Solidariedade petista: Dilma abraça Lula em evento na França no qual os dois estiveram presentes| Foto: Remy de la Mauviniere/Reuters

Oposição pede que novas denúncias sejam investigadas

A oposição ao governo federal pretende convocar o publicitário Marcos Valério para depor no Congresso. Na Câmara, já tramita requerimento de Bruno Araújo, líder do PSDB na Casa.

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PT avisa que não vai permitir convocação de Valério para depoimento

Presidentes do Senado e da Câmara desqualificam novas afirmações de Marcos Valério. José Dirceu emite nota negando reunião com empresário

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Denúncias de Valério não devem ajudar a reduzir pena

As novas denúncias do publicitário Marcos Valério não devem ter qualquer influência para reduzir a pena de 40 anos de prisão a que ele foi condenado julgamento do mensalão.

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As denúncias

Veja quais são as principais acusações feitas por Marcos Valério:

• Lula teria autorizado, pessoal­­mente, Marcos Valério a obter empréstimos fraudulentos de R$ 10 milhões com os bancos Rural e BMG. Esse dinheiro abasteceu o mensalão.

• O ex-presidente teria recebido dinheiro do próprio Valério para pagar despesas pessoais, em 2003, já como presidente. Foram pelo menos R$ 100 mil.

• Lula teria negociado com Miguel Horta, então presidente da companhia telefônica Portugal Telecom, o repasse de R$ 7 milhões para o PT.

• O dinheiro, segundo Valério, entrou pelas contas de publicitários que prestaram serviços para campanhas petistas.

• Valério contou ter sido ameaçado de morte por Paulo Okamotto, amigo do ex-presidente que hoje comanda o Instituto Lula.

• O senador Humberto Costa (PT-PE) e outros parlamentares que não estão sendo julgados pelo STF também teriam recebido dinheiro do "valerioduto".

• Petistas teriam sido "blindados" de denúncias de corrupção durante a gestão do ex-prefeito petista de Santo André Celso Daniel, assassinado em 2002.

Condenado pelo STF a 40 anos de prisão, o publicitário Marcos Valério acusou o ex-presidente Lula de ter autorizado o mensalão e de ter tido despesas pessoais pagas pelo esquema, em 2003, no seu primeiro ano na Presidência. A acusação, feita pelo operador do mensalão no dia 24 de setembro em depoimento prestado ao Ministério Público Federal (MPF), foi revelada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo. E causou reação de Lula, da presidente Dilma Rousseff e da cúpula governista. Todos trataram de negar a ligação de Lula com o esquema, dizendo que Valério está mentindo e que se trata de uma tentativa de desmoralizar o ex-presidente.

"Isso é mentira", disse Lula ontem, ao ser questionado sobre a denúncia, em Paris (França), onde está para uma série de eventos. Rodeado de assessores e seguranças, o ex-presidente foi lacônico ao responder aos jornalistas se poderia responder mais perguntas sobre o caso: "Hoje, nem duas [perguntas]", disse o ex-presidente.

Dilma, que também está em Paris para uma visita oficial, afirmou que as acusações de Valério são uma tentativa "lamentável" de atingir a imagem de seu antecessor. "É sabida a minha admiração, o meu respeito e minha amizade pelo presidente Lula. Portanto, eu repudio todas as tentativas– e esta não será a primeira vez – de tentar destituí-lo da imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem."

Segundo a reportagem de O Estado de S. Paulo, Marcos Valério afirmou aos procuradores que o ex-presidente foi informado, em reunião no Palácio do Planalto, das operações financeiras para pagar propina a deputados da base governista. Valério ainda disse que Lula autorizou o pagamento, que viria a ficar conhecido como mensalão.

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No depoimento, o publicitário também disse que Lula deu o "ok" para que as empresas dele pegassem empréstimos com os bancos BMG e Rural que irrigaram o mensalão. Segundo concluiu o Supremo Tribunal Federal (STF), essas operações foram fraudulentas e o dinheiro, usado para comprar apoio político no Congresso.

Valério disse ainda ter passado dinheiro para Lula arcar com "gastos pessoais" no início de 2003, logo após o petista ter assumido a Presidência. Os recursos foram depositados, segundo o empresário, na conta da empresa de segurança Caso, de propriedade do ex-assessor da Presidência Freud Godoy, uma espécie de "faz- tudo" de Lula.

O operador do mensalão afirmou ter havido dois repasses, mas só especificou um deles, de aproximadamente R$ 100 mil. Ao investigar o mensalão, a CPI dos Correios detectou, em 2005, um pagamento feito pela SMPB, agência de publicidade de Valério, à empresa de Freud. O depósito foi feito, segundo dados do sigilo quebrado pela comissão, em 21 e janeiro de 2003, no valor de R$ 98.500. Segundo o depoimento de Valério, o dinheiro tinha Lula como destinatário. Não há detalhes sobre quais seriam os "gastos pessoais" do ex-presidente.

No relato feito ao MPF, Valério afirmou que no início de 2003 se reuniu com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o tesoureiro do PT à época, Delúbio Soares, no segundo andar do Palácio do Planalto. Ao longo dessa reunião, Dirceu teria afirmado que Delúbio, quando negociava com Valério, falava em seu nome e em nome de Lula. E acertaram, ainda segundo Valério, os empréstimos.

Nessa reunião, Dirceu teria autorizado o publicitário a pegar até R$ 10 milhões emprestados dos bancos. Depois, segundo Valério, os três foram ao gabinete de Lula, que autorizou os empréstimos.

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