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O governador Beto Richa mantém-se insatisfeito com o programa ferroviário anunciado há duas semanas pelo governo federal. Na última quarta-feira, em Pato Branco, ele voltou a afirmar que o estado ficou de fora do PAC das Concessões, que não previu ferrovias que levassem a produção do Oeste do Paraná e do Mato Grosso do Sul diretamente ao Porto de Paranaguá. As linhas previstas deixaram de fora uma ligação direta de Cascavel ao terminal paranaense e facilitam o escoamento pelos portos do Rio Grande do Sul ou Santa Catarina.

No fundo, Richa continua ainda à caça dos culpados e dá a sua pregação um caráter mais político do que técnico. Mas prevê-se para este mês de setembro a oportunidade de o governo do Paraná fazer valer o que pensa ser melhor para o estado: após a Semana da Pátria, o presidente da recém-criada estatal federal Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, deve vir a Curitiba para se encontrar com autoridades e lideranças empresariais paranaenses. Pertencem ao seu caixa os R$ 133 bilhões que o governo diz ter para investir no plano rodoferroviário nacional que não agradou o estado.

É possível mudar o que foi proposto? O próprio Bernardo Figueiredo já sinalizou que sim. Neste caso, cabe agora ao estado dizer exatamente o que quer, o que é, basicamente, o seguinte: além de construir a ligação de Maracaju (MS) com Cascavel, construir também uma ferrovia entre Guarapuava e Curitiba. E a partir daí até Paranaguá? Seria possível modernizar a centenária ferrovia Curitiba-Paranaguá ou fazer uma nova atravessando a área protegida da Serra do Mar e aguentar a gritaria dos ambientalistas? Eis uma questão mais técnica do que política.

Olho vivo

Misturadores 1

Não é fácil entender os políticos. Vejam só: enquanto um dos candidatos a prefeito de Curitiba sofre com a acusação de que se aliou ao PT, partido envolvido no escândalo dos mensaleiros, os mesmos que o acusam propõem dar título de cidadão honorário ao ex-presidente Lula, que, embora "não soubesse de nada", era o principal beneficiário do suposto esquema de propinagem. O projeto está na Câmara Municipal e é de autoria do vereador Tico Kuzma, do PSB, mesmo partido do prefeito Luciano Ducci.

Misturadores 2

Kuzma, no entanto, é cuidadoso. Ele mesmo pediu que a votação final da concessão da honraria só aconteça após o fim do julgamento que ocorre no Supremo Tribunal Federal (STF). A explicação para pedir esse prazo também é dele: "Vamos aguardar para refletir melhor sobre a manutenção da homenagem". O PSB é um dos partidos que compõem a base do governo federal, mas em Curitiba está aliado à oposição. Difícil entender os misturadores de vozes.

Misturadores 3

Mas não são apenas os políticos os misturadores. A última pesquisa Datafolha/RPC* revela, por exemplo, que Ratinho Jr. (PSC) tem mais eleitores que se dizem simpatizantes do PT do que seu oponente Gustavo Fruet (PDT), candidato oficialmente apoiado pelo PT. O primeiro tem a preferência de 35% dos petistas, ao passo que o segundo conta com a simpatia de 23% deles. Também é maior a preferência (25%) dos simpatizantes petistas por Luciano Ducci (PSB), que faz campanha contrária ao PT.

A televisão...

Quando perguntados pelo Datafolha em qual candidato não votariam de jeito nenhum, 28% dos eleitores deram a pior nota a Rafael Greca; em seguida, a Ducci, com 21%; depois a Ratinho, com 18%; e por fim a Fruet, 10%. É interessante observar, no entanto, que os índices gerais de rejeição ficam diferentes entre aqueles que afirmam assistir sempre aos programas eleitorais na televisão.

... e a rejeição

Por exemplo: a rejeição a Ducci, que no índice geral é de 21%, sobe para 26% (cinco pontos porcentuais a mais). Sobe também um pouco para Ratinho Jr. (para 19%) e cai um ponto porcentual para Greca e Fruet (ficam 27% e 9%, respectivamente). É possível concluir, então, que o programa de Ducci, ao invés de atrair eleitores, está lhe causando expressiva sangria de votos?

A pesquisa Datafolha/RPC foi realizada entre os dias 28 e 29 de agosto com 832 eleitores. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. O registro no TRE-PR tem o número 00085/2012.

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