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O ministro da Defesa, Waldir Pires, disse nesta quarta-feira que as torres de controle aéreo não autorizaram nenhuma mudança nos planos de vôo do Boeing da Gol e o jato Legacy 600, envolvidos na tragédia do vôo 1907 que matou 155 pessoas na sexta-feira, no Mato Grosso. Para o ministro, a análise das caixas-pretas tanto do Legacy como do Boeing são fundamentais para se chegar às causas do acidente. De acordo com ele, é preciso "compará-las e verificar, de acordo com os acontecimentos e com os registros do sistema de controle, o que teria determinado um acidente tão trágico".

O Legacy se chocou com o Boeing, que fazia a rota Manaus- Brasília -Rio, na altura da divisa entre os estados do Mato Grosso e do Pará, o que provocou a queda do avião da Gol. O jato pilotado pelos americanos vinha de São José dos Campos em direção a Manaus e as autoridades investigam se o avião teria descumprido seu plano vôo. Originalmente, o Legacy poderia voar a 37 mil pés - a mesma altitude em que estaria o Boeing - no trecho da viagem entre São José dos Campos e Brasília.

Ao passar da capital federal, o avião deveria estar voando a 36 mil pés. No entanto, em depoimento à PF do Mato Grosso, a tripulação informou que voava a 37 mil pés no momento do acidente. A Aeronáutica investiga, ainda, se o piloto do Legacy teria interrompido os contatos por rádio com a torre de controle e desligado o transponder da aeronave para continuar voando mais alto. Este equipamento é que permite a localização da aeronave, com detalhes no radar dos controladores de vôo, e faz parte do sistema anticolisão do jato, que teria falhado, provocando o acidente.

PF abre inquérito

A Polícia Federal instaurou nesta quarta um inquérito para apurar a suspeita de que pode ter sido cometido crime de homicídio culposo no acidente entre o Boeing da Gol e o jato Legacy 600. A PF vai investigar a suspeita de que os americanos Joseph Lepore e Jean Palladino, piloto e co-piloto do Legacy, possam ter adotado uma conduta arriscada na condução da aeronave. A PF apreendeu os passaportes do piloto e do co-piloto do Legacy, que estão proibidos de deixar o país. O inquérito vai apurar se ocorreram dois crimes no desastre: homicídio culposo, previsto no artigo 121 do Código Penal, e atentado contra segurança do transporte aéreo, artigo 261 do Código Penal.

As duas caixas pretas do Boeing 737-800, da GOL Linhas Aéreas, foram encaminhadas a um centro de aviação internacional no Canadá, onde serão analisadas por autoridades internacionais. As caixas-pretas têm dois gravadores distintos: um que grava tudo o que é dito e transferido no avião e em comunicação com a base aeroportuária e outro que grava todos os dados registrados nos sensores do avião e as ações do piloto. Mas a Aeronáutica ainda procura a pela peça da caixa de voz do Boeing da Gol que está desaparecida. A peça é a unidade de armazenamento de dados, fundamental para esclarecer o que causou a tragédia.

Em nota divulgada nesta quarta, o Comando da Aeronáutica afirmou que ainda não há nenhuma confirmação das causas e responsáveis pelo acidente. De acordo com a nota, é "prematuro atribuir as responsabilidades ou estabelecer-se qualquer juízo de valor" sobre o acidente, já que a investigação ainda está em andamento.

Companhia muda numeração do vôo

O vôo 1907 da Gol teve a numeração alterada pela companhia aérea para 1867. A mudança na numeração do vôo tem o objetivo de evitar a vinculação com a numeração referente ao acidente. A empresa afirmou que vai continuar fazendo a rota, e que ainda não identificou redução na procura de passagens para este trecho. A Gol afirmou, no entanto, que uma possível queda nas vendas é irrelevante neste momento, uma vez que o foco da companhia neste momento, além de cuidar do atendimento aos parentes das vítimas, é prestar atendimento durante o vôo aos passageiros que fazem a rota, para que ele se sintam confortáveis durante a viagem.

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