As eleições de 2018 devem confirmar uma tendência que marca a política do Rio de Janeiro: o papel de coadjuvantes que PT e PSDB exercem no estado. Os partidos, que dominam as eleições presidenciais desde 1994, jamais elegeram um prefeito da capital fluminense e, no cenário estadual, ficam relegados a segundo plano em um cenário em que DEM, MDB e até o PSOL detêm mais relevância.
O PT tem chances de conquistar uma vaga no Senado, já que Lindbergh Farias tem tido bom desempenho nas pesquisas. Mas o nome petista para o governo, Márcia Tiburi, não tem superado os 5 pontos. Já o PSDB sequer apresentou candidatura para o governo e, na disputa para o Senado, veio com uma candidata, a ex-deputada Aspásia Camargo, que não tem empolgado o eleitorado local.
“A população do Rio de Janeiro tem um chip diferente”, brinca o deputado estadual Paulo Ramos (PDT), quando perguntado sobre o porquê de tucanos e petistas, gigantes nacionais, serem nanicos no Rio. O parlamentar diz que a população do estado gosta de surpreender a cada eleição e de não seguir tendências. “Houve um desgaste muito grande dessas legendas para a população”, acrescenta o também deputado estadual Dica (PR).
Presidente do PSDB local, o deputado federal Otavio Leite acredita que seu partido “sempre foi muito asfixiado pelo PT e pelo PMDB” no estado. O tucano aponta uma espécie de “bola de neve negativa” para explicar o desempenho pior do seu partido: como o PSDB ocupou o governo do estado apenas entre 1994 e 1998, não teve condições recentes de atrair lideranças que gostam de caminhar ao lado de governantes de ocasião.
Na disputa de 2018, o PSDB integra a chapa do atual líder nas pesquisas, Eduardo Paes (DEM) – uma antiga estrela tucana que deixou o partido para ingressar com destaque no PMDB e vencer a disputa pela prefeitura local por duas eleições consecutivas. “Nossa relação atual é republicana. Apoiamos o Eduardo por entender que a aliança que se formou em torno do Geraldo Alckmin em nível nacional precisava ser espelhada no Rio”, explica Otavio Leite sobre a parceria com o antigo aliado, que virou desafeto, que voltou a ser aliado.
PT, PSOL e brizolismo
No campo da esquerda, a explicação para o desempenho frágil do PT tem raízes históricas. “O Rio foi marcado pelo brizolismo. E o campo popular, dos herdeiros do brizolismo, se dividiu muito, com diversas lideranças”, aponta o presidente do partido no estado, Washington Quaquá, mencionando a fragmentação das correntes progressistas.
Essa repartição se identifica, por exemplo, na corrida pelo Senado. Tanto Lindbergh quanto Chico Alencar (PSOL) estão apresentando bom desempenho e brigando cabeça-a-cabeça com César Maia (DEM) e Flávio Bolsonaro (PSL), identificados com a centro-direita. “Chico e Lindbergh realmente dividem os votos da esquerda. Mas o PT é mais forte no interior que o PSOL, e nas cidades da Baixada o Lindbergh abre vantagem”, afirma Quaquá.
Apesar do otimismo do presidente petista, a performance do PSOL tem superado o PT nos últimos anos. O partido de Chico Alencar foi ao segundo turno nas duas últimas eleições para a prefeitura da capital, com Marcelo Freixo, e emplacou dois nomes entre os dez deputados federais mais votados em 2014. E, na disputa atual, vê o desempenho do psolista Tarcísio Motta superar, com folga, o de Márcia Tiburi.
“O PSOL é uma esquerda falso-moralista. Por isso o crescimento deles. Eles, sobretudo, têm votos na classe-média lacerdista”, ironiza Quaquá, evocando mais uma raiz histórica.
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