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O doleiro Alberto Youssef disse aos investigadores da Operação Lava Jato não poder confirmar se o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), era o destinatário de entrega de dinheiro em uma casa amarela em condomínio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. A menção a Cunha como beneficiário foi feita por um funcionário do doleiro, o policial Jayme de Oliveira Filho, o Careca. Youssef, porém, destacou ter ouvido do empresário Julio Camargo, consultor da Toyo, que Cunha teria pressionado a pagar propina a Fernando Soares, o Fernando Baiano, por meio de requerimento apresentado no Congresso. O GLOBO já revelou que dois aliados de Cunha, a ex-deputada Solange Almeid a (PMDB-RJ) e o deputado Sérgio Brito (PSD-BA), apresentaram requerimento de informações questionando contratos da Petrobras e citando nominalmente Camargo.

O depoimento sobre Eduardo Cunha está na parte dos vídeos da delação premiada que foi divulgada nesta terça-feira pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As declarações foram prestadas no dia 11 de fevereiro deste ano, quando o grupo de trabalho da Procuradoria-Geral da República voltou a Curitiba (PR) para ouvir o doleiro em relação a pessoas com foro privilegiado.

Youssef afirmou inicialmente que as informações que tinha sobre Eduardo Cunha foram as que ouviu de Camargo. O consultor da Toyo teria contado ao doleiro que fez a intermediação de contratações de sondas pela Petrobras junto a Samsung. Camargo, no entanto, não teria recebido parte dos recursos e teria atrasado o pagamento de propina a Fernando Baiano. Segundo o relator, Baiano teria pedido a Cunha que apresentasse um requerimento em uma comissão da Câmara pedindo informações sobre a “vida inteira” de Camargo. Youssef, então, foi chamado pelo consultor para ajudar nos pagamentos a Baiano e teria repassado US$ 2 milhões ao lobista. “São dois deputados do PMDB que fez (sic) esse pedido à Petrobras. Se pedir informações à Petrobras, A Petrobras vai poder esclarecer”, disse o doleiro.

O depoimento sobre Eduardo Cunha durou 45 minutos, com algumas interrupções. Em uma delas, por cinco minutos Youssef procura em uma planilha apreendida nas investigações informações sobre pagamento que teria realizado por ordem da empreiteira OAS no Rio de Janeiro. O doleiro encontra o registro de dois repasses e afirma que os recursos entregues pelo policial Jayme de Oliveira Filho, o Careca, teriam como origem essa empresa. Ressalta, porém, que não sabe dizer se Eduardo Cunha era o beneficiário e que alertou o policial para pesquisar direito de quem seria a casa amarela na qual entregou os recursos antes de citar o presidente da Câmara. “Essa pergunta ele (Jayme) me fez antes de subir para prestar depoimento. Eu falei que ele tinha que verificar quem era o morador daquela casa antes de falar alguma besteira”, afirmou o doleiro.

Em seu depoimento inicial, o policial afirmou ter ouvido de Youssef que Cunha era o destinatário dos recursos. Posteriormente, Careca retificou o endereço que descreveu inicialmente e disse que a casa não era do presidente da Câmara. O proprietário da casa amarela é o advogado Francisco José Reis, próximo ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Jorge Picciani (PMDB-RJ). Youssef diz não conhecer Cunha, Reis ou Picciani e não poder apresentar nenhum deles como beneficiário do repasse.

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