pode acontecer."

Colaboradora da BBC e do jornal britânico The Guardian no Brasil, Jan Rocha vê 2014 como um ano de interesse por causa da Copa e dos 50 anos do golpe militar: "Esses pontos dão mais relevância para o país. A incerteza também. Lá fora todo mundo quer saber se vai haver protesto na Copa e se os estádios ficarão prontos ou não". Por ora notícias do dia a dia têm mais relevância. "O Brasil ainda não se atentou, mas a crise da falta de água e de energia é enorme. Isso é notícia, é grave e é importantíssimo."

O italiano Giuseppe Base­­lice, do portal Firstonline.info, cita a falta de reconhecimento dos adversários de Dilma como um dos motivos por que as eleições brasileiras ainda não despertaram a curiosidade. "Depois da figura do Lula, o Brasil não teve nenhum político que tenha atraído a opinião pública europeia", afirma.

Na Argentina, a atenção às eleições é um pouco maior. "Comentamos muito o avanço do Brasil nos últimos anos. Ainda que haja protestos e crises internas, o desenvolvimento é nítido", afirma o jornalista Eduardo Cone Vilte, da Aires FM Salta. "Se a Dilma não for reeleita, o próximo governante deve manter a mesma forma de governo do PT. Também acho que o próximo presidente terá nas mãos o Brasil que está no foco mundial."

Cidadãos

A belga Céline Defaweux, engenheira ambiental, costuma acompanhar as eleições do Brasil. "Quando a Dilma foi eleita, vimos os brasileiros cheios de esperança. Ela fez um bom trabalho, mas a Copa e os Jogos Olímpicos podem representar um freio para sua carreira política", opina. A estudante francesa Sophie Fitzgerald vê o Mundial de futebol como um "calo no pé" de Dilma. "Problemas mais graves foram deixados de lado por causa da Copa. Isso pode se voltar contra ela nas urnas", diz. O diretor de arte espanhol Moeh DeLa Fuente acompanhou os protestos do ano passado e arrisca uma opinião sobre os reflexos eleitorais das manifestações: "O povo quer mudança". O jornalista brasileiro Jandy Sales, que mora no Canadá, diz que o noticiário local sobre o Brask gira em torno da Copa. "Há poucos dias, uma matéria do Toronto Star [maior jornal do país] apontou que a falta de água em São Paulo pode gerar racionamento na época dos jogos", diz. Sobre o cenário político pouco se fala no Canadá.

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