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Dilma reuniu líderes da base aliada para discutir manifestações. | Bruno Domingos/Reuters
Dilma reuniu líderes da base aliada para discutir manifestações.| Foto: Bruno Domingos/Reuters

Em jantar realizado na noite desta segunda-feira (17) no Palácio do Alvorada, parte dos vice-líderes da base aliada na Câmara cobrou da presidente Dilma uma maior autonomia para se negociar com os ministros temas de interesse dos deputados. A iniciativa do encontro, realizado um dia após as manifestações contra o governo em todo o país, faz parte da estratégia da petista de intensificar a aproximação com integrantes da base aliada e evitar a votação da chamada “pauta-bomba” no Congresso, capaz de acentuar ainda mais a crise política e econômica.

O jantar contou com a presença do vice-presidente, Michel Temer, dos 10 vice-líderes da Câmara e ministros. Uma semana antes, Dilma também promoveu na residência oficial encontro com integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Senado.

Na reunião desta noite, ela abriu espaço para os vice-líderes do governo colocarem as principais reivindicações dos deputados que integram a base aliada. “Cada um falou um pouco. A tônica foi de nós termos mais autonomia. Nós, os vice-líderes somos os carregadores de piano, somos quem leva para dentro dos partidos as pautas do governo e precisamos ter uma via de mão dupla, por isso pedimos mais autonomia e prestígio junto aos ministros”, afirmou o deputado Luiz Carlos Busato (PTB-RS). A queixa dele foi interpretada por parte dos presentes como um apelo para que o governo desse celeridade na liberação dos cargos de segundo e terceiros escalões, que têm sido negociado por Michel Temer. Apesar da demora para a concretização das indicações, a condução de Temer junto aos parlamentares foi elogiada no encontro tanto pelos deputados quanto pela presidente Dilma.

A petista também aproveitou a reunião para voltar a cobrar responsabilidade por parte da Câmara na discussão das propostas que podem causar impacto no Orçamento da União. “A presidenta está querendo realizar o maior diálogo da história do Brasil. Na sua fala, e todos nós, na mesma linha, pediu colaboração nessa cooperação inter poderes para pensar o País. Deixemos as querelas partidárias de lado e pensemos o País. Este é o desejo da presidenta”, disse o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), após o jantar. “Foi uma reunião de compromisso e comprometimento com o País. Saio muito animado porque vi e ouvi de muitos líderes que não iam ceder a pressões corporativistas, não iam ter medo de galeria lotada e, antes de votar, iam pensar no custo-País”, emendou o vice-líder do governo, Silvio Costa (PSC-PE).

Os apelos da presidente Dilma ocorreram horas depois de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), declarar que será votado nos próximos dias em plenário o projeto que muda a remuneração das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). “É o primeiro item da pauta e vai ser apreciado, para o bem ou para o mal”, avisou o peemedebista. O governo é contra a proposta, que dobra a remuneração atual das contas vinculadas ao Fundo e pode afetar programas sociais como o Minha Casa Minha Vida.

No encontro com os deputados, Dilma adotou estratégia encampada pelos ministros palacianos e deu um ar de naturalidade ao falar sobre as manifestações contra o governo realizadas ontem em todos os Estados do País.

Segundo relatos, ela repetiu o discurso de que foi eleita pelo voto popular e que os protestos fazem parte do “jogo democrático”. Um tom semelhante foi utilizado pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva nesta segunda feira. Em entrevista aos jornalistas, o ministro disse que o governo tem lidado com as manifestações “como fato natural dentro do regime democrático” e que reconhece a importância dos protestos de ontem.

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