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Brasília (Folhapress) – O publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão, admitiu ontem que contraiu empréstimos perfeitamente "legais" e "transparentes" para financiar dívidas do PT, de acordo com nota divulgada.

Segundo o publicitário, ele capitalizava o partido a pedido do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Valério, no entanto, negou novamente que fazia caixa dois para o mensalão, o susposto esquema de pagamento de mesadas a congressistas aliados do governo. O PT não se pronunciou sobre as novas declarações do publicitário.

Na nota, o publicitário afirma que todas as transações foram feitas dentro da legalidade. "Todos os pedidos de socorro financeiro feitos pelo senhor Delúbio Soares baseavam-se, de acordo com o próprio secretário do PT, na necessidade de saldar dívidas relacionadas a campanhas eleitorais", diz a nota.

A nota informa ainda que o publicitário ordenava os depósitos na rede bancária para pessoas indicadas por Delúbio.

Saques

Em entrevista ao Jornal Nacional, o publicitário afirmou que os pagamentos das dívidas do PT eram repassados para pessoas indicadas por Delúblio. "Eram para pessoas relacionadas (pelo Delúbio). Nunca houve malas. Tudo era feito nas agências bancárias. Os saques em dinheiro eram para as pessoas que iam na agência sacar", disse Valério. Ele disse ainda que tomou empréstimos bancários em nome de suas empresas para depois repassá-los para o PT. "Foi um pedido (do Delúbio). O Partido dos Trabalhadores está com muita dificuldade financeira".

"Essa pessoa (Delúbio) nunca, em momento algum, nos beneficiou em nada", disse Valério ao Jornal Nacional. O publicitário não citou os nomes dessas pessoas, alegando acordo de sigilo com a Procuradoria-Geral da República.

Na reportagem, Valério não explicou como acreditava ser ressarcido pelo PT. "Vamos tentar negociar os empréstimos junto à nova direção do Partido dos Trabalhadores", disse.

Ele encerra a entrevista ao Jornal Nacional quando é questionado se teria encontrado com Delúbio nesta semana.

Delcídio

O presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS), disse que Valério e Delúbio contaram a mesma versão ao procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza, sobre os empréstimos feitos pelo PT tendo o empresário como avalista.

"A única coisa que posso afirmar é que o depoimento do Marcos Valério foi nesse sentido, de operações de empréstimos que foram feitas sob a orientação do Delúbio Soares", afirmou o presidente da CPI Mista dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS).

Há integrantes da CPI desconfiados de que Delúbio e Valério teriam combinado seus depoimentos em uma reunião ocorrida ontem, em Belo Horizonte.

Na quinta-feira, o publicitário havia proposto ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, passar informações para colaborar com as investigações em troca de benefícios em uma eventual ação penal. O procurador, no entanto, recusou a proposta.

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