Estimados notívagos, que saudade! Uma viagem pela Gazeta, a última edição do Papo Universitário, o esforço concentrado para poder curtir o feriadão e a falta de inspiração pura e simples provocaram mais este oceano de silêncio… mas estou de volta, positivo e operante, para comentar a vinda de um profeta da música eletrônica para Curitiba.
Amanhã, quinta-feira, mais um ex-baixista lendário do pós-punk britânico aterrissa em Curitiba travestido de DJ: Peter Hook, que integrou a cozinha do Joy Division e do New Order, vai pilotar as pick-ups na Liqüe (Av. Vicente Machado, 866), a partir das 23 horas. “Mais um” porque o primeiro foi Andy Rourke, dos Smiths, que já se apresentou duas vezes no Vox Bar.
Peter Hook “esmerilhando” na cabine.
Mas, ao contrário de Rourke, que veio com um set “compatível” com a sua antiga banda – sem grandes riscos, portanto –, Peter Hook promete misturar disco, house, acid, electro e rock no cardápio a ser servido na Liqüe. Ou seja, desconfio que o ex-baixista do New Order será um pouco mais “ousado” que seu colega dos Smiths.
Se hoje a molecada prefere raves intermináveis a concertos de rock, e se os DJs e produtores vêm ocupando o espaço dos músicos no Olimpo da música pop, a “culpa” é de gente como Peter Hook. Músicos como ele, em bandas como o New Order, foram diretamente responsáveis pela popularização da música eletrônica no planeta. Os sintetizadores e as programações usadas como ferramentas nas bandas de elecro rock ajudaram o público a “digerir” a música para dançar feita com a ajuda das máquinas, abrindo caminho para os DJs celebridades de hoje. Suprema ironia, às vezes parece que Peter Hook subverte o próprio gênero que ajudou a criar, como nesta apresentação no palco MTV Free Your Mind, no Exit 2006:
Repare que Hook não usa fones e sequer encosta no toca-discos, como bem observou o site Rraurl. Parece que ele só brinca com os efeitos e botõezinhos… sou meio ignorante no modus operandi de um DJ, mas isso não seria uma farsa – tipos a Britney cantando em playback? Vamos torcer para que amanhã na Liqüe Peter Hook toque “de verdade”, e nos mostre todas as suas habilidades de DJ. Porque como baixista, seu lugar na história já está garantido…
Para você ter uma ideia do talento desse cara, veja que destruição é o solo de baixo dele nessa música – o maior (e único) sucesso de outra banda dele, o Monaco:
E o cara ainda foi fundador do New Order! Ajudou a compor hinos como “Blue Monday”, “Bizarre Love Triangle” e “Perfect Kiss”. E também do Joy Division! Conviveu intimamente com Ian Curtis, o genial (e atormentado) vocalista dessa banda, que se suicidou em maio de 1980. É a história viva do pós-punk ali, em carne e osso, na nossa frente. Ou seja, motivos não faltam para você ver de perto esse senhor de 53 anos. Os ingressos masculinos custam R$ 40, e os femininos, R$ 20. Mais detalhes pelo telefone (41) 3322-0900 ou neste site.
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