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Todo poder emana do povo e em nome dele será exercido. Fora disso, nada é legítimo numa democracia republicana. A filhocracia imposta pelo presidente Jair Bolsonaro nem tem legitimidade nem dá certo em lugar nenhum. Família em que os pais não têm autoridade e se rendem à tirania dos pequenos acaba em divã ou na Supernanny. Um país em que o presidente da República não tem autoridade para conter seus pimpolhos fica como?

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Se a interferência dos filhos políticos de Bolsonaro tem sido tratada apenas como folclórica ou vexatória, mas é grave, é usurpação de poder do povo para favorecer a dinastia política. Nunca antes na história desse país os filhos foram tão mais importantes para o presidente da República do que o povo.

Carlos, o que publica um áudio em que o pai estava respondendo ao ministro Gustavo Bebbiano para argumentar que ele não falou com o ministro (!) é vereador no Rio de Janeiro. Jair Bolsonaro poderia, legitimamente, tê-lo indicado para um cargo no governo. Utilizaria o poder originário do povo que, em última análise, muito dificilmente seria exercido em nome do povo, mas pelo menos não ficaria nessa gambiarra da legitimidade. Qual outro vereador do Rio de Janeiro briga com ministro e recebe apoio do presidente da República?

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Eduardo, o filho bonito, no meu critério de embelezamento da política deveria ficar acima de qualquer suspeita sempre – ainda mais agora que arrumou uma noiva com quem forma um par de capa de revista. Mas o Brasil está esperando até agora o vídeo do painel sobre os venezuelanos em Roraima que ele foi fazer em Davos – única justificativa para que acompanhasse a comitiva presidencial à Suíça. Não está no programa oficial do evento, não tem uma foto nem um único vídeo. Se não foi para falar no painel, por que ele e não outro deputado recebeu o convite do Presidente da República para a viagem?

Flavio, o filho enrolado, consegue fugir da Justiça mais que Renan Calheiros só que, estranhamente, sem a mesma condenação pública sofrida pelo senador de quem ele recebeu um cafuné no mesmo dia em que pisou no tapete azul. Ao contrário de todos os demais integrantes da mesa, é novato e tem uma perspectiva de gastar mais tempo com a própria defesa do que com a administração do Senado. É o único integrante da mesa do Senado – função administrativa – que recentemente declarou não administrar o próprio gabinete e passar a tarefa a um motorista, num arranjo também inédito na história do país.

A filhocracia não é apenas beneficiar os filhos por estar numa posição de comando – o que já seria grave -, é transferir de forma ilegítima aos filhos o poder que foi dado pelo povo apenas ao pai.

A transmissão hereditária do poder é típica dos regimes monárquicos, sejam democráticos ou absolutistas. As repúblicas em que os filhos do mandatário ganham poder sem ser por meio de investidura formal em algum cargo do governo são, na atualidade, as ditaduras africanas. Nem os regimes absolutistas do Oriente Médio e Ásia dão lugar à interferência ilegítima de filhos no governo. Não é porque é ditadura que é bagunça. Felizmente, também não é porque é bagunça que é ditadura.

Eu já vivi em país presidencialista onde filho tem poder de mando no governo e tenho amigos que vivem em outro – Guiné Equatorial – e me explicam muita coisa, mas prefiro ir a fundo no que conheci: Angola. Há, obviamente, diferenças. São ditaduras e os filhos se mantém dentro da linha traçada pelo pai – não o oposto. O povo, pobre e oprimido, geralmente reclama à boca miúda dos filhos que são tratados como descendentes reais, mas não protesta nem acha grave.

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Em Angola, durante a longeva ditadura de José Eduardo dos Santos, encerrada espontaneamente no mês passado, a maioria dos filhos tinha papel central, mas a estrela era, sem a menor dúvida, Isabel dos Santos, que tornou-se a mulher mais rica de Portugal – isso mesmo: de Portugal. Foi eleita pela BBC uma das 100 mulheres mais influentes do mundo. A primogênita de ZeDu nasceu quando Angola ainda era colônia portuguesa e já eram bem crescida quando terminou a sangrenta guerra civil que consagrou o ditador como “o arquitecto da paz”. A ex-mulher dele, nascida no Azerbaijão que ainda era União Soviética, era campeã de xadrez.

ZeDu tem 10 filhos: uma do primeiro casamento, 4 do segundo – com uma aeromoça angolana – e mais 5 outros com 4 mulheres diferentes. Tentou preparar os homens para sucedê-lo, mas nenhum tinha a fibra que requer a condução com mão de ferro de um país africano em que todos estão armados e a imensa maioria vive com menos de US$ 2 por dia. Isabel, no entanto, é a versão feminina do pai e sinônimo de poder no país. No entanto, nem a vitória na luta armada pela independência e depois pelo poder somada à conquista da paz por um dos processos políticos mais delicados e hábeis da história contemporânea são lastro suficiente para dar poder político ilegítimo a um filho despreparado.

