Cristiane Dutra Daciolo é uma evangélica fora de todos os padrões que os jornalistas estão costumados a traçar. Quebrou a internet ao ser o alvo de um “eu te amo” vindo do marido, pela primeira vez, em um debate presidencial.
Despachada, agitada, exuberante e impecável, com longas unhas vermelhas, batom vermelho nos lábios grossos, delineador, camisa de seda, decote discreto pero no mucho, salto alto, voz ativa. É um desaforo que ela tenha 47 anos, parece muito menos. É 5 anos mais velha que o marido, o candidato do Patriota, Cabo Daciolo.
Partilham a mesma fé simples e pura. Estão casados há 20 anos e ela o olha como se fosse namorado, se preocupa quando o sapato da sogra incomoda e, ao mesmo tempo, faz toda a assessoria de imprensa da campanha do marido que, segundo a internet, gastou uma cartolina, um uber e uma garrafa d’água, mas atrai tanta atenção quanto outras que gastaram milhões de fundo partidário.
O telefone dela não para. É um smartphone de última geração, por onde controla contatos e movimentações em redes sociais enquanto o marido-candidato realmente usa o tijolão sem aplicativos que nos mostrou numa entrevista anterior.
É uma família típica de periferia de cidade grande, um casal na faixa dos 40 anos com duas filhas crescidas e um montão de cunhados – ele tem 7 irmãos. Mas é algo MUITO distante do clichê que se tem do mundo evangélico, com mulheres submissas, despidas de todo tipo de vaidade e voz ativa, oprimidas, precisando de resgate das feministas que se manifestam insistentemente nas redes sociais.
Cristiane Dutra Daciolo é um nó na cabeça dos clichês do feminismo de sofá. Enquanto ativistas dizem frases feitas e, na vida real, suportam que militantes partidários de seus ideais políticos tratem mulheres com desprezo, descrédito e violência quando se recusam a obedecer, ela é a prova viva de que o respeito à família e à harmonia familiar passam por tratar as mulheres com amor e igualdade.
O candidato do Patriota roubou o discurso feminista da esquerda de surpresa, quando interpelado por Guilherme Boulos sobre igualdade de salários e declarações de Jair Bolsonaro. Optou, como sempre, pela simplicidade: “na minha casa e na minha família, as mulheres são prioridade”. Depois, fez um mea culpa que caberia a outros candidatos, não a ele nem a Guilherme Boulos: “e nós queremos elevar a moral das mulheres, porque elas têm uma dificuldade além dos homens. Porque as crianças, os filhos, que muitas delas não têm como levar para a creche, não têm como botar na creche, então ficam com as mães. Então elas ficam com os filhos e ainda vão trabalhar. E muitos de nós ainda não reconhecemos isso.”
O que roubou a cena mesmo foi a declaração de amor: “eu quero aproveitar aqui que eu estou com a presença da minha mãe, uma pessoa especial e da minha esposa, uma pessoa especial. Mãe, eu te amo. Varoa, eu te amo. E, mulheres brasileiras, eu amo todas vocês e vou tratar todas as mulheres do Brasil com respeito. Cabo Daciolo, 51. Glória a Deus“. Guilherme Boulos reagiu com bom humor diante da bandeira perdida: “Daciolo, a gente já estava com saudades de você aqui no debate.”
Seria Daciolo o novo feminista? Seria Cristiane Dutra Daciolo um desafio ao modelo crente ou a verdadeira crente puro fogo? E o que pensa a mãe dele? Assista a entrevista EXCLUSIVA com o trio ao blog A PROTAGONISTA:
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