O estudante de direito Roberto Hissa Freire da Fonseca, de 23 anos, membro de uma família abastada de São Paulo, foi preso, na manhã do dia 23 de março, ao deixar um dos mais luxuosos hotéis da Zona Sul do Rio sem pagar a conta. A dívida, de mais de R$ 5 mil, pelo uso de três suítes, sendo a dele a presidencial, e por outros gastos, iria para a conta da União, via a Procuradoria da Fazenda Nacional de São Paulo (PFN-SP), onde estagiou de abril a novembro do ano passado.

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Seria mais um caso de estelionato, entre tantos aplicados no Rio, se o objetivo da estada de dois dias na cidade não tivesse sido descoberto pela polícia. Hissa tentou por três vezes, por telefone, uma audiência com o governador Sérgio Cabral, fazendo-se passar por assessor jurídico da PFN-SP. Agentes do gabinete do Palácio Guanabara estranharam a forma e a insistência do assédio, e acionaram a Secretaria de Segurança, que checou com a Procuradoria.

O subprocurador José Roberto Marques Couto, então chefe do órgão, informou que Roberto Hissa "jamais exerceu a função de assessor jurídico na unidade (...) e nem pertence ao quadro de funcionários desta projeção".

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Bastou um dia de monitoramento para que os agentes descobrissem várias fraudes, entre elas a falsificação da assinatura do ministro da Fazenda, Guido Mantega. No Aeroporto Santos Dumont, um jatinho de uma empresa de táxi aéreo aguardava Hissa havia dois dias. Do Rio, Hissa iria para Campos, depois para Brasília e, de lá, retornaria para São Paulo. A conta? R$ 40 mil.

O delegado Daniel Mayr Pereira, que interrogou Roberto Hissa, contou que ele inocentou seus três acompanhantes dizendo tê-los, também, enganado. Segundo o delegado, Hissa demonstrou, no depoimento, desequilíbrio emocional. Foram três depoimentos. No último, ele negou as confissões anteriores.

- O que mais impressionou foi a cultura jurídica dele. No quarto dele há uma quantidade enorme de livros jurídicos. Ele é capaz de enganar qualquer um contou o delegado.