Isabel dos Santos, nascida no Azerbaijão, foi educada nos melhores colégios da Europa e se formou em Engenharia Eletrotécnica no King’s College de Londres. A educação formal de primeira linha para os filhos, preferencialmente na Europa ou América é tradição entre os poderosos políticos africanos. Foi o que deu a Isabel seu primeiro emprego, como engenheira de projeto na empresa que coincidentemente ganhou concessões públicas angolana. Ainda nos anos 90, Isabel resolveu se tornar empresária e abriu – obviamente contando com o fato de ser quem é – o Miami Beach Club, sucesso até hoje em Luanda.

Depois, lançou-se formalmente em áreas estratégicas do governo, juntando ao poder que já detinha por ser filha do ditador, o conhecimento técnico e a eficiência como investidora. Entre os diversos exemplos, talvez o mais importante seja a fundação da Unitel – da qual se tornou membro do Conselho de Administração – a empresa de telefonia de Angola, que foi capaz de cobrir um território devastado pela guerra. Ela também investe em hotelaria, setor supermercadista, banco e distribuição de petróleo. Isabel dos Santos atua principalmente nos conselhos de empresas angolanas que tenham capital aberto na Europa e promove parcerias de outros países com o seu.

O cargo governamental mais importante de Isabel dos Santos foi dado pelo pai em 2017, quando realizava sua transição final: Presidente do Conselho de Administração da Sonangol, empresa estatal de petróleo, principal ativo de Angola. Ela foi destituída pelo novo presidente angolano, João Lourenço. No entanto, ZeDu, que era o ditador mais longevo da África àquela altura, não saiu nomeando filhos no governo a torto e a direito. A filha só virou cúpula da Sonangol quando já havia comprado participação e fazia parte da administração em Portugal de 3 bancos, uma empresa de energia e uma empresa de telecomunicações.

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Não se pode negar que todos os filhos de José Eduardo dos Santos foram favorecidos profissionalmente e financeiramente durante seu governo em Angola. No entanto, nenhum deles tinha poder de mando transferido pelo pai, mesmo sendo uma ditadura.

Verdade seja dita, foi só depois que saiu do poder que ZeDu começou a ter problemas públicos com filho que gosta de aparecer. Tchizé dos Santos, que era formalmente empresária quando o pai era o ditador angolano, resolveu se candidatar nas eleições gerais de 2017 a uma cadeira de deputada pelo MPLA e ganhou. Iniciou o mandato em grande estilo, sentada ao lado do filho de Savimbi, líder da UNITA e inimigo histórico de seu pai, líder do MPLA que selou o fim da sangrenta guerra civil angolana.

A partir daí, foi ladeira abaixo. Os negócios de Tchizé não são tão prolíficos nem gigantescos quanto os da meia-irmã Isabel e a série de favorecimentos obtidos durante a presidência do pai e os mandatos anteriores como deputada começa a chegar à imprensa ao mesmo tempo em que ela quer sair de vidraça a pedra na nova presidência. Não está colando.

O comportamento de Tchizé, discreto politicamente e excêntrico socialmente quando o pai governava Angola, agora virou uma mistura de Flavio com Carlos Bolsonaro.

Ainda que o novo governo não seja um exemplo clássico de democracia, as denúncias contra o antecessor têm brotado aqui e acolá, diferentemente do que acontecia antes, quando a ordem era negar. Ela reagiu muito mal a um processo iniciado em Portugal que gerou consequências para a família toda: uma investigação criminal em Portugal sobre a origem do dinheiro que Tchizé estava investindo no país. A sentença portuguesa tem mais de 100 páginas e chama a aristocracia angolana de “modernos piratas internacionais do crime organizado”.

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A decisão final que teve Tchizé como base é semelhante ao que o Reino da Inglaterra fazia com os piratas séculos atrás: eles podiam manter o produto do crime e não haveria investigação sobre o passado se, dali em diante, se portassem dentro da lei. É mais ou menos isso que foi decidido pelo Tribunal de Relação de Lisboa no inquérito n.º 208/13.9. Tchizé, sua meia-irmã e a fina flor do poder angolano podem manter tudo o que conquistaram e compraram em Portugal mas, daqui em diante, Portugal pode investigar a origem do dinheiro, caso desconfie, ainda que não haja nenhum procedimento de investigação contra eles em Angola.

Ocorre que a notícia chegou ao território angolano bem quando Tchizé começava a desfrutar do poder político – note-se que o mais legitimamente concedido que pode haver no país, uma eleição para o Legislativo bem quando seu pai saiu do governo. Obviamente começaram a haver especulações sobre os negócios dela em Angola. Um dos escândalos mais animados foi o da compra de um terreno no bairro preferido dos brasileiros em Luanda – Talatona – por US$ 250 mil financiados com ajuda da influência paterna e vendido pela bagatela de US$ 18 milhões.

Assim como Flavio Bolsonaro alega que não sabia nem quem trabalhava no próprio gabinete, Tchizé afirma que não lembra o nome da empresa que comprou seu terreno por 72 vezes o valor que ela pagou. Também estrila e se vitimiza nas redes como Carlos Bolsonaro.

É interessante notar que o pai dela, ditador desde a década de 70 e respeitadíssimo por ter conseguido atingir a paz onde se considerava impossível, poderia muito bem arcar com o ônus político de uma filha descontrolada nas redes sociais como revólver na mão de macaco. Ali tinha capital político, capacidade administrativa e força bélica para conter todos os tiros. No entanto, nunca isso ocorreu durante a presidência de José Eduardo dos Santos e os poucos episódios excêntricos da vida pessoal foram contidos com mão de ferro pela família.

Tchizé depois da saída de ZeDu é praticamente um espelho do comportamento espalhafatoso dos príncipes brasileiros nas redes sociais: mistura lacradinhas populares com muita reclamação contra a imprensa e documentos que deveriam provar alguma coisa mas não provam nada. A única diferença é que ela sabe se expressar perfeitamente em português. Aliás, sabe também em inglês.

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O caso do terreno, na verdade, lembra muito a postagem de Carlos Bolsonaro sobre Gustavo Bebbiano ter conversado com seu pai após a explosão do laranjal no PSL na mídia. Ele garantiu que era tudo mentira, reclamou da publicação da mídia e publicou uma “prova”: um áudio em que só o pai dele fala. O pai retuitou em seguida – coisa que ZeDu, homem acostumado às vicissitudes de se manter no poder até debaixo de bala, jamais faria.

Primeiramente não tem prova de que o áudio em que Bolsonaro diz a Bebbiano que não poderia falar no momento porque iria fazer exames realmente foi enviado ao ministro. É um áudio qualquer, que tanto pode ter sido realmente enviado quanto só gravado e tuitado. Aliás, como a data do arquivo estava errada, nada garante que o arquivo foi gravado agora. E se foi gravado em outra internação? Para finalizar, se estavam trocando áudios, o ministro e o presidente estavam se comunicando, então a “prova” é do oposto daquilo que diz o nosso príncipe. O caso de Tchizé é quase o mesmo método, a única diferença é que ela não adiciona erros de português. Confira.

Esta é a reportagem sobre o terreno:

Tchizé se diz perseguida pela imprensa:

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E sim, é isso mesmo que você está lendo: toda a fortuna de Tchizé tem origem na venda do tal terreno no bairro de Talatona, em Luanda. Ela comprou por US$ 250 mil e vendeu por US$ 18 milhões. E qual a prova que ela postou no Facebook? O financiamento que levantou para pagar o terreno:

Você deve estar se perguntando onde estão os documentos comprovando a venda do terreno. Não tem. Oi? Isso mesmo, não tem. Assim como Carlos Bolsonaro não achou que precisava postar nenhuma prova real de que o áudio de seu pai foi enviado ao ministro e quando, Tchizé dos Santos também achou que bastava dizer que não lembra para quem vendeu, não deve satisfações sobre a vida financeira e que perguntem ao atual dono do terreno – coincidentemente a petroleira estatal Sonangol – de quem comprou.

Obviamente as duas situações são muito diferentes: enquanto o caso angolano é gravíssimo sob o ponto de vista financeiro, o brasileiro não envolve diretamente corrupção. Além disso, Tchizé causou nas redes para se defender de ataques e só o fez depois que o pai não era mais mandatário do país. Carlos Bolsonaro causou nas redes para atacar um ministro escolhido pelo próprio pai e que esteve no coração da campanha presidencial vitoriosa. Mas o método é o mesmo: desqualifica a imprensa, lacra e posta uma “prova” que não prova nada do que foi dito.

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O espírito da sociedade brasileira também é muito diferente do espírito da sociedade angolana. Existe, principalmente na esquerda e na classemédiaalta uma fantasia do africano doce que está esperando ser salvo pela gente, esse pessoal iluminado. Não tem nada disso. É gente que repete o dia todo “Angola é o melhor país do mundo” apesar de falar mal do país o dia todo, tem orgulho da própria cultura, gosta de fazer as coisas do jeito que está acostumada e, principal diferença, não devem nem saber o que é hipocrisia, esporte em que somos campeões mundiais.

Em Angola, dá-se o apelido de “príncipes” aos filhos de famílias poderosas ou abastadas que não estudaram e/ou não têm capacidade de trabalho sem auxílio da família. São uma espécie de café-com-leite da dinâmica social. Aqui, se a gente levanta isso, chovem mimimi, lágrimas e discurso barato de vitimização.

Tchizé não é este caso. Note que, até aqui, falei apenas dela e da meia-irmã Isabel. São as duas que têm lugar de destaque na sociedade angolana, apesar de os outros 8 filhos serem conhecidos e obviamente desfrutarem das benesses do sistema. Ocorre que, mesmo com décadas de poder ditatorial, o pai não cacifou publicamente os filhos que não têm apetite ou couro grosso para o jogo do poder. São “príncipes”, não tanto quanto a leniência brasileira permitiria, mas com a missão de manter a discrição que a manutenção do poder dos demais familiares exige. Quem não ajuda não atrapalha.

Lá, seria impossível uma pessoa que nunca trabalhou nem se provou ser conduzida pelo pai a qualquer cargo de poder. Não é ética, é necessidade de ter alguém com cabeça no lugar e pulso firme para garantir que o domínio não será perdido. Seria impensável qualquer exercício paralelo do poder, ou seja, um filho exercendo poder efetivo sem cargo formal. Um mandatário que desrespeita o poder abre a porteira para ter seu poder desrespeitado. Quem vem de vitória em guerra não dá esse mole.

Outra coisa é a performance nas redes sociais das pessoas que estão no poder. A atuação do presidente e dos filhos em suas contas pessoais é, para dizer o mínimo, infantil, vitimista e contra-producente – além de ter cada dia um novo erro de português. Pode-se pensar que Tchizé não sofra julgamentos tão cruéis por agir como eles, afinal a sociedade angolana tem muito menos papas na língua e choramingos que a nossa. É o oposto: não admitem que uma pessoa que tem poder nas mãos fique dando showzinho de choramingos em público porque se sentiu contrariada.

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As últimas postagens de Tchizé dos Santos deram a ela uma “homenagem” feita pelo cantor de hip-hop Laton Cordeiro, que comemora o feito dizendo que “agora é democracia” e ele pode fazer esse tipo de música falando dos poderosos. O nome da música é Welwitschia, o nome da filha do presidente apelidada de Tchizé, e fala dos dois lados de sua personalidade: a mulher lindíssima e poderosa na África e a desbocada das redes sociais. Sutil como tudo o que brota em solo Angolano, a música começa assim:

“Welwitschia, tua tez de beleza rara, mas quando abre a boca é que estraga. De princesa viraste a Che Guevara…” – diz o hip hop de Laton Cordeiro

Nem ser filho de um ditador africano justifica ter o poder sem designação formal, fazer pronunciamentos públicos que abalem o governo do pai, ficar imune ao ridículo quando dá justificativas sofríveis para os malfeitos da família ou quando reage de forma lacradora nas redes sociais. Fico pensando o que justifica esse comportamento para quem o tem, para quem o permite e para o povo que não se insurge ao ver o poder usurpado dessa forma. Aqui no Brasil, que é democrático, sufragamos Jair Messias Bolsonaro sabendo que ele levaria uma primeira-dama consigo. Os príncipes receberam a confiança do povo para outras funções, que não parecem estar levando tão a sério quanto devem.

O mais irônico da história é que a plataforma de campanha de Jair Bolsonaro deu muita importância à educação e às escolas militares. Como pode alguém que não controla os filhos ter conseguido voto assim?

Quando a gente vê na televisão os programas do tipo Supernanny, em que babás visitam famílias com problemas para ensinar o que fazer com filhos descontrolados, a primeira dica é sempre deixar claro quem manda. Filhocracia não funcionou nunca, em casa nenhuma. Nos colégios militares – onde o segredo também está num salário quase 10 vezes superior à média brasileira dos professores – a disciplina e o respeito à autoridade é o coração da organização escolar. Trata-se do mesmo princípio, aplicado de duas formas diferentes: filho não pode mandar em pai, aluno não pode mandar em professor. Simples assim.

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Quem tem família sabe o quanto é difícil viver mantendo autoridade sobre os filhos. Quem é militar sabe o equilíbrio, a sabedoria e a bondade necessários para não perder o comando da tropa. O presidente da República comanda um país de mais de 200 milhões de brasileiros e não consegue exercer autoridade sobre os próprios filhos que, por sua vez, exercem autoridade sobre ministros, parlamentares e, consequentemente, sobre o nosso presente e nosso futuro.

Não sei como consertar. Os generais já estão por todos os lados e não tem adiantado muito, só vivem de enxugar gelo depois que o capitão perde o controle sobre a sede de poder dos príncipes. Talvez fosse o caso de chamar a Supernanny. Com urgência